terça-feira, 31 de dezembro de 2024

Natércia Paz Ferrer (25 de Dezembro de 1909-11 de Julho de 1990) se chamou.
Neste Dia de Natal, na saudade e na lembrança do aniversário natalício de minha dedicada mãe, lhe presto hoje esta homenagem tão simples como o seu carinhoso coração.Natércia Paz Ferrer (25 de Dezembro de 1909-11 de Julho de 1990) se chamou.
Neste Dia de Natal, na saudade e na lembrança do aniversário natalício de minha dedicada mãe, lhe presto hoje esta homenagem tão simples como o seu carinhoso coração.
25/12/2024
Teresa Ferrer Passos

Foto: Na casa dos avós paternos em Alcantarilha, junto de minha mãe, no dia em que eu celebrava os meus quatro anos (1952).


***

E caminhemos para o Ano Novo, aqui tão perto de nós! Novos tempos, esperanças vivas, caminhos velhos com vias de novidade, avancemos com uma fé imensa dentro de nós, avancemos com o olhar luminoso, avancemos e um vasto sol nos iluminará.
Bom ano de 2025 para todos! 
O caminho é estreito, mas percorrê-lo sem ver como termina e onde termina, é a suprema dignidade da vida humana.
31/12/2024
T.F.P.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

DOSSIER NATAL / 2024



Cabana do presépio de Jesus



O presépio de Jesus, feito com todas as palavras das crianças, as mais puras entre os humanos. Numa sala da ALDEPA, uma Associação a dar os primeiros passos na construção de caminhos em que a cultura musical se cruza com a sabedoria da Palavra que Deus escreveria na Terra, com a chegada promissora do Salvador. A imagem da Justiça e do Amor em diálogo eterno.
T.F.P.
12/12/2024

                 

O SEGUNDO NATAL DE JESUS CRISTO

"Há de erguer-se povo contra povo e reino contra reino;
 haverá terramotos em vários lugares, haverá fome. Isto
apenas será o princípio das dores"
                                                                    Mc 13, 8



Bendito sejais.
Tudo à nossa volta nos fala tão alto
Do Vosso aguardado regresso
Que quase sentimos já a Vossa presença.
Do clamor das guerras, das doenças, das catástrofes
Nasce o anúncio do Vosso novo nascimento.
 
Que abençoada gruta Vos acolherá desta vez?
Que ditosos pastores Vos louvarão?
 
A Natureza, quase enlouquecida pelos nossos desvarios,
Anseia as Vossas doces palavras de conforto.
Os seres humanos parecem ter-Vos já esquecido
Ou ter-Vos reduzido ao ínfimo estatuto
De lenda bonita mas oca de sentido,
E já só têm por lei os caprichosos ditames dos seus egos.
 
Vem.
Não nos faças mais esperar.
Todos precisamos de Te ver, de Te ouvir, de Te tocar.
Que regresse o vendaval de Amor que tudo sara.
Que regresse a tempestade de Fogo que tudo limpa.
 
Que se cumpra enfim a promessa da Tua Paixão de há 2000 anos,
Mas desta vez sem cruz, nem espinhos, nem chicotes,
E só com o jorrar do mel dessa nascente
Que outrora abriste com a Tua dor.
 
Bem-vindo sejais.

19-12-2024

Fernando Henrique de Passos




CORPUS CHRISTI


Num jardim, vejo as flores
a saltar da terra virgem. E um perfume forte
inebria um Corpo. O do Deus vivo.
Um Corpo que renasceu, depois de morrer.

Viveu na sabedoria, envolto em voz.
Junto dos corpos pôs fim ao sofrimento.
Junto das almas iluminou os pensamentos. 
Não acenou, soberbo, às multidões.
Não recebeu aplausos nem distinções.

Encheu de sentidos novos cada pessoa.
Cansado, sentiu a fadiga a curvá-lo.
Orando a cada instante, não adormeceu
ante os males de tanta gente.

