sábado, 28 de junho de 2025

UM POEMA


CAMINHO ERRÁTICO


malmequeres amarelos tombam na jarra
a transparecer de vida.
a sede murchou as pétalas pequeninas
a vibrarem ainda as raízes
perdidas de si pela bruteza dos segadores do campo.
um campo abandonado. olho-os sem palavras.
porque as palavras perdem-se no estremecer
da minha voz cansada de sonidos inaudíveis e fechados.
a minha voz recua como o coração
de uma criança submissa ao sol  que a contempla nos dias 
encurralados em nuvens de calor.
a minha voz comprime-se perante o sortilégio.
amortecida. sem firmeza. rouca
e ainda a prosseguir um caminho oculto. errático.
então como uma trovoada sem relâmpagos 
comparo-me a um penhasco perdido do fresco mar.
esse mar espelho de diáfana folhagem.
esse mar de memórias apagadas só a sobreviverem
nas esquinas das ruas onde se inscreve
o som de um nome que ninguém conhece.
 
28/6/2025

                            Teresa Ferrer Passos

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