O Sentido das Aparições
«Na
primeira Aparição, em Maio, Maria identifica-se, diz quem é. Não pode haver
dúvidas, nem incertezas. O Céu está ali nas palavras da Senhora. Maria diz
donde vem e diz para que está ali. Há uma missão de que o Céu a incumbiu: a de
dar a conhecer aos homens, especialmente através de Lúcia – muitos anos depois,
escreveria o que tinha visto e ouvido –, que Deus está atento aos desvios da
doutrina proclamada por Jesus até à Sua condenação à morte, à crucificação.
Uma
nova Aliança nascia entre Deus e o homem. Mas muitos não a reconheceram, não a
aceitaram. O que Jesus assinara com a humanidade, não fora subscrito por esta.
A ignorância ou a indiferença perante a Sua Via Sacra para redimir e salvar o
Homem, ofendem o Salvador. «Jesus
está muito ofendido», revelara Nossa Senhora. Falando assim,
Maria mostra como o amor aos homens revelado por Jesus não obtivera
correspondência. A terra onde Ele lançara a semente dera poucos frutos.
A
Aparição de Maria repetiu-se ao longo de seis meses. A Sua figura humana tornava
o Céu acessível. Nos diálogos das Aparições, as três crianças não distinguem o
Céu da Terra. Nada pode ser tão próximo, nada pode ser tão sedutor. E, Lúcia fica
obcecada cada vez que fala à Senhora mais brilhante que o Sol. Quer obedecer-lhe,
porque a vê dolorosa. Vê-a uma Mãe mortificada pelo sofrimento de Seu filho, pelo
suplício da cruz para santificar a vida do ser humano. Como escreve Armindo dos
Santos Vaz "a vida corpórea, incarnada, desde
a incarnação de Jesus é sagrada".
A sacralização do humano surge no corpo
místico de Jesus. Com a ressurreição e a subida ao Céu de Jesus, o corpo humano
deixa de ser insignificante, mesquinho, um nada existencial. A vida humana passa
a estar consagrada, ou seja, comparticipa do sagrado e da sua qualidade.»
Teresa Ferrer Passos, Stabat Mater - Contribuição para o Estudo de Maria, Hora de Ler, Leiria, 2020, pp. 139-140.
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