Fernando Henrique de Passos, na nossa casa, em 2002 |
IMPREVISTO*
naquele dia, o teu esvoaçar de pássaro
eu olhei com cores que me faltavam.
naquele dia, o meu coração cansado de bater
nas paredes hirtas de uma casa,
perdido num areal áspero de ar
transformado em ígneas rochas,
respirou (no) fundo.
foi naquele dia, que te via pela primeira vez.
e o sopro de um vento fresco que sustinha,
ficou dentro de mim.
20 de Julho de 2020
Teresa Ferrer Passos
* Publicado em «Gazeta de Poesia Inédita» (Internet, 20/8/2020) o meu poema "Imprevisto", uma memória do dia 20 de Julho de 1993, dia em que conheci o meu marido.
* Publicado em «Gazeta de Poesia Inédita» (Internet, 20/8/2020) o meu poema "Imprevisto", uma memória do dia 20 de Julho de 1993, dia em que conheci o meu marido.
***
Quando te vi não sabia
Que eras mandada por Deus
A libertar-me do logro
Que Belzebu preparara.
Estava preso numa dobra
Das voltas do rio do Tempo;
Fechada sobre si mesma,
Lá a água não corria.
Tu deitaste mãos à obra
De corrigir o desvio
Que o rio do Tempo sofrera.
Mas o desvio era grande:
Foi preciso muito tempo
Para que o caudal do Tempo
Voltasse enfim a correr.
Agora o Tempo já corre
Mais uma vez para o Mar
Mas não sabemos ainda
Quando é que lá vai chegar.
20 de Julho de 2020
Fernando Henrique de Passos
Sem comentários:
Enviar um comentário
Deixe aqui o seu comentário