sábado, 29 de outubro de 2016

Num mundo às avessas





Num mundo às avessas, tropecei
em fogos invisíveis. Em desequilíbrio, não caí.
E o coração desordenado entrou na tua paz.

Num mundo às avessas, vi
um pequeno mundo de malmequeres.
Erguiam-se dos teus olhos cor de mel.
E as flores faltavam na nossa casa velha
e de móveis carcomidos.

Num mundo às avessas, havia afinal um pequeno
mundo de malmequeres, mesmo ali, no passeio
em frente do marco do correio.
E foi quando vi os teus olhos
mais largos do que o vento,
naquele pequeno mundo de malmequeres...

29 de Outubro de 2016

                                   Teresa Ferrer Passos

Recordação de um dia bom



Bom dia!
Vamos abrir uma fenda no espaço
Espalhar as flores que trazes no regaço
Semear versos e colher fantasia!

Bom dia!

Vamos beijar-nos como namorados
Contar galáxias do cimo de telhados
Fazer delirar a astronomia!

Bom dia!

Vamos inventar somas sem parcelas
Descobrir intersecções de paralelas
Exponenciar a alegria!

Bom dia!

Vamos entrelaçar-nos com palavras
Videira virgem e roseira brava
Partilhando a seiva e a poesia!

Bom dia!

Quero abrir a vida como uma janela
E quero-te a meu lado quando olhar por ela!
Queres ser a minha companhia?

29/10/2016


                           Fernando Henrique de Passos

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

In Memoriam de...


Poeta A. M. Couto Viana (1923-2010),
colaborador da revista Limiana (Viana do Castelo)

Soneto Breve e Leve

( in memoriam de António Manuel Couto Viana )

invoco, para a Musa minha, o 3 de Copas Arcano
Coas mãos esmigalhadas p’lo mundo da dor
Se ergue sempre o Poeta na sua fantasia.
O homem não contente cria mesmo com Amor:
Se hoje ele é Poeta, amanhã será Poesia.
Urge transformar num só verso maior
Poalha de poeira que é, no fim do dia,
Sal e escuridão volvendo-se em estertor:
Quando um mundo acaba, o outro principia.
Tiremos, entretanto, a Cristo a sua Cruz,
Louvemos o zagal e todos os trigais,
Crisantos animais que somos todos nós;
Pois assim era Buda e assim era Jesus,
Nitentes e notáveis doando aos naturais
A Virgem, visionada, e cansada, a minha voz.

                        Que Luz, 05/ 10/ 2016
                                                             AD MAJOREM DEI GLORIAM

                                  Paulo Jorge Brito e Abreu

domingo, 23 de outubro de 2016

Fraternidade única, nunca vista




Um anjo anunciou o meu nascimento a uma jovem de Nazaré que, com o espanto no coração, aceitou a vontade do Alto. A voz vinha do Espírito, vinha daquele que era. Noiva de José, a escolhida para ser minha mãe, aceitou a missão. Na aparência, impossível. Ela a tornaria possível.

As lágrimas confundiam-se com a alegria. A escolha era determinante. Decisiva. Alguns meses depois, ela, que se chamava Maria, seria o ventre materno da encarnação de Deus. À luz do Espírito, Deus e o homem iam unir-se numa fraternidade única, nunca vista.


 Teresa Ferrer Passos, Jesus até ao fundo do coração, Chiado Editora, 2016, pág.6 (a publicar brevemente).

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

No vale do mundo


Os olhos habituam-se à penumbra
E vão a pouco e pouco percebendo
O virginal delírio colorido
Das borboletas que voam só de noite.

Uma raposa espreguiça-se na relva
E a relva é branca como no Antártico
E os olhos brancos da raposa branca
Tingem de ser o nada do deserto.

10/10/2016

Fernando Henrique de Passos

sábado, 1 de outubro de 2016

Nossa Senhora da Paz, uma Devoção de Benavente

Imagem de Nossa Senhora da Paz
Igreja matriz de Benavente
(a antiga igreja ficou destruída pelo terramoto de 1909,
mas esta imagem conservou-se intacta)