Mário Cláudio |
Leitores submissos ao critério dos Prémios Literários?
Pela 3ª vez (1984, 2014 e 2019) o Grande Prémio do Romance e Novela da APE, foi atribuído a Mário Cláudio pelo livro «O Tríptico da Salvação» (2019)
«O que vai ficar da sua obra literária?» (Pergunta do jornalista a Mário Cláudio)
«Provavelmente muito pouco, mas não me preocupo com isso. Acompanhei muitos autores, sobretudo portugueses, que foram famosos e hoje estão completamente esquecidos. Recentemente estive a ver a lista do Prémio Goncourt nos últimos 40 anos e praticamente nenhum nome ficou, todos passaram à história. (...) Mesmo a nível do Prémio Nobel, a sobrevivência é sempre muito problemática.» (Entrevista de Mário Cláudio ao Diário de Notícias, em 2019).
«De facto, a atribuição de prémios literários a certos autores, em nada garante que a sua obra marque algum ponto alto da literatura. Os escritores mais inovadores do mundo literário não precisaram de receber prémios literários para o serem. Estes galardões, que correspondem a avultados valores monetários, têm servido para os autores e os seus editores enriquecerem, mas com critérios sempre sujeitos à falibilidade de júris com tendências politico-sociais específicas e, mais do que tudo, a obedecer às modas ideológicas do momento.»
19/7/2020
Teresa Ferrer Passos
«Concordo. Sobretudo no Nobel, tem sido uma desgraça.»
Patrício Cardoso
«Tem sido demasiado politizado tudo o que respeita à cultura, aos costumes. às ideias. A política arrasa tudo hoje; talvez nunca tenha tido, em algum tempo, um peso tão evidente.»
Teresa Ferrer Passos
«Teresa, acredito que isso é uma inevitabilidade e que, por isso e outros motivos, não há mal nenhum em que assim seja (sobretudo em relação à poesia). Explico, rapidamente: 1. As pessoas que fazem parte dos júris, no seu tempo de vida, são frequentemente pessoas respeitáveis, relevantes. Mas no tempo, que já não será o seu, terão sido pessoas sem qualquer importância e mesmo irrelevantes. 2. O que se premeia numa dada época é, por norma, dessa mesma época. O facto das pessoas pensarem que estão a premiar obras com importância no futuro, faz parte da vaidade e presunção de quem julga, a si mesmo, relevante nesse tal hipotético futuro. 3. Passa-se o mesmo em tudo: como pode alguém sem talento avaliar o talento de outros/as? Peço desculpa por esta "resposta" tão extensa, embora tão exageradamente simples (arriscando-se a ser simplista).»
Carlos Lopes Pires
«"Sobretudo em relação à poesia" escreve. Pergunto: porquê "sobretudo em relação à poesia"?! 1. As pessoas respeitáveis podem não ser relevantes; depois, as pessoas perdem a importância com o tempo?! Ou, com o tempo, as pessoas tornam-se irrelevantes, se as suas obras foram relevantes?! 2. Como é que as pessoas de um júri "estão a pensar que premeiam obras com importância no futuro", se elas estão a premiar uma obra do seu tempo e com critérios do seu tempo?! 3. O júri não tem de "ter talento" para ajuizar de uma obra. Tem de integrar pessoas imparciais e com conhecimentos suficientes na matéria em causa, para avaliar o talento do escritor em julgado.»
Teresa Ferrer Passos
«Pois, porque justamente não creio em nada nisso. E também não creio que a imparcialidade e os conhecimentos sejam importantes. Digo sobretudo em relação à poesia, porque a poesia é outra coisa. Mas, Teresa, é só o que eu penso. E também penso que daqui a mil anos tudo estará no seu lugar, o que quer que isso seja.»
Carlos Lopes Pires
(Comentários postados no Facebook, 19/7/2020)
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