Jesus Cristo Mosaico da Basílica de Santa Sofia, Estambul, Turquia |
«Vai chegar a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores hão-de adorar o Pai em espírito e verdade, pois são esses os adoradores que o Pai deseja. Deus é Espírito e os Seus adoradores em espírito e verdade é que O devem adorar.»
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VEREDICTUM
Vejo. Além, a cruz esvaziada. Onde está Aquele que a habitava de braços abertos para receber o pecador redimido? Retiraram-no, estava a mais, não podia estar ali à espera de convertidos ou a chamá-los para se converterem. Convertidos para quê? Todos unidos não precisam mais de um salvador. Todos unidos salvam-se. Para quê um salvador? Não há já nada para converter. A natureza não se converte, os animais não se convertem. Para quê converter os seres humanos? Para quê? Converter-se, pertence a outros tempos, oh séculos passados, oh gerações onde reinava a ignorância. Hoje, nós não precisamos que nos ensinem nada, não precisamos de corrigir nada, não há nada para emendar. Atingimos a perfeição, o absoluto mora em nós e tudo o que fazemos é sagrado, abençoado pelo Pai, o Pai gosta de nós mesmo assim, mesmo sem nos aproximarmos d'Ele, como outrora se escrevia nos Evangelhos, nas cartas dos santos, nas leis irrisórias que nos fazem rir, nos nossos dias, às gargalhadas. Como, se é só preciso cada um, ser como é, cada um ser aquilo que quer, obedecer à sua vontade e só a ela. Não é preciso pensar, sequer pensar se o que faz, é bem ou é mal. Afinal, não pode haver fronteiras entre um e o outro, bem e mal. Confundidos, são uma só realidade, uma só verdade. O que cada um faz é indiscutível, não interessa ser bem ou mal, tudo é e tem de ser considerado belo. Tudo é belo, mesmo o feio. Só é preciso ser feliz, cada um à sua maneira, sem critérios, sem ética, sem sujeições à moralidade. A moral morreu. Paz à sua alma que morreu dentro de si apagada por uma sociedade que se venderá aos robots de inteligências artificiais, em breve. O mundo, estamos já no dealbar de um novo mundo. Declaramos a morte da espiritualidade, do sentido do bem e do sentido do mal. Agora somos radicais, não vamos cair na falácia dos conceitos de bem e de mal, não vamos seguir as ideias distintas com que até Descartes sonhou. Queremos a democracia, o poder do povo, soberano e radical, sem transigência, sem condescendência, com a força do irracional, com a brutalidade da ira. Não pactuamos com os que se não reconhecem nos nossos caminhos, deixemo-los soçobrar, cair de cansaço, submersos em leituras de vida que não são as nossas. Porque eles têm de ser apagados do mundo sob o peso dos nossos caprichos infalíveis, imortais.
Sexta-feira Santa (7/Abril/2023)
Teresa Ferrer Passos
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