sábado, 6 de março de 2021

POEMA INÉDITO:



FRAGILIDADE DE TEMPO

                  "Em memória de todos os que morreram,
                    vítimas da pandemia de Covid 19"

Nas ravinas, ao abandono,
papoilas vivem sorrindo,
à espera de um olhar, mesmo
só de uma criança...
Mas onde estão as crianças, para as acariciar?
A tristeza, mesmo assim, parece não entrar nelas.
Balançam com o vento firme, como se fossem cair.
Porém, o caule de seiva fina é suporte que não
as deixa quebrar. Sustenta antes
as pétalas para as poder preservar.
No seu corpo tão precário, tão sem tempo,
prosperam com humildade. Até que, um dia,
uma pomba sôfrega as sorve e esfarela.
Corta-lhes o caule da vida.
As pétalas tombam por terra...
Eis a morte que chega.
E as papoilas pereceram
sem vontade de durar.
   
5/Março/2021
                                    Teresa Ferrer Passos

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