terça-feira, 31 de dezembro de 2024
quinta-feira, 12 de dezembro de 2024
DOSSIER NATAL / 2024
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Cabana do presépio de Jesus |
"Há de erguer-se povo contra povo e reino contra reino;haverá terramotos em vários lugares, haverá fome. Istoapenas será o princípio das dores"
Mc 13, 8
Bendito sejais.
Tudo à nossa volta nos fala tão alto
Do Vosso aguardado regresso
Que quase sentimos já a Vossa presença.
Do clamor das guerras, das doenças, das catástrofes
Nasce o anúncio do Vosso novo nascimento.
Que abençoada gruta Vos acolherá desta vez?
Que ditosos pastores Vos louvarão?
A Natureza, quase enlouquecida pelos nossos desvarios,
Anseia as Vossas doces palavras de conforto.
Os seres humanos parecem ter-Vos já esquecido
Ou ter-Vos reduzido ao ínfimo estatuto
De lenda bonita mas oca de sentido,
E já só têm por lei os caprichosos ditames dos seus egos.
Vem.
Não nos faças mais esperar.
Todos precisamos de Te ver, de Te ouvir, de Te tocar.
Que regresse o vendaval de Amor que tudo sara.
Que regresse a tempestade de Fogo que tudo limpa.
Que se cumpra enfim a promessa da Tua Paixão de há 2000 anos,
Mas desta vez sem cruz, nem espinhos, nem chicotes,
E só com o jorrar do mel dessa nascente
Que outrora abriste com a Tua dor.
Bem-vindo sejais.
19-12-2024
Fernando Henrique de Passos
A LUZ ROMPEU A NOITE
cresciam filamentos a desprezar a vida,
a ignorá-la como se ela nada significasse.
Esquecia as mães a rejeitar a morte dos filhos perdidos
para sempre na batalha que não esperaram nunca.
Uma secura imensa atravessava a boca das mães,
ávidas de beijos nessa espera cheia de futuro.
Os filhos partiam em barcos atulhados de bagagens.
Viam-nos partir. E ficavam com os seus corações partidos,
incrédulos. Quanto desaforo, quanta impiedade. Sobre
o regresso, a incerteza. Quantos imprevistos,
quantas feridas por sarar. Ou a própria morte a ser resposta.
Ansiosas, as mães esperavam. O regresso. Esperavam
numa submissão de revolta atordoada.
Esperavam impotentes.
Esperavam no desespero de nada poder mudar. No silêncio. (...)
Excerto de um poema de Teresa Ferrer Passos - escrito a propósito da comemoração do 50º aniversário da revolução de 25 de Abril de 1974 - para a revista de cultura libertária A Ideia, II série, vol XXVII, número triplo (104/105/106), Outono 2024.
Por vezes, falta-nos a sabedoria. E para isso, urge ter coragem de enfrentar o espelho da alma, a fim de reconhecer os erros e fracassos e utilizá-los em próprio benefício, ou seja, munir-se de inteligência.
É necessário que sejamos livres de culpas, sobretudo do passado, aquelas em que nada podemos fazer. Também é preciso não nos preocuparmos em demasia com o amanhã, pois há poucas certezas.
Digo sempre que é preciso sonhar, mas sonhar em grande, pois se os sonhos são pequenos, a nossa visão será pequena, incapaz de suportar as tormentas da vida. Só os grandes sonhos regam a existência com sentido. A vida dá muitas voltas. Não podemos pensar que enganamos a vida ou fugimos das voltas que o mundo dá. Tudo muda numa questão de segundos, seja uma vida, uma história ou um pensamento. Basta uma palavra, um sinal ou uma acção para modificar por completo o que até então era considerado certo. (...)»
