Teresa Ferrer Passos: "O poeta é um fingidor", disse um dia Pessoa, a frase é contestada por alguns, devido à ambiguidade da palavra fingidor.
Maria do Carmo Sequeira: Finge a dor... mas uma dor que deveras sente.
Teresa Ferrer Passos:Pois é, mas há quem não leia com o sentido que muitos lhe atribuem (veja-se o artigo do poeta Carlos Lopes Pires, «Poesia: O Sortilégio de Dizer o Indizível» in revista «Gazeta de Poesia do Mundo de Língua Portuguesa», número duplo 3-4, Outono/Inverno, 1994, pp. 40-41). Talvez se possa fazer uma leitura de "a dor que deveras sente" como sendo também um fingimento, ao dizê-lo. Há uma certa ambiguidade nesses versos. Mas, a ambiguidade é uma das especialidades de Pessoa. Cara Maria Do Carmo Sequeira: aqui acrescentei algumas passagens de Carlos Lopes Pires (in «Poesia: O Sortilégio de Dizer o Indizível» in revista «Gazeta de Poesia do Mundo de Língua Portuguesa», número duplo 3-4, Outono/Inverno, 1994, pp. 40-41): «A poesia revela o rosto do que é importante, do que vive para além ou sob as aparências»; «Como pode a poesia tratar do fingimento? Não. O que a poesia faz, também, é recuperar os fragmentos, os pedaços vividos, gastos e consumidos na sua perenidade temporal»; «Como pode a poesia tratar do fingimento? É que é ainda por esta rua de luminosas e fraternas janelas que os poetas se indignam com as misérias do mundo humano»
Maria do Carmo Sequeira: Há sempre traços de ironia e de ficção na sua poesia...Não podemos pedir.lhe "verdade".
Facebook, 12/8/2019
Apontamento de Fernando Henrique de Passos:
Acerca de "Pessoa e a verdade"
A Realidade tem dois lados - “Este Lado” e o “Outro Lado” - e, como nos ensinou Platão, o segundo é mais real do que o primeiro, se bem que o primeiro seja (muito) mais visível do que o segundo.
Mesmo assim, ao longo da História sempre houve pessoas com o dom de terem acesso ao Outro Lado da Realidade. Conforme o grau e a modalidade desse seu acesso ao Outro Lado, e, sobretudo, conforme a forma que usam para transmitir o que “veem”, essas pessoas podem ficar conhecidas (por ordem alfabética) como cientistas, filósofos, loucos, místicos ou poetas, embora nem de perto nem de longe todas as pessoas conhecidas segundo alguma destas designações (exceto os místicos) pertença à categoria dos “visionários”.
Fernando Pessoa era um destes visionários, e por isso havia mais verdade naquilo que escrevia do que há nas coisas e nos factos de que todos os dias os nossos sentidos são testemunhas.
13/8/2019
Apontamento de Fernando Henrique de Passos:
Acerca de "Pessoa e a verdade"
A Realidade tem dois lados - “Este Lado” e o “Outro Lado” - e, como nos ensinou Platão, o segundo é mais real do que o primeiro, se bem que o primeiro seja (muito) mais visível do que o segundo.
Mesmo assim, ao longo da História sempre houve pessoas com o dom de terem acesso ao Outro Lado da Realidade. Conforme o grau e a modalidade desse seu acesso ao Outro Lado, e, sobretudo, conforme a forma que usam para transmitir o que “veem”, essas pessoas podem ficar conhecidas (por ordem alfabética) como cientistas, filósofos, loucos, místicos ou poetas, embora nem de perto nem de longe todas as pessoas conhecidas segundo alguma destas designações (exceto os místicos) pertença à categoria dos “visionários”.
Fernando Pessoa era um destes visionários, e por isso havia mais verdade naquilo que escrevia do que há nas coisas e nos factos de que todos os dias os nossos sentidos são testemunhas.
13/8/2019
Fernando Henrique de Passos
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