quarta-feira, 30 de novembro de 2016

No 81º aniversário da morte de Fernando Passoa




Pensar em Deus é desobedecer a Deus,
Porque Deus quis que o não conhecêssemos,
Por isso se nos não mostrou.

Sejamos simples e calmos,
Como os regatos e as árvores.
E Deus amar-nos-à fazendo de nós
Belos como as árvores e os regatos,
E dar-nos-à verdor na sua primavera,
E um rio aonde ir ter quando acabemos!...

   Poemas de Alberto Caeiro in Obras Completas de Fernando Pessoa, Edições Ática, Lisboa, 1963, vol. III, pág.29.

***

Na transparência dos instantes imprevisíveis, Fernando Pessoa, um homem simples como os regatos e as árvores, amado por Deus e a chegar ao rio paradisíaco, num dia tão igual aos outros e tão diferente de todos os outros.

30 de Novembro de 2016
Teresa Ferrer Passos

sábado, 26 de novembro de 2016

Frase polémica do Papa Francisco



«O proselitismo entre cristãos é um pecado grave, a Igreja não é uma equipa de futebol à procura de adeptos». (De uma entrevista divulgada ao Avvenire, jornal católico italiano, às críticas de quatro cardeais ao seu pontificado)

18 de Novembro de 2016                                                                                                                    Papa Francisco

BREVE REFLEXÃO

     A frase do Papa Francisco «o proselitismo entre cristãos é um pecado grave», ou foi mal traduzida, ou não é conforme aos ensinamentos de Jesus divulgados nos Evangelhos Canónicos. Esclarecendo, a palavra proselitismo significa «zelo em converter alguém a uma religião, em expandir a fé, em fazer abraçar uma certa doutrina, em recrutar adeptos para uma causa» (in Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea da Academia das Ciências de Lisboa).

     Lembramos que o espírito de proselitismo é fundamental na mensagem de Cristo, não só para a hierarquia eclesial, como para todo o baptizado. Vejamos algumas dessas passagens evangélicas: «Envio-vos como ovelhas para o meio dos lobos» (Mt 10, 16); «Vós sois o sal da terra» (Mt 5, 13); «Não tenhais medo; de futuro, serás pescador de homens»(Lc 5, 11); «Ensinava Ele (Jesus) a um sábado numa sinagoga»(Lc 13, 10);«Percorria as cidades e as aldeias, ensinando, a caminho de Jerusalém»(Lc 13, 22); «Assim como Tu Me enviaste ao mundo, também Eu os envio ao mundo»(Jo 17, 18).

26 de Novembro de 2016
                                                               Teresa Ferrer Passos
                                            

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

No Dia Internacional da violência contra a mulher




A ética na relação homem-mulher tem de ser infundida na sociedade (a partir das escolas e das maternidades, em primeiro lugar), pois só assim se pode desenvolver um bom ambiente entre os membros de uma família. E a família são também os filhos e os pais idosos, aqueles que se seguem como vítimas da violência homem-mulher.

25 de Novembro de 2016
Teresa Ferrer Passos

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Orgulhosamente sem Deus...

Cardeal Robert Sarah (1945-...)

«O homem não pode ter a pretensão de dispensar Deus sem correr o risco de morrer e de desaparecer, pela violência que ele próprio cria, as guerras, todas as situações de conflito, de barbárie. Foi o homem que criou tudo isso, porque virou as costas a Deus, porque pensamos que somos autónomos, independentes, que podemos fazer tudo o que queremos»

19/10/2016
                                 Robert Sarah (autor de Deus ou Nada)

domingo, 20 de novembro de 2016

É assim o nosso Rei





Celebrar a Festa de Cristo Rei do Universo não é celebrar um Deus forte e dominador que Se impõe do alto do seu trono, que comanda tropas ou conquista terras. É celebrar um Deus que serve, que acolhe e que reina nos corações com a força desarmada do amor.

(in Facebook)
Darci Vilarinho

*

Desarmado, sem terra, com um exército de mãos vazias, Jesus Cristo, o Rei do Universo, com uma mão cheia de amor segura o mundo todo seu.

(in Facebook)

20/Novembro/2016

Teresa Ferrer Passos

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

Retratação do Sol perante os planetas



Perdoai-me as sombras que provoco
Nas vossas faces ocultas e secretas
E que vos fazem orbitar em meu redor
Como fantasmas notívagos de insetos
Presos em redes invisíveis,
Como farrapos flébeis do crepúsculo
Sorvidos por vórtice de pez.

Perdoai-me, deixai-me libertar-vos
E parti pelo espaço à aventura!

17/11/2016
                            Fernando Henrique de Passos

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Conhecer-se a si próprio


«Ser aquilo que verdadeiramente somos». Esta afirmação de Kierkegaard não invalida o desejo de um indivíduo querer ser mais perfeito, o que pode levá-lo a descobrir a sua verdadeira natureza (e depois aceitá-la). Como dizia o filósofo Aristóteles (na linha de Sócrates [arte da maiêutica], a verdadeira natureza de cada pessoa pode estar escondida dela própria e, por isso, tem de ser extraída da sua interioridade. A verdadeira natureza de cada pessoa não passa apenas pelo que ela julga que é. A consequência é que não se pode invalidar o querer a mudança no seu "eu".

16/11/2016
Teresa Ferrer Passos

sábado, 12 de novembro de 2016

Poesia e mística em Leonard Cohen



Leonard Cohen, nascido em 1934, em Montréal (Canadá), morre recentemente, na mesma cidade, com oitenta e dois anos. Foi um nome de grande sucesso com "world music", a que não faltou uma forte espiritualidade. Detentor de uma cultura bíblica assinalável (de uma família judaica) esteve mesmo num mosteiro Zen. Publicou os romances «The Favorite Game» em 1963 e «Beautiful Losers», em 1966. Treze livros de poesia, entre os quais, "Death of a Lady's Man" em 1978, "Book of Merci" em 1984 e "Dance me to the end of Love" em 1995, revestiram grande merecimento. O reconhecimento literário surgiria com o Prémio Príncipe das Astúrias das Letras, em 2011. Ao gosto pela literatura, Leonard Cohen aliou a composição musical e o canto com grande expansão internacional. Destacamos "Hallelujah" ("Aleluia"), lançado pela primeira vez no álbum de estúdio de Cohen, "Various Positions", em 1984.

12 de Novembro de 2016
                                                   Teresa Ferrer Passos

sábado, 5 de novembro de 2016

Tinteiro de amor


Tinteiro antigo



               Ao Fernando, como no princípio…


No nosso tinteiro de largas ruas, passam rios
estreitos, com muitas fragas rasgadas e sem vida. 
Mas, cada dia, é mesmo assim, um reencontro.
Cada dia é um perfume de alecrim e de hortelã,
é o sorriso dos anos a romper,
é a tinta com que escrevemos hoje.
Cada dia é uma paz insuspeita ainda ontem,
é um imenso Sol que nos envolve na esperança,
é uma vitória à procura de nós, 
em cada madrugada.


5 de Novembro de 2016

                                        Teresa Ferrer Passos

Amor-Além





Um dia, um compromisso, a vida inteira,
A estrada do tempo estendida como esteira
Ao longo do espaço e da distância,
Além do conhecido,
Firmando a concordância
E o sentido
De duas vidas enlaçadas
Desde as primeiras madrugadas
Até ao derradeiro dia,
O interminável dia a que conduz
A conversão em luz
De todos os mistérios da filosofia.

5/11/2016

Fernando Henrique de Passos

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Dia de Fiéis Defuntos

Maria de Carvalho (1879-1973)

À Memória dos dias que passaram...

«À memória dos dias que passaram
E das sombras amadas que fugiram;
À memória daqueles que partiram,
E por vida ou por morte me deixaram;
A tudo quanto é belo neste Mundo,
A tudo quanto amei,
A tudo o que é profundo
E que foi minha lei;
À luz que me alumia,
E da noite sombria
Faz um céu constelado;
A quem me tenha amado
E a quem me queira mal;
À vida triunfal
Que desejei,
E à terra que pisei
Nos meus primeiros passos;
A todos esses laços
Que me prenderam pela vida fora;
A tudo quanto sofre e quanto chora,
A tudo que sonhei e que vivi,
E à Madre Natureza,
Pela sua beleza:

Estes humildes versos que escrevi.»
  
            Maria de Carvalho, Estrela da Tarde, Edições Ática, Lisboa, 1957, pp.7-8.

Dia de todos os Santos



Nós somos somente aquilo que damos aos outros
e o que lhes deixamos de nós.

1 de Novembro de 2016
                                                          Teresa Ferrer Passos

terça-feira, 1 de novembro de 2016

Maria, a Inocência suprema


Georges Bernanos (1888-1948)

«A Virgem não teve nem triunfo nem milagres. Seu filho não permitiu que a glória humana a tocasse, ainda que com a mais ténue extremidade da sua grande asa selvagem».

«Pois afinal ela havia nascido sem pecado, que espantosa solidão! Uma fonte tão pura que ela nem podia ver nela a própria imagem.»

              Georges Bernanos, Diário de um Pároco de Aldeia (1ª edição, Paris, Plon, 1936), S.Paulo, Editora Paulus, 1999, pág. 210.