O Corpus Christi oferecia a clemência
aos que se arrependiam, dava a alegria aos amargurados,
curava as dores dos mais flagelados.

O Corpo de Cristo respirava a contingência
e espargia o Amor do Pai. Sentia a beleza da
Virgem Maria, a Sua Mãe.

E transparecia toda a Palavra do Espírito,
a Sua essência.

Cristo, o Corpo de Deus aí está, a guardar-se ainda,
escondendo-se no Seu Coração sagrado e infinito.

Teresa Ferrer Passos in Memória de Paz, Hora de Ler, 2022, págs 36-37    
        



DIZER NATAL

Ainda a pergunta: dizer Natal é dizer ausência ou ausência que nos une?
Hoje, mais do que ontem, é-me absolutamente vital a infância do teu riso.

Facebook, 16/12/2024
Henrique Manuel Pereira




A LUZ ROMPEU A NOITE


Numa aridez da pedra, sombria,
cresciam filamentos a desprezar a vida,
a ignorá-la como se ela nada significasse.
Esquecia as mães a rejeitar a morte dos filhos perdidos
para sempre na batalha que não esperaram nunca.
Uma secura imensa atravessava a boca das mães,
ávidas de beijos nessa espera cheia de futuro.
Os filhos partiam em barcos atulhados de bagagens.
Viam-nos partir. E ficavam com os seus corações partidos,
incrédulos. Quanto desaforo, quanta impiedade. Sobre
o regresso, a incerteza. Quantos imprevistos,
quantas feridas por sarar. Ou a própria morte a ser resposta.
Ansiosas, as mães esperavam. O regresso. Esperavam
numa submissão de revolta atordoada.
Esperavam impotentes.
Esperavam no desespero de nada poder mudar. No silêncio. (...)

Excerto de um poema  de Teresa Ferrer Passos - escrito a propósito da comemoração do 50º aniversário da revolução de 25 de Abril de 1974 - para a revista de cultura libertária A Ideia, II série, vol XXVII, número triplo (104/105/106), Outono 2024.



       

"SOU UM PASTOR DE ESTRELAS"

                                                    
À Teresa Ferrer e ao Fernando Henrique de Passos


Sou um pastor de estrelas. Como um nastro baboso na vereda, a mão (na lentidão dos caracóis) busca, do outro lado, os prados ressequidos. Palmilho os lombos e visto-me desse lume que apenas aos poetas é permitido envergar. Sou um pastor de estrelas pelos campos enxutos, o clarim de um pássaro assustado, a leveza pesada dos espaços. Agora, e sempre, o bebedouro dos versos gorgolejando nos ouvidos. Sou um pastor de estrelas, das searas e dos ventos (sem outra rosa que não seja a ressequida), dos ímpetos cogitados com o vagar das lesmas. Vou pelas hortas matinais espiolhar o tamanho dos frutos, a floração dos ramos. Sou um pastor de estrelas, desses desânimos tardios que me escancaram as portas da poética intimidade, a íntima idade na migração dos segundos, dos minutos, das horas, dos dias e dos anos. Tudo isso…aos pés do poema, no lava-pés da escrita. Sou um pastor de estrelas, quando a tarde se apazigua e o céu é todo um arraial colorido, uma sereia encantatória e o sol? A hóstia derradeira…antes que a noite se faça anunciar. Há, dentro de mim, uma ladainha, um susto suspenso nas ramadas, um sete - estrelo, o incenso suspenso, os ideais rastejantes, o campo de todas as batalhas…Cada poema é um susto, a custo, o busto que nos descreva; com o alvor da esteva, a negridão das gralhas.      

