Quantas máscaras, quantas à nossa volta,
rodopiam imparáveis, sedutoras
e mascaradas com os seus próprios disfarces.
Como gargalhadas, as máscaras vibram no
nosso coração
descompassado pelo espanto.
Julgam enganar-nos com as suas tribulações.
Como se rolassem num espaço sem entraves,
as máscaras possuem o gosto da mentira
mas aparentam sempre dizer a verdade.
As máscaras passam por nós todos os dias,
passam sem se deformarem,
alardeando a sua inocência fingida.
Brilham as máscaras como sóis,
envelhecem sem uma ruga
e lançam jogos de proveitoso cinismo.
Nas máscaras não crescem canteiros de flores
nem vemos jardins a desenharem corações.
A cada hora, constroem as suas metamorfoses.
Nas máscaras, as emoções confundem-se
com a razão submissa e atónita,
em gritos labirínticos a que falta a verdade.
Nas máscaras, a verdade some-se sem deixar
rasto.
A verdade em destroços deixa-se esmagar
nas garras espetadas de egoísmo.
Nas máscaras tudo se consome e desperdiça.
Crescendo ao lado das máscaras,
a verdade entoa hinos de solidão.
Envolta pela máscara coroada
com falsos diamantes, a verdade
definha e tomba na terra seca.
Sob a fantástica máscara, vive-se na cidade.
Rostos cobertos de gestos e sons absurdos
cravam o exagero do artifício sobre o real.
A imagem inocente vive na sombra das
máscaras.
Possuindo em si toda a verdade, vemo-la apagar-se
devagar nos dias abafados e sem sol.
Teresa Ferrer Passos
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