do pintor italiano Federico Zuccari (1539-1609)
«Os instantes passavam entre as sonoridades das pequenas ondas sem que Maria os descortinasse. E ela queria pegar-lhes, apalpá-los como se fossem uma coisa viva. Mesmo que só ao de leve.
Como pode o tempo ocupar esses espaços tão curtos, que separam as incessantes ondulações, interrogava-se fascinada pelos seus artifícios, os seus ardis. Se não fosse só aparência, o tempo não seria estranho à plena sabedoria das oníricas águas. Como elas são calmas por não pensarem no antes nem no depois! E interiorizava tudo isto num silêncio de si, sem tempo.»
Teresa Ferrer Passos, Anunciação (romance), Universitária Editora, Lisboa, 2003, pág.14.
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