sábado, 21 de junho de 2025

UM OUTRO POEMA:


ESTRELAS DESAVINDAS


na seiva dos lugares ardem crateras nas almas 
abertas sem ruído. À sombra da noite de sirenes imparáveis
incendeia-se o jogo das estrelas novas da guerra.  
como se confundem com as estrelas cintilantes
na lonjura de milénios.
caem mísseis desavindos e um povo esfaimado
delirante e sem relógio para medir o tempo
da espera, adormece. exausto.
a humilhante espera culmina nos dias
embalsamados no sol da planície a abafar
com as farpas de um calor enriquecido. 
incêndios vastos saem das estrelas da guerra
em movimento.
e a dor cresce para além da dor.
e os seres tornam-se simples
fragmentos em busca de destino 
sem vislumbrar um horizonte
encerrados numa incerteza impiedosa sufocam as lágrimas
suspensas em gritos ensurdecidos até da própria pobreza.
palavras agitam-se insubmissas, 
sofridas até ao pôr do sol de cada dia.
e os povos impotentes arrastam-se
aprisionados nas garras da intolerância.
e a tirania das armas arrebata das suas horas
as mínimas résteas de felicidade. 

21/6/2025

                                             Teresa Ferrer Passos

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