Facebook, 9/12/2024
Manuel Neto dos Santos






E O SALVADOR AQUI, MESMO ASSIM


Dentro do nosso coração, Jesus
é um grito quase infantil a balbuciar
mil silenciosas noites.
Sinto-o como se fosse fantásticos veios de água
a perfurar as horas dos muros 
entreabertos por agulhas de pinheiros
esfarrapados. Pressinto-o nas ondas da agreste visão.
Cadáveres desconhecidos abandonados
nas guerras infindáveis povoam mistérios humanos
que ninguém ainda conhece.
Perdidos nos pântanos que os oceanos
deixaram nas arribas,  
há apenas pequenos peixes que 
nenhum sol ilumina, mas acreditam que existe.
Com uma carapaça estranha no olhar, vou desvendando 
a alma dos sobreviventes aos sofismas
dos humanos escaravelhos a rondar desavindos
as casas escondidas em torres mais altas
que florestas tropicais. Poucos humanos visíveis.
Agora tudo se vai desmoronando. Sem um ruído
tenebroso, o tempo apaga-se dos mapas-mundi.
Que sons restam mais do que escassas palavras absurdas?
Vozes perdidas na solidão foram silenciadas.
Agora não vejo aves a esvoaçar o mais breve sentido do existir.
Anónimos e sem identidade são ainda muitos
os que se exibem em festivais de ídolos.
Felizes são? Como o podem saber?
Uma certeza resta-lhes. Têm uma vida inteira
para conquistar o fabuloso poder de ser eterno.
Veem-no já a parecer desmedido.
Imenso. Único. Não imaginam que
mora vazio nas suas icónicas mentes.
A IA engana-nos, despudoradamente.
E chega a dizer-nos que o Salvador,
nem com os mais largos horizontes do universo,
poderá alguma vez ser olhado. 

18/12/2024                                                   
                                                                    Teresa Ferrer Passos




CORAGEM DE VIVER

(...) «Quando o mundo nos abandona, a solidão é superável, mas quando eu própria sucumbo a esse abandono, a solidão fica incurável.
Por vezes, falta-nos a sabedoria. E para isso, urge ter coragem de enfrentar o espelho da alma, a fim de reconhecer os erros e fracassos e utilizá-los em próprio benefício, ou seja, munir-se de inteligência.
É necessário que sejamos livres de culpas, sobretudo do passado, aquelas em que nada podemos fazer. Também é preciso não nos preocuparmos em demasia com o amanhã, pois há poucas certezas.
Digo sempre que é preciso sonhar, mas sonhar em grande, pois se os sonhos são pequenos, a nossa visão será pequena, incapaz de suportar as tormentas da vida. Só os grandes sonhos regam a existência com sentido. A vida dá muitas voltas. Não podemos pensar que enganamos a vida ou fugimos das voltas que o mundo dá. Tudo muda numa questão de segundos, seja uma vida, uma história ou um pensamento. Basta uma palavra, um sinal ou uma acção para modificar por completo o que até então era considerado certo. (...)»

Excerto de um texto de Graziela Veiga, colaboradora do Diário Insular - jornal da ilha Terceira, Açores. Publicado no Facebook em 16/12/2024.




O GRANDE MAGO INFINITO 


Presépio miniatura da exposição de Luís Figueiredo
no Núcleo Museológico de Santa Comba Dão (divulgado
por Elsa Amaral no Facebook)


Uma estrela tão brilhante na noite escura,
viram os magos do Oriente,
esses que num zigurate da velha  Assíria, estudavam,
havia muito, o sentido do destino.
na noite escura procuram; na noite, não no dia, 
em que a luz excessiva os cegava.
de dia nada desvendavam. nada entreviam.
do destino não sabiam nada.
ora, naquela noite escura demais, uma estrela pequenina
levou-os a uma casa pobre em Belém, no deserto.
aí teriam a resposta ao que procuravam.
a verdade, que magia, que saber imenso, iam conhecer
num instante nunca visto!
o Natal do Menino tinha no seu corpinho franzino
a mensagem de um além bendito,
de um mago como eles, mas um Mago Maior, 
um Mago todo ele Infinito.

