O SORRISO DE MARIA
Escuto e envolvo-me na ausência de qualquer som.
É noite no santuário. A capelinha parece abandonada.
As portas de vidro fustigadas pela chuva não estremecem.
A imagem de Maria sorri, sorri apenas para as estrelas [vigilantes.
O seu olhar sereno descai lentamente no mar do silêncio.
É noite em Fátima. O sino da Basílica silenciou-se.
Ao longe, caminha uma velha mulher. Procura um abrigo.
Está ali, só como Maria. Só com um cesto na mão.
De súbito, sente que está perto da Mãe procurada.
Olha a capelinha apagada. Descobre, no véu de água
o sorriso de Maria. Ali está a Mãe reencontrada!
E, a tropeçar no aguaceiro, arrastando os pés doridos,
sorri também. Suspira fundo de alívio. Como se sente perto
daquele sorriso de Mãe tão amorável.
Teresa Ferrer Passos, O Pequeno Lírio da Minha Varanda, Hora de Ler, Leiria, 2020, pág. 40.
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