Mostrar mensagens com a etiqueta fogo. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta fogo. Mostrar todas as mensagens

segunda-feira, 16 de maio de 2016

Alta voltagem



Os olhos do céu abriram-se muito
Os olhos do céu abriram-se tanto
Que fulgiu de novo o fogo já extinto
Deixando espelhar o brilho do espanto

8/5/2016

Fernando Henrique de Passos

terça-feira, 7 de abril de 2015

Terra dos homens


Mistura de gelo e fogo e lixo e diamantes
Suspensa no espaço entre as estrelas.

Fervilhar de lama alucinada.

Ânsia dos sonhos das formigas
Nascidas dos céus e dos nocturnos
Ribombares das nuvens de algodão
Manipuladas por enfermeiras cósmicas
Espreitando pelas grades das janelas
Do lado de fora no jardim
Para lá das luzes das incubadoras
E dos relâmpagos dos carris eléctricos
Deslizando no agulhar da noite
Da cidade à espera da chegada
Das notícias azuis de amanheceres
Lancinantes como um meio-dia
Com excesso de sol no arvoredo
Que abriga a circularidade da rotina
Dos anões da vasta floresta
Onde branca é a neve e o alcatrão
Mais puro que o asfalto das montanhas
Onde os profetas clamam e proclamam
A vinda final do mensageiro
Que dirá da chave ignorada
A hora e o local do seu encontro.

(E possa o engenho dos jograis
Decifrar o código dos deuses.)

21/3/2015

                Fernando Henrique de Passos

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Fogos de Guerra

Uma imagem do martírio dos inocentes na Síria


No círculo da dolorosa sensação
Nasce em mim outro círculo. E ouço o sino repicar
anunciando uma nova dor à humanidade.
Tudo me parece envolver-se em margens de rios
com ossos a erguerem-se em montanhas de titânio.
Num tempo de cinzas queimando como fogo,
há ossos amontoados em camas de hospitais.
Aí, os meus suspiros gemem tenebrosos.
Como aguilhões, os ossos fragmentam-se e a dor
invade-me como ondas de metal.
Os nervos danificados na parede da casa
alongam e encolhem, dando-me
a provar um sabor de grito amargo.

Vejo dias ávidos de sol. À noite, as sombras
do martírio de inocentes caem sonâmbulas.
Condenados sem saber,
sentem queimaduras nas mãos débeis.
Condenados sem juiz,
sofrem  a afronta cravada na sua mansidão.
Condenados desde o princípio da terra e do céu,
um silêncio de choro revela-me a revolta
a sucumbir em olhos secos de lágrimas.

Aqui, vejo o pânico em bermas de restolho.
Mas, mesmo ao lado, indiferentes,
dançam jovens com máscaras afiveladas,
dançam ao som do rock e da fantasia,
dançam em busca da fama
e dão  gargalhadas pela glória de estar vivos.

Mais além, os aromas acres de guerra,
perturbam os intervalos da escassa paz.
E tenho sede das marés da esperança
ao ler a guerra em todos os lugares.
Só correm lágrimas a aconchegar as chagas.
Encontro as feridas da saudade, além e aqui,
indestrutíveis.
Nas cidades eternizadas pelo sofrimento,
descubro que, afinal, as gentes perderam
a batalha maior: a batalha da lucidez.

27 de Agosto de 2012

Teresa Ferrer Passos