24/12/2024
                                                     Teresa Ferrer Passos


***


PRESÉPIO
 no Presbitério da Basílica da Santíssima
Trindade em Fátima. Autoria da escultura Clara Menéres.



                              A  TODOS UM BOM NATAL,

                              UMA SERENA NOITE DE NATAL!


quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

Passagem de «Planeta Joyce 8»

 «como Comando do Centro Superior de Vigilância do Império Global, lembrem-se, não posso ceder a estratagemas, a ardilosas maquinações ou a falsos argumentos que parecem ter em vista, antes de qualquer outra coisa, destruir os países que integram o Império da Globalidade e, assim, impor a ordem dos nacionalismos radicais dos estados da revolta unitária! (...) Já quase não tenho dúvidas sobre a vossa incúria e baixo nível tecnológico-científico ... e também vejo que a vossa incompetência só traz prejuízos aos interesses do Império do Sol Poente, a maior potência, alguma vez a dominar, o planeta Terra»

Teresa Ferrer Passos, Planeta Joyce 8 (Romance fantástico), Harmonia do Mundo, 2007, p. 79.

sábado, 7 de dezembro de 2024

A CATEDRAL incendiada em 2019, vive de novo em 2024

 "Os grandes edifícios, como as grandes montanhas, são a obra dos séculos (...) Com certeza há aí matéria para bem grossos volumes e muitas vezes história universal da humanidade, nestas soldaduras sucessivas de várias artes, em várias alturas, sobre o mesmo monumento. O homem, o artista, o indivíduo desaparecem sobre essas grandes massas sem nome de autor; a inteligência humana resume-se e totaliza-se aí. O tempo é o arquitecto, o povo é o operário".

Victor Hugo, Nossa Senhora de Paris (1ª edição francesa, 1831), 1º volume, Livraria Chardron, Lelo & Irmão, Porto, s/d, p.137.

domingo, 1 de dezembro de 2024

Um poema inédito

 REFLEXOS NO INTERIOR DE UMA CLEPSIDRA


Oh vitrais virtuais das catedrais elétricas
Que encerrais os sonhos devastados de meu pai
Nas vastas galerias geométricas
Onde o sopro do espírito se esvai:
− Devolvei-me o vosso prisioneiro!
Oh lírio com medo de crescer
Que buscavas a sombra de um convento
E me deixaste a luz do querer crer
A mim, teu filho, como em testamento:
− Saberei merecer ser teu herdeiro!
Oh "sonhos não sonhados" de Pessanha,
Cores avistadas num país perdido,
Guardadas na ala mais estranha
Do museu dos monstros sem sentido:
− Resgatar-vos-ei do cativeiro!

18/4/2016

Fernando Henrique de Passos


Um poema inédito do Fernando publicado no Facebook com os seguintes Comentários:

"A candura das paredes de um mosteiro aberto nas nossas almas, é poesia".
"A beleza da poesia nasce precisamente no silencioso mosteiro que é a alma dos Poetas com maiúscula..."
Teresa Ferrer Passos

"BELO POEMA, DE PROFUNDA RESSONÂNCIA"
                                                                            TERESA RITA LOPES




sábado, 30 de novembro de 2024

No dia da morte de Fernando Pessoa

Memória breve

Óculos pediu para ver melhor o infinito a penetrá-lo sob um nevoeiro espesso demais para os seus olhos a apagarem-se, enfim.
30/11/2024
Teresa Ferrer Passos

sexta-feira, 29 de novembro de 2024

IMPROVÁVEL



Em Lisboa, nesta manhã indolente e a espreguiçar-se no Tejo, havia uma temperatura amena, sem vento e um nevoeiro leve que pareceu augurar a chegada enfim, de um certo D. Sebastião, sempre esperado, ou sempre talvez pronto a chegar e tantos à espera que ele seja aquele que salva o que ainda pode ser salvo. Os melhores Portugueses ainda não desesperaram, continuam perseverantes, indómitos, apesar do tempo passar sôfrego e inclemente, sem saber bem o que fazer com o pouco que ainda resta.