O GRANDE MAGO INFINITO
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Presépio miniatura da exposição de Luís Figueiredo no Núcleo Museológico de Santa Comba Dão (divulgado por Elsa Amaral no Facebook) |
viram os magos do Oriente,
na noite escura procuram; na noite, não no dia,
de dia nada desvendavam. nada entreviam.
ora, naquela noite escura demais, uma estrela pequenina
levou-os a uma casa pobre em Belém, no deserto.
a verdade, que magia, que saber imenso, iam conhecer
o Natal do Menino tinha no seu corpinho franzino
de um mago como eles, mas um Mago Maior,
um Mago todo ele Infinito.
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PRESÉPIO no Presbitério da Basílica da Santíssima Trindade em Fátima. Autoria da escultura Clara Menéres. |
A TODOS UM BOM NATAL,
UMA SERENA NOITE DE NATAL!
quarta-feira, 11 de dezembro de 2024
Passagem de «Planeta Joyce 8»
«como Comando do Centro Superior de Vigilância do Império Global, lembrem-se, não posso ceder a estratagemas, a ardilosas maquinações ou a falsos argumentos que parecem ter em vista, antes de qualquer outra coisa, destruir os países que integram o Império da Globalidade e, assim, impor a ordem dos nacionalismos radicais dos estados da revolta unitária! (...) Já quase não tenho dúvidas sobre a vossa incúria e baixo nível tecnológico-científico ... e também vejo que a vossa incompetência só traz prejuízos aos interesses do Império do Sol Poente, a maior potência, alguma vez a dominar, o planeta Terra»
Teresa Ferrer Passos, Planeta Joyce 8 (Romance fantástico), Harmonia do Mundo, 2007, p. 79.
sábado, 7 de dezembro de 2024
A CATEDRAL incendiada em 2019, vive de novo em 2024
"Os grandes edifícios, como as grandes montanhas, são a obra dos séculos (...) Com certeza há aí matéria para bem grossos volumes e muitas vezes história universal da humanidade, nestas soldaduras sucessivas de várias artes, em várias alturas, sobre o mesmo monumento. O homem, o artista, o indivíduo desaparecem sobre essas grandes massas sem nome de autor; a inteligência humana resume-se e totaliza-se aí. O tempo é o arquitecto, o povo é o operário".
Victor Hugo, Nossa Senhora de Paris (1ª edição francesa, 1831), 1º volume, Livraria Chardron, Lelo & Irmão, Porto, s/d, p.137.
domingo, 1 de dezembro de 2024
Um poema inédito
REFLEXOS NO INTERIOR DE UMA CLEPSIDRA
sábado, 30 de novembro de 2024
No dia da morte de Fernando Pessoa
sexta-feira, 29 de novembro de 2024
IMPROVÁVEL
sábado, 23 de novembro de 2024
O PESO DO MUNDO OU A VERGONHA
ao abismo de uma lei injusta em que caíram
os prisioneiros de um país chamado Salvador
.23/11/2024
Teresa Ferrer Passos
quinta-feira, 21 de novembro de 2024
quarta-feira, 13 de novembro de 2024
terça-feira, 12 de novembro de 2024
Comentário de Teresa Ferrer Passos em 12/11/2024 ao post da editora Leya no Linkedin e na sua página do Facebook em 13/11/2024:
"Premio Leya de Romance/2024. Autor Nuno Miguel Silva Duarte. Primeiro romance do autor. Título: "Pés de Barro". Este título lembrou-me de imediato outro título, "O Império com Pés de Barro", com precisamente a mesma temática: O império colonial português. "O Império com Pés de Barro" foi publicado por José Freire Antunes, jornalista e historiador, no ano de 1980, pela editora D. Quixote".
quinta-feira, 7 de novembro de 2024
AS ÁRVORES
terça-feira, 5 de novembro de 2024
O INCÊNDIO DO HORIZONTE
E sempre permanecerás como a única.
Ergues-te agora na luz violeta do último pôr-do-sol
E o teu olhar aponta o firmamento,
Muito acima dos escombros do mundo
E do incêndio do horizonte.
