quarta-feira, 12 de junho de 2024

NO V CENTENÁRIO DO NASCIMENTO DE LUÍS VAZ DE CAMÕES (1524 ou 1525?)


Camões na prisão em Goa, pintura
de autor desconhecido, de 1556
(in revista «Panorama», nº 43-44, 1972, Hemeroteca Municipal de Lisboa).


«Olhai que ledos vão por várias vias,

Quais rompantes leões e bravos touros

Dando os corpos a fomes e vigias,

A ferro, a fogo, a setas e pelouros,

A quentes regiões, a plagas frias,

A golpes de Idólatras e de Mouros,

A perigos incógnitos do mundo,

A naufrágios, a peixes, ao profundo»

                                  Camões, Os Lusíadas, Canto X


 

"Ontem como hoje, a Pátria não pode ser um conceito vão, com uma significância simbólica, mas um conceito vivo, a que a comunidade vê, todos os dias, a expressão pela sua vontade forte, lúcida e prospectiva. Mas, também, sempre que os interesses sectaristas, de grupo ou de facção, se sobreponham aos do todo e da parte como elemento do todo, a nação será fraca e incapaz de defender a sua independência. A cooperação era a garantia do êxito, como o havia demonstrado D. Afonso III ou D. João I. Porque a realidade que o cercava já não correspondia senão à baixeza moral («glória de mandar», cobiça, fama) e à degradação cultural, Camões concluirá Os Lusíadas só movido, como escreve J. Borges de Macedo (in «Os Lusíadas e a História», 1979), pelo amor da Pátria, cuja história foi "marcada pelo sucesso, que conserva a nação, e venceu todas as tentativas de destruição por forças mais poderosas, mouras, castelhanas ou dissidentes". 

in Teresa Bernardino, «Diário de Notícias», 1/4/1980 e «Ensaios Literários e Críticos», Universitária Editora, 2001, p.109.


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