A boca ressequida da loucura.
A pele gretada.
Um olhar quebradiço
De capa de revista abandonada
Quebra o feitiço
Que mantinha em suspenso a madrugada.
Lucubrações.
A luz castanha de uma vela.
Paredes cobertas de escaninhos
Guardam a razão negramarela
Da noite enovelada em torvelinhos
Transformando em óleo a aguarela.
O laboratório no deserto.
As moscas de metal.
O espaço totalmente desconexo
Do rodapé de um manual
Reflecte perplexo
Os fulgores de um ocaso matinal.
O riso solto e sem medida.
O alambique.
A luz é destilada gota a gota
E o sol a pique
Viola a madrugada desgrenhada e rota
E espera que o sangue o purifique.
A cadência exacta do metrónomo.
O pó de areia.
O pensamento desdobrável do deserto
Converte o meio-dia em lua cheia
E dissolve o contorno quadricular e certo
De cada nova ideia.
21/6/2013
Fernando Henrique de Passos
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