domingo, 28 de fevereiro de 2021

Passagens de... STABAT MATER (5)

Nossa Senhora de Fátima
do escultor A. Teixeira Lopes
(1931)



UM ACONTECIMENTO

FÁTIMA, 1917
O Sentido das Aparições

«Na primeira Aparição, em Maio, Maria identifica-se, diz quem é. Não pode haver dúvidas, nem incertezas. O Céu está ali nas palavras da Senhora. Maria diz donde vem e diz para que está ali. Há uma missão de que o Céu a incumbiu: a de dar a conhecer aos homens, especialmente através de Lúcia – muitos anos depois, escreveria o que tinha visto e ouvido –, que Deus está atento aos desvios da doutrina proclamada por Jesus até à Sua condenação à morte, à crucificação.

Uma nova Aliança nascia entre Deus e o homem. Mas muitos não a reconheceram, não a aceitaram. O que Jesus assinara com a humanidade, não fora subscrito por esta. A ignorância ou a indiferença perante a Sua Via Sacra para redimir e salvar o Homem, ofendem o Salvador. «Jesus está muito ofendido», revelara Nossa Senhora. Falando assim, Maria mostra como o amor aos homens revelado por Jesus não obtivera correspondência. A terra onde Ele lançara a semente dera poucos frutos.

A Aparição de Maria repetiu-se ao longo de seis meses. A Sua figura humana tornava o Céu acessível. Nos diálogos das Aparições, as três crianças não distinguem o Céu da Terra. Nada pode ser tão próximo, nada pode ser tão sedutor. E, Lúcia fica obcecada cada vez que fala à Senhora mais brilhante que o Sol. Quer obedecer-lhe, porque a vê dolorosa. Vê-a uma Mãe mortificada pelo sofrimento de Seu filho, pelo suplício da cruz para santificar a vida do ser humano. Como escreve Armindo dos Santos Vaz "a vida corpórea, incarnada, desde a incarnação de Jesus é sagrada".

A sacralização do humano surge no corpo místico de Jesus. Com a ressurreição e a subida ao Céu de Jesus, o corpo humano deixa de ser insignificante, mesquinho, um nada existencial. A vida humana passa a estar consagrada, ou seja, comparticipa do sagrado e da sua qualidade.»

Teresa Ferrer Passos, Stabat Mater - Contribuição para o Estudo de Maria, Hora de Ler, Leiria, 2020, pp. 139-140.


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