Só tu dás sentido ao absurdo.
Só tu és a guardiã das razões ocultas de Deus.
Só tu és a chave do Grande Enigma.
E quando as últimas luzes exteriores
Por fim se apagarem
A memória do nosso primeiro beijo
Iluminar-nos-á por dentro
E conduzir-nos-á à Eterna Madrugada
Que desde sempre nos aguarda.
5/11/2024
sábado, 2 de novembro de 2024
DIA DE FINADOS
Neste Dia dedicado à memória de todos aqueles que já atravessaram o rio do Hades ou a fronteira do esquecimento, rogo a Deus que os receba com a Sua misericórdia infinita. Que a memória dos que partiram deste mundo para o Reino de Deus nunca se perca. E na terra dos homens tudo será bendito. A Graça infinita encherá a terra e Deus terá aqui a voz das Suas criaturas.
2/11/2024
Teresa Ferrer Passos
terça-feira, 29 de outubro de 2024
ÚNICA
Como um diamante encontrado na Lua.
Como uma Rainha em trono republicano.
Como um quadro juntando o óleo e a aguarela.
Como uma poesia surrealista escrita por Camões.
Como uma flor solitária no altíssimo pico do Evereste,
desafiando o gelo e a rarefação do ar.
E isso faz de mim o homem mais feliz do universo
Porque aceitaste um dia desposar-me.
O CERCO
Ela tinha ruas feitas de pântanos que percorri
como um navio sem rumo, sem vela condutora.
Os horizontes
cheios de negra fuligem esvaiam-me
e as palavras tombavam inquietas
onde os gestos hostis deflagravam.
Os fossos de silêncio eram chaminés
exaustas de escombros
que o céu não tocava temendo acordar-me.
procurava sufocar-me mais.
Vi o sol escurecer.
Nesse instante a tua palavra
ecoou como um sol que não quebra
mas inebria, que não rejeita, mas acolhe.
que te envolviam também, caíram por terra.
E tu também acordaste.
A vida começava. Na incerteza e na certeza.
A vida imprevisível e fantástica.
Agora, já não era eu ou tu. Agora, éramos nós.
sábado, 26 de outubro de 2024
quinta-feira, 24 de outubro de 2024
Marco Paulo (1945-2024)
sábado, 5 de outubro de 2024
terça-feira, 24 de setembro de 2024
interminável ritual?
vejo ao longe gigantes em chamas
ou páginas de livros por escrever?
não! são apenas árvores doridas de cansaço e vertigem.
mulheres com baldes de água tirada de um poço correm,
e ouço a sua voz quase inaudível a dizer
que estão isoladas do mundo, lá, num além sem vivos.
ninguém, ninguém! pronunciam a custo
entre as nuvens de fagulhas da cinza,
entre borregos e ovelhas a tresmalharem-se, sem guia,
que fogem das fogueiras rasteiras à terra
e rentes ao céu, oh que altura!
vejo o avanço das chamas com a rapidez
misteriosa de um vento agreste
que parece procurar ainda folhas frescas
e carne fresca que não come, mas devora
com sofreguidão.
Vejo ao longe um desespero pálido
a invadir as almas aprisionadas
no ar sufocante daquela visão infernal a entoar
gritos de medo e sem uma lágrima.
as lágrimas secaram depressa demais! o calor intenso sufoca!
vejo os corpos prostrados de luta e mágoa;
já perderam a força capaz de vencer a morte
e enrolam-se com as mãos a parecerem
folhas abafadas pelo fogo e pelo fumo.
vejo as casas das aldeias perdendo os telhados
e as fotografias guardadas para sempre,
tornam-se um papel negro em que não está ninguém.
Vejo que os troncos revestidos de negro,
continuam firmes na sua grandiosidade.
esperam ainda a frescura outonal?
e uma brisa suave ainda chegará a tempo
de os ressuscitar e devolver à vida?
24/9/2024
Teresa Ferrer Passos