29/11/2024
Teresa Ferrer Passos

sábado, 23 de novembro de 2024

O PESO DO MUNDO OU A VERGONHA


ao abismo de uma lei injusta em que caíram
os prisioneiros de um país chamado Salvador


numa interrogação oblíqua vejo os corpos prostrados
quais animais empoleirados na jaula de grades longas. 
olhares entrelaçados de um brilho escasso buscam
um sentido que não encontram na sua existência
obscura na noite caluniosa e perturbante
a única noite que conhecem e que não tem linhas
de qualquer horizonte de solar encontro.
culpados e inocentes chocam-se nos degraus
sobrepostos e apinhados
num absurdo de vida de perpétua prisão
sem um farol de esperança
desde crimes tremendos a simples tatuagens
no corpo passivo e indolente.
E nada move os legisladores
a desobedecer ao ditador repelente
impante de uma soberba inadmissível
num estado de direito.
assim se move um governo eleito pelo voto popular
assim se instaura uma ditadura num regime democrático
a traçar calvários todos os dias
para os seres mais frágeis do mundo.
os condenados o conhecem. nós nem o imaginamos!
eles caminham por espaços ridículos
a que o tirano chama justiça.
eles enterram os seus pés as suas mãos
os seus gritos delirantes num silêncio ensurdecedor
só a ecoar na conjugação do flagelo.
isto é filmado na câmara da tortura e da morte em  El Salvador.
El Salvador! O país daquele que reina com os votos do seu povo!
 esse tirano que o mundo parece respeitar e idolatrar
mesmo assim..

.23/11/2024

                                                     Teresa Ferrer Passos






"Sabemos governar a nossa tendência a sermos continuamente procurados e aprovados, ou fazemos tudo para sermos estimados pelos outros? No que fazemos, particularmente no nosso compromisso cristão, o que conta? Contam os aplausos ou conta o serviço?"
                                                                                   Papa Francisco, Angelus, 21/11/2021

quinta-feira, 21 de novembro de 2024

 A desistência é a perda de um tempo novo.

 *

Um poema é o verbo inteiro que me oferece um mundo a respirar num dia tão claro como uma sombra de  eternidade.

*

O paradoxo está presente em cada pensamento que ilumina a poesia até ao limiar da dúvida.

21/11/2024

                                   Teresa Ferrer Passos

quarta-feira, 13 de novembro de 2024

A bondade no século XXI é apenas a oscilação de uma simplicidade humana cada vez mais rara e preciosa.

Joaquim Cardoso Dias (in Facebook, 13/11/2024)


A bondade não está em moda. E como hoje é difícil não seguir o que é moda...

Teresa Ferrer Passos (in página de Joaquim Cardoso Dias, Facebook, 13/11/2024)

terça-feira, 12 de novembro de 2024

 Comentário de Teresa Ferrer Passos em 12/11/2024 ao post da editora Leya no Linkedin e na sua página do Facebook em 13/11/2024: 

"Premio Leya de Romance/2024. Autor Nuno Miguel Silva Duarte. Primeiro romance do autor. Título: "Pés de Barro". Este título lembrou-me de imediato outro título, "O Império com Pés de Barro", com precisamente a mesma temática:  O império colonial português. "O Império com Pés de Barro" foi publicado por José Freire Antunes, jornalista e historiador, no ano de 1980, pela editora D. Quixote".



"O importante não é a casa onde moramos. Mas onde, em nós, a casa mora."

