sábado, 29 de abril de 2023

ACERCA DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL (IA), DO TIKTOK OU DO INSTAGRAM e das suas consequências na humanidade:




As novas tecnologias disponíveis num simples computador, como nos diz Noam Chomsky, «criam uma atmosfera onde a explicação e a compreensão não têm qualquer valor». E acentua o autor de uma das melhores análises do 11 de Setembro: «Este é o mais radical ataque ao pensamento crítico, à inteligência crítica e particularmente à ciência que eu alguma vez vi».
A estratégia da IA é «impedir as pessoas de falarem umas com as outras. Todos estão sozinhos, a perseguir as suas próprias fantasias, sejam elas quais forem». O seu objetivo maior é dar uma certa verdade que as pessoas julgam faltar-lhes: «Pode dar algo de tranquilizante, confortável, alguma coisa de que o utilizador gosta e encaminhá-lo para este tipo de mundo. Dar essa ilusão». A verdade é esta: são precisas medidas urgentes. Porém, não basta recusar esta recente expansão da realidade virtual na vida das pessoas, porque não há regresso ao passado, mas a criação de «meios de autodefesa pessoal» impõe-se. E o mais eficaz é uma nova «educação» dos indivíduos.

Esta evolução das tecnologias internéticas, estando a prosseguir a uma velocidade assombrosa, precisa de uma ferramenta essencial, segundo Chomsky: o espírito crítico que só o ser humano ainda possui, mas que corre o risco de se perder irremediavelmente e dentro de um tempo demasiado curto. Sem dúvida, estas reflexões são um alerta pertinente para o nosso mundo à beira de uma nova Ordem global.

NOTA: As citações foram retiradas de uma entrevista do Filósofo e Linguista Noam Chomsky ao jornal Público (Suplemento Ipsilon, 28/4/2023).

Teresa Ferrer Passos


domingo, 23 de abril de 2023

PASSAGEM DO ROMANCE INÉDITO "S. Joaquim - Uma Alma à procura de Deus" de Teresa Ferrer Passos no Dia Mundial do Livro


Ruínas do castelo medieval de Alcantarilha


«Pensou que só lhe restava procurar Deus, descobri-lo onde quer que fosse; e tinha de ser antes de falar com Ana sobre a ofensiva rejeição da dádiva. A oração fora o caminho de Job, lembrou-se de súbito. Job desprezado, depois de tantos anos de proteção divina em atenção à docilidade do seu coração. ‘Que melhor lembrança me poderia surgir?’ A verdade era que, quando menos esperava, Joaquim, senhor de um matrimónio feliz, sentia-se perseguido, via-se odiado com palavras que o consternavam até ao mais fundo da sua alma; naquele dia, a longa felicidade do seu casamento fora eclipsada pela acusação indecorosa ─ o máximo juiz de Jerusalém retirara-lhe a confiança na presença de Deus que ele julgara sempre a seu lado. Deus, que fora a sua força ante toda e qualquer adversidade da vida, o seu amparo nas hesitações perante os caminhos a seguir, onde estava agora?»

sexta-feira, 14 de abril de 2023

PARA A CONSTRUÇÃO DO AMOR


«Para sermos verdadeiramente felizes, precisamos de educar os nossos corações para a compaixão e o altruísmo, pois a porta da felicidade só se abre para fora e aqueles que tentam forçá-la para dentro fecham-na ainda mais.»

Simone Olianti, "Tenho medo de te amar" (23/Março/2023) in «Mensageiro de Santo António» (tradução do italiano) online.

terça-feira, 11 de abril de 2023

NOTA DE LEITURA SOBRE O LIVRO «O PORTUGUÊS VISTO POR (ALGUNS) PORTUGUESES» DE MARCELLO DUARTE MATHIAS (Editora D. Quixote, 2022)


 

O Autor chama Introdução, àquilo que é muito mais do que uma Introdução. Trata-se de um Depoimento sobre o tema da Identidade de Portugal ou mesmo da identidade pátria, nos conturbados tempos destas últimas décadas. A vivência da Portugalidade, como diria Afonso Lopes Vieira, sobretudo após a adesão de um país pós-revolucionário à Comunidade Económica Europeia, tem sido muito questionável. Adesão rapidíssima, mal estruturada ainda estava a nossa nova identidade nacional. A unidade política começava a diluir-se numa grande comunidade chamada União Europeia. Facto incontornável. As palavras de Marcello Duarte Mathias revelam que a pátria portuguesa ainda não se reconstruiu, ainda está perdida num naufrágio sempre iminente, sempre previsível, perante os olhos estupefactos dos políticos e dos, não menos estupefactos, do povo. A questão é estarmos perante uma pátria amortecida, a descrer das soluções à vista e a submeter-se a um destino pobre que parece não ter remédio. Entrámos numa União Europeia para nos socorrermos da perda das colónