segunda-feira, 29 de setembro de 2025

E se de nós nada puder ficar?  Insólita visão. 
Por isso, mesmo se for pouco o que de nós ficar,
será como uma imensa luz a afagar-nos.
  29/9/2025                                                                                                                                                                 T.F.P.
                                                     

sábado, 27 de setembro de 2025

Quando a poesia se torna fogo de Deus

"Nós somos os que se desassossegam de véspera, às portas da escuridão, do vazio e do informe, temendo o abismo. Os nossos passos são, com efeito, como aqueles do humano 'que avança no nevoeiro'. Não obstante, diga-se, avançar no desconhecido é ensaiar aquela mesma fé ladrilhada de dúvidas, tão fértil que aprofunda ainda mais as raízes da sua confiança. Quem ousará, diante do abismo, arriscar perder-se a si próprio? Não será, porventura, a escuridão o lugar propício para o amadurecimento da salutar virtude da confiança?"

Bruno Ricardo Gonçalves Pinto, «Poesia de Deus nas vésperas do fogo», 24/9/2025 in internet, Pastoral da Cultura.

quinta-feira, 25 de setembro de 2025

A ousadia de partir, ante o pântano em que nos atolaram

 PEQUENO EXCERTO DA «ODE MARÍTIMA»

DE FERNANDO PESSOA
«Ah, seja como fôr, seja por onde fôr, partir!
Largar por aí fora, pelas ondas, pelo perigo, pelo mar,
Ir para Longe, ir para Fora, para a Distância Abstracta,
Indefinidamente, pelas noites misteriosas e fundas,
Levado, como a poeira, pelos ventos, pelos vendavais!
Ir, ir, ir, ir de vez!
Todo o meu sangue raiva por asas!
Todo o meu corpo atira-se prá frente!
Galgo pla minha imaginação fora em torrentes!
Atropelo-me, rujo, precipito-me!...
Estoiram em espuma as minhas ânsias
E a minha carne é uma onda dando de encontro a rochedos»
In Obras Completas de Fernando Pessoa, «Poesias de Álvaro de Campos», Ática, Lisboa, 1944, pp.171-172.

sábado, 20 de setembro de 2025

SEM OBRAS, DE NADA SERVE A DOUTRINA

Papa Leão XIV

 
Uma Boa Notícia vinda do Papa Leão XIV e acabada de receber!
Não se enquadra nos Evangelhos cristãos qualquer eventual
reforma relativa às mulheres e fiéis LGBT+ .
Uma tomada de posição inequívoca de Leão XIV e,
sem dúvida necessária, para esclarecer aqueles que ainda 
julgassem que entre ação e doutrina poderia não haver correspondência.

19/9/2025
Teresa Ferrer Passos


sexta-feira, 19 de setembro de 2025

Fernando Pessoa, retrato de Almada Negreiros (1964)


BREVE PÁGINA CRÍTICA DE FERNANDO PESSOA

(...) "Hoje, mais que nunca, se sofre a própria grandeza.
As plebes de todas as classes cobrem, como uma maré morta,
as ruínas do que foi grande e os alicerces desertos do que poderia
sê-lo. O circo, mais que em Roma que morria, é hoje a vida de todos;
porém alargou os seus muros até os confins da terra. A glória é dos gladiadores e dos mimos. Decide supremo qualquer soldado bárbaro, que a guarda
impôs imperador. Nada nasce de grande que não nasça maldito, nem cresce de nobre que se não definhe, crescendo."

Fernando Pessoa, Texto de Crítica e de Intervenção, Ática, 1980, pág.151.

terça-feira, 16 de setembro de 2025

DA «ODE MARÍTIMA» DE FERNANDO PESSOA

 Aqui, um excerto deste longo poema inigualável: 


(...) Gostaria de ter outra vez ao pé da minha vista só veleiros e barcos
                                                                                        [de madeira,
De não saber doutra vida marítima que a antiga vida dos mares!
Porque os mares antigos são a Distância Absoluta,
O Puro Longe, liberto do pêso do Actual...
E ah, como aqui tudo me lembra essa vida melhor,
Esses mares, maiores, porque se navegava mais devagar.
Esses mares, misteriosos, porque se sabia menos dêles.

Todo o vapor ao longe é um barco de vela perto.
Todo o navio distante visto agora é um navio no passado visto
                                                                                     [próximo.
Todos os marinheiros invisíveis a bordo dos navios no horizonte
São os marinheiros visíveis do tempo dos velhos navios,
Da época lenta e veleira das navegações perigosas,
Da época de madeira e lona das viagens que duravam meses.

Toma-me pouco a pouco o delírio das coisas marítimas,
Penetram-me fisicamente o cais e a sua atmosfera, 
O marulho do Tejo galga-me por cima dos sentidos,
E começo a sonhar, começo a envolver-me do sonho das águas (...)

In «Obras Completas de Fernando Pessoa», II vol. «Poesias de Álvaro de Campos»,
Edições Ática, Lisboa, 1944, pág.169.


quinta-feira, 11 de setembro de 2025

PARA ONDE SE ENCAMINHA A LIBERDADE DE EXPRESSÃO DO PENSAMENTO?

Charlie KIRK


 CHARLIE KIRK, que acreditava ter a liberdade de oferecer o seu pensamento aos jovens, cai e morre sob os tiros de uma arma. Fatal. Estava numa gigantesca reunião de estudantes, na universidade de Utah, (EUA). Só porque o ódio foi mais forte, a violência abateu a paz da palavra de Charlie Kirk. Será este o futuro daqueles que têm fé, os cristãos como ele, que ensinam com entusiasmo inexcedível a doutrina ensinada por Cristo? Por quanto tempo a violência nos pré-anuncia serem as nossas palavras rejeitadas, silenciadas, mais, sermos abatidos na praça pública sem piedade?

11/Setembro/2025

Teresa Ferrer Passos

***

Charlie KIRK desde os 18 anos que se notabilizou como um orador de excelência, que procurava expandir os princípios morais cristãos. Gostava de defrontar os seus inimigos pela palavra, dialogar com aqueles que se lhe opunham mesmo com agressividade e ameaças à sua integridade física. Nunca desistiu de envolver especialmente as muitas universidades dos EUA. Afinal acabaria, quando começava a dialogar com estudantes na universidade de Utah, por ser atingido por um dispara fatal no pescoço. Um crime hediondo. Com este fim fatal, nunca posto em causa por Charlie Kirk, morreu na sua muito difícil missão moralista cristã. Afinal, ainda há mártires entre uma juventude que não abdica da divulgação da sua fé.

12/Setembro/2025

Teresa Ferrer Passos

quarta-feira, 10 de setembro de 2025

UM PROFESSOR, HOJE

 O depoimento da professora Ruth Toledo (Belo Horizonte, Brasil) publicado por Paulo Marques no Facebook, é sintomático da sociedade que estamos a construir. O que se passa no Brasil é decepcionante, como denuncia esta professora primária à beira da reforma. Mas o que se passa em Portugal não é diferente. assim como em muitos outros países desta civilização ocidental, que tem crescido sem um objetivo alto, uma alma de fraternidade, um coração de humildade, um sentido para uma vida com valores. Cada um só olha para si próprio, como se os outros nada significassem, nenhum valor possuíssem. O desrespeito pelos mais velhos tornou-se o emblema do vencedor. A internet idolatra-se como se fosse humana e tudo o que era humano se esquece ou ignora-se ou despreza-se.

10/9/2025
Teresa Ferrer Passos

 AINDA A TRAGÉDIA DO ELEVADOR DA GLÓRIA

Os ataques dirigidos ao engenheiro Carlos Moedas primam por falta de senso ou, dito de outro modo, falta de sensatez. No tempo a seguir ao acontecimento, o presidente da Câmara de Lisboa devia assumir, dizem, a responsabilidade pelos que morreram e pelos feridos, mesmo antes dos apuramentos técnicos conducentes á descoberta das causas do que aconteceu. Rapidamente se deviam, assim, identificar os culpados de que o Presidente da Câmara era o primeiro. Os outros culpados viriam a seguir. Estas tomadas de posição, em catadupa (televisões, rádios e redes sociais), mostram que o que interessa, nesta sociedade, é a denúncia dos eventuais culpados, não é, como devia, a procura de soluções para obstar a que acidentes como este se voltassem a verificar. O importante é mesmo solucionar, se for possível, erros de conceção na máquina ou suspender a sua circulação. Contudo, parece que, nesta sociedade, só interessa ter ganhos políticos com cada acidente que acontece. Esta conduta imoral repete-se em acontecimentos semelhantes. Por isso, a culpa, a culpa precisa-se!
8/9/2025
Teresa Ferrer Passos

quinta-feira, 4 de setembro de 2025

A TRAGÉDIA DO ELEVADOR DA GLÓRIA

O icónico elevador da Glória inaugurado em Lisboa, em 1885, caiu ingloriamente e com ele tombaram dezassete pessoas a quem só resta o regresso aos seus países ou à sua Lisboa, atravessados pelos ferros brutais de uma viagem breve, tão breve como a sua morte irremediável e sem resgate.

No dia 24 de Outubro de 1885, seria inaugurado em Lisboa, o primeiro Elevador da Glória. 

Nada permanece, a decomposição é uma iminência, a mudança fragmenta a cada instante. Ninguém se fie na sua imagem de hoje, a duração é imprevisível. Se o tempo não existe, como separar os seus instantes? A realidade atroz de um elevador a despenhar-se na calçada da Glória em brevíssimos segundos, oferece-nos a chave que tantas vezes não encontramos.

Lisboa, 4 de Setembro de 2025

Teresa Ferrer Passos

 

Todas as máquinas se podem avariar, mesmo depois de vistoriadas pelos especialistas mais competentes. A Máquina é falível. A máquina é concebida pelo ser humano. O ser humano é falível. Neste caso, não se pode aplicar a ideia de culpa porque, neste caso, muitos seriam os "culpados". 

7/9/2025                                                                             Teresa Ferrer Passos