Minha querida mãe, deixa-me sair,
Não me sinto bem de aqui estar fechado;
Gosto francamente disto de existir
Mas tudo aqui dentro é muito parado.
Gosto do teu sangue e do ar que traz,
Poupa-me trabalho, não me faz cansar;
Mas gostava um dia, se fosses capaz,
De vir a saber como é respirar.
Gosto do teu sangue, do qual me alimento,
Sem eu fazer nada, sequer mastigar;
Mas anda esta ideia no meu pensamento:
Ir comer a fruta ao próprio pomar!
Quero ouvir o vento e o sino da igreja,
Ver o pôr-do-sol e ver-te sorrir;
Hei-de ser teu filho onde quer que esteja
‒ Minha querida mãe, deixa-me sair.
3/5/2015
Fernando Henrique de Passos
Sem comentários:
Enviar um comentário
Deixe aqui o seu comentário