Ana Augusta Plácido (1831-1895) |
«Olho os lírios brancos (há pouco
eram vermelhos) e tropeço com o pensamento no vestido negro ou púrpura de Ana.
Entre os seus dedos o charuto de formato cilíndrico e aroma inebriante de que
não se cansa de tirar fumaças no ar pesado e lento desta terra a esvair-se em
cinzas. Esse fumo vibra no meu espírito, como se fosse uma condenação maior do
que a vida, em que me desdobro sem conseguir esvoaçar um pouco, nem sequer
abrir o coração ensanguentado de gritos.
espero a
libertação. Entre os grilhões de uma biblioteca infinita. Sinto a via para a
liberdade pura. Doi-me o pensamento de ver Ana a ficar, de súbito, atónita,
lânguida, perversa. Parece-me, cada dia que passa, uma desconhecida, uma figura
vagabunda a agredir a solidão dos meus dias sem amanhecer e das minhas noites
infindáveis»
Teresa Ferrer Passos, O Segredo de Ana Plácido, Ed. Gazeta de Poesia, 1ª edição, 1995; Ed. Nova Vega, 2ª edição, 2000 (assinou com o ortónimo Teresa Bernardino).
Teresa Ferrer Passos, O Segredo de Ana Plácido, Ed. Gazeta de Poesia, 1ª edição, 1995; Ed. Nova Vega, 2ª edição, 2000 (assinou com o ortónimo Teresa Bernardino).
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