ao abismo de uma lei injusta em que caíram
os prisioneiros de um país chamado Salvador
numa interrogação oblíqua vejo os corpos prostrados
quais animais empoleirados na jaula de grades longas.
olhares entrelaçados de um brilho escasso buscam
um sentido que não encontram na sua existência
obscura na noite caluniosa e perturbante
a única noite que conhecem e que não tem linhas
de qualquer horizonte de solar encontro.
culpados e inocentes chocam-se nos degraus
sobrepostos e apinhados
num absurdo de vida de perpétua prisão
sem um farol de esperança
desde crimes tremendos a simples tatuagens
no corpo passivo e indolente.
E nada move os legisladores
a desobedecer ao ditador repelente
impante de uma soberba inadmissível
num estado de direito.
assim se move um governo eleito pelo voto popular
assim se instaura uma ditadura num regime democrático
a traçar calvários todos os dias
para os seres mais frágeis do mundo.
os condenados o conhecem. nós nem o imaginamos!
eles caminham por espaços ridículos
a que o tirano chama justiça.
eles enterram os seus pés as suas mãos
os seus gritos delirantes num silêncio ensurdecedor
só a ecoar na conjugação do flagelo.
isto é filmado na câmara da tortura e da morte de El Salvador.
El Salvador! O país daquele que reina com os votos do seu povo!
esse tirano que o mundo parece respeitar e idolatrar
mesmo assim..
.23/11/2024
Teresa Ferrer Passos
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