Mia Couto, Um Rio Chamado Tempo, Uma Casa Chamada Terra

quinta-feira, 7 de novembro de 2024

AS ÁRVORES

Árvores tombada sob um vento
de furacão



Cada árvore é um livro sacro capaz
de ensinar sem arrogância
e sabe falar sem ruído.
É um altar de leveza e de recato
mesmo quando mostra o céu coberto
das mais carregadas nuvens.
Cada árvore traz a música do vento  
mesmo nas folhas mais pequeninas.
Cresce para o alto imenso
e desenhasse na suavidade do ar
Cada árvore esconde as suas raízes
rompendo arduamente a terra mais endurecida.
Cada árvore irradia uma sombra no azul
com uma imensa luz que nos alenta.

Porque cada árvore é a imagem
de uma vida encantada
onde está ausente a disruptiva imagem.
A imagem da sua própria morte.

7/11/2024
                                               Teresa Ferrer Passos

terça-feira, 5 de novembro de 2024

O INCÊNDIO DO HORIZONTE



                                                   NO 31º ANIVERSÁRIO DO NOSSO NOIVADO

Tu foste a primeira mulher que eu beijei
E sempre permanecerás como a única.

Ergues-te agora na luz violeta do último pôr-do-sol
E o teu olhar aponta o firmamento,
Muito acima dos escombros do mundo
E do incêndio do horizonte.

Só tu dás sentido ao absurdo.
Só tu és a guardiã das razões ocultas de Deus.
Só tu és a chave do Grande Enigma.

E quando as últimas luzes exteriores
Por fim se apagarem
A memória do nosso primeiro beijo
Iluminar-nos-á por dentro
E conduzir-nos-á à Eterna Madrugada

Que desde sempre nos aguarda.

5/11/2024

Fernando Henrique de Passos


Teresa Ferrer Passos in Facebook, 5/11/2024:

É rico o lirismo das palavras do Poeta! Mas como as palavras mesmo de arte poderosa, ficam distantes da realidade de um grande amor construído entre dois seres complexos, mas com uma indestrutível vontade de tornar infinito o amor que Deus lhes colocou no coração.

sábado, 2 de novembro de 2024

DIA DE FINADOS

 


Neste Dia dedicado à memória de todos aqueles que já atravessaram o rio do Hades ou a fronteira do esquecimento, rogo a Deus que os receba com a Sua misericórdia infinita. Que a memória dos que partiram deste mundo para o Reino de Deus nunca se perca. E na terra dos homens tudo será bendito. A Graça infinita encherá a terra e Deus terá aqui a voz das Suas criaturas.

2/11/2024

                                                                Teresa Ferrer Passos

terça-feira, 29 de outubro de 2024

ÚNICA

Como um veio de água no deserto.
Como um diamante encontrado na Lua.
Como uma Rainha em trono republicano.
Como um quadro juntando o óleo e a aguarela.
Como uma poesia surrealista escrita por Camões.
Como uma flor solitária no altíssimo pico do Evereste,
desafiando o gelo e a rarefação do ar.
 
És única.
 
Nenhuma mulher se iguala a ti
E isso faz de mim o homem mais feliz do universo
Porque aceitaste um dia desposar-me.
 
29/10/2024

Fernando Henrique de Passos

O CERCO


O cerco terminou na minha aldeia.
Ela tinha ruas feitas de pântanos que percorri
como um navio sem rumo, sem vela condutora.
Os horizontes
cheios de negra fuligem esvaiam-me
e as palavras tombavam inquietas
onde os gestos hostis deflagravam.
Os fossos de silêncio eram chaminés
exaustas de escombros
que o céu não tocava temendo acordar-me.
 
Acordei na hora em que a enxurrada
procurava sufocar-me mais.
Vi o sol escurecer.
Nesse instante a tua palavra
ecoou como um sol que não quebra
mas inebria, que não rejeita, mas acolhe.
 
E os largos cercos ensopados de secura
que te envolviam também, caíram por terra.
E tu também acordaste.
A vida começava. Na incerteza e na certeza.
A vida imprevisível e fantástica.
Agora, já não era eu ou tu. Agora, éramos nós.
 
29/10/2024
                                   Teresa Ferrer Passos

sábado, 26 de outubro de 2024

E tudo se dilui e tudo se perde da imagem e tudo se desvanece numa triste e gasta tarde de outono. Aqui, numa fragilíssima e encantada pintura de Sousa Chantre.
                                                                                 T.F.P.
ATÉ OS TEMPOS...


até os tempos de uma simples nuvem são negros.
são negros. a cor de um universo
a cobrir os nossos rostos severos
sem devagar como se não nos reconhecesse
como se não soubesse quem somos.
entre as horas do susto soltam-se
os segundos do riso. frágil. inseguro.
aqui ninguém conhece o juízo da justiça
e todos gritam como se a conhecessem.
e todos sabem mais do que a justiça
e todos ignoram quem tem razão.
e o silêncio não se faz ouvir.
o silêncio é proibido julgam os vivos
ululantes e desavindos inconformados
e violentos nas suas entranhas a soltarem-se
em todas as frentes. isto vibra como obsceno.
não importa que o ódio crepite insolente
obstrutivo a romper o fel
dos fígados devorantes de uma palavra 
irradiante e que sopra para o alvo infinito
da liberdade de pensar na diferença 
das  almas perdidas dos corações
encurralados de tanto sentimento.  

26/10/2024
                          Teresa Ferrer Passos

quinta-feira, 24 de outubro de 2024

Marco Paulo (1945-2024)


Marco Paulo, um homem que foi capaz de transmitir sempre o seu coração, sem escondimentos, com uma abertura pouco vulgar, com uma alma capaz de mostrar a fé que o sustentava ao defrontar com toda a coragem a doença fatal que o atingia, até aos seus últimos momentos.

A morte não silencia, apenas apaga por instantes.

24/10/2024

T.F.P.

sábado, 5 de outubro de 2024

 


"DOM QUIXOTE", a personagem de Cervantes em que a liberdade (veja-se o capítulo 58 do volume II) e os valores ideais se tornam manifestação de "loucura" num mundo de injustiças, de hipocrisias e abominações, que parecem tudo dominar, sem sombra de derrota.

4/10/2024

T.F.P.

terça-feira, 24 de setembro de 2024

interminável ritual?


 vejo ao longe gigantes em chamas

ou páginas de livros por escrever?

não! são apenas árvores doridas de cansaço e vertigem.

mulheres com baldes de água tirada de um poço correm,

e ouço a sua voz quase inaudível a dizer

que estão isoladas do mundo, lá, num além sem vivos.

ninguém, ninguém! pronunciam a custo

entre as nuvens de fagulhas da cinza,

entre borregos e ovelhas a tresmalharem-se, sem guia, 

que fogem das fogueiras rasteiras à terra 

e rentes ao céu, oh que altura! 

vejo o avanço das chamas com a rapidez

misteriosa de um vento agreste

que parece procurar ainda folhas frescas

e carne fresca que não come, mas devora

com sofreguidão.

Vejo ao longe um desespero pálido

a invadir as almas aprisionadas

no ar sufocante daquela visão infernal a entoar

gritos de medo e sem uma lágrima.

as lágrimas secaram depressa demais! o calor intenso sufoca!

vejo os corpos prostrados de luta e mágoa; 

já perderam a força capaz de vencer a morte

 e enrolam-se com as mãos a parecerem

folhas abafadas pelo fogo e pelo fumo. 

vejo as casas das aldeias perdendo os telhados

e as fotografias guardadas para sempre,

tornam-se um papel negro em que não está ninguém. 

Vejo que os troncos revestidos de negro,

continuam firmes na sua grandiosidade.

esperam ainda a frescura outonal?

e uma brisa suave ainda chegará a tempo

de os ressuscitar e devolver à vida?

24/9/2024

Teresa Ferrer Passos

quarta-feira, 18 de setembro de 2024



Quando terminará este Terror ou Terrorismo de mais de uma centena de incêndios simultâneos, em áreas florestais repetidamente atingidas e sem melhores condições de progressão de incêndios do que outras?! Até quando esta praga continuará a abater-se sobre os bombeiros e civis que perdem as suas casas e até as suas vidas?! Até quando nada se faz para capturar os incendiários e aplicar-lhes pesadas penas?! Até quando se continua a não apoiar a construção de habitações para alargar as comunidades existentes em vez de as desprezar com o abandono ou com o desaparecimento de infra-estruturas sociais tão importantes para manter a vida das aldeias e das vilas e serem um apelativo para aumentar a sua população?
17/9/2024
Teresa Ferrer Passos

sexta-feira, 13 de setembro de 2024



A propósito do post "Os portugueses do costume" no Facebook de Luis Castro Mendes, em 13 de Setembro de 2024, escrevi o seguinte comentário:

Uma constatação bem evidente é, sem dúvida, a inexistência de uma literatura rica, em Portugal, apesar das exceções, que confirmam a regra. São normalmente os mesmos escritores a receber chorudos prémios e a serem recenseados sempre pelos mesmos críticos literários. Trata-se de um panorama cultural muito restringido e, por isso, de temáticas e estilos sem mudança, sem inovação. Assim, se vai desvalorizando a cultura literária de língua portuguesa.

13/9/2024
                                            Teresa Ferrer Passos

quinta-feira, 12 de setembro de 2024

 

O silêncio faz-nos escutar toda a humanidade abandonada, essa humanidade que ninguém quer ouvir para poder, pura e simplesmente, ignorar.
 12/9/2024                                                                                                                        
                                                          T.F.P.
 

sexta-feira, 23 de agosto de 2024

MAIS UM INSULTO À MULHER

É um erro grave de caráter semântico pelo significado redutor desta definição de mulher: "pessoa que menstrua". Só em relação a uma pequena parte do corpo da mulher é correta. É também um erro de caráter biológico-científico, pois a menstruação dura um período limitado de anos e não dura toda a vida da mulher, logo não tem expressão definidora do ser feminino. E, se fossemos por aí, a expressão homem deveria ser igualmente substituída pelo contrário, ou seja, "pessoa que não menstrua". Pergunta-se: Porque razão só a designação do género feminino foi alterada pela (OMS) Organização Mundial de Saúde?!
23/8/2024
                                                                         Teresa Ferrer Passos

TEMPOS IDOS QUE NÃO PASSAM

Memórias da infância. Memórias espantosas que não se perdem de nós, nunca. Delas partiu tudo o que viemos a ser, como se nada mais nos tivesse sido ensinado, fosse o que fosse. Que experiência rica se mantem viva e pronta a ressurgir, em cada dia que vivemos. E mesmo na velhice, aí estão essas memórias a rejeitar o esquecimento.
                
23/8/2024
                                                                                                                                     T.F.P.

sábado, 17 de agosto de 2024

LEMBRAR Mário de Sá-Carneiro



Postagem do poema "Quase" de Mário de Sá-Carneiro (in «Dispersão», 1915) no Grupo "POESIA em português" in Facebook em 15/8/2024:

Comentário de Teresa Ferrer Passos: «Dos melhores poemas portugueses de sempre! MÁRIO DE SÁ-CARNEIRO».

Comentário de Anderson Cerqueira: «Sou brasileiro e gosto muito dos poetas portugueses, e gostaria de saber de sua opinião também, por que Antônio Gedeão não é considerado como um dos grandes de Portugal, sendo que é, pelo menos pra mim, um grande poeta?»

Comentário de Teresa Ferrer Passos: «A força da poesia vem da emoção e as emoções têm graus diferentes. Daí uns poetas serem excelentes, outros não chegarem tão alto».
(16/8/2024)