segunda-feira, 1 de junho de 2015

Carta ao Professor Maquinal

Caro Professor Maquinal

A nossa conversa telefónica de há dias[1] fez-me cair em mim e perceber que continuo seu adversário ‒ tão seu adversário como de todos os outros fundamentalismos religiosos. Repare que lhe chamo “fundamentalismo”, e não “fundamentalista”, porque não combato pessoas, apenas ideias e, na verdade, o senhor não passa de uma ideia criada por mim, pois não há nenhum materialista tão estúpido como o Professor Maquinal.

Pedir-lhe-ia desculpa de o ter chamado a uma existência tão breve e tão despida de sentido, não se desse o caso de o senhor parecer regozijar-se com a falta de sentido que julga descobrir na existência, o que o levará certamente a não lamentar o facto de a sua própria existência se reduzir à exiguidade de um telefonema e de uma carta. Como julgo conhecê-lo bem, presumo, no entanto, que não aprecie a inclusão que faço do seu nome no rol dos fundamentalismos religiosos, pelo que passo de seguida a justificar-me.

(continua)

Fernando Henrique de Passos

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