Quase impossível
O som das palavras caindo uma após outra
Na superfície do lago subterrâneo
Gotas opacas
Calcário de palácios pré-humanos
Pré-história das amibas
Sei o caminho
Ao menos isso sei
Atravessar a maldição dos ecos
A luz fantasmagórica
As sombras nas paredes
Ao menos isso sei
Descer à pré-história das estrelas
Reflexos perdidos entre grutas
Milenar chão sedimentado
Pó de calcário
Pegadas de astronautas do passado
Ao menos isso sei
Conter o ímpeto de rasgar o espaço
Descer ainda
Procurar o centro da manhã
No reino onde o sol nunca nasceu
Palácios do tempo das fadas e dos reis
Gotas de calcário nas vidraças
O lençol de água sob a terra
Ao menos isso sei
Mergulhar
Nadar até ao fundo
Até à sombra dos reflexos
Centro da névoa naufragada
Voltar à tona d’água
Isso sei – daí para a frente não sei nada
20/4/2013
Fernando Henrique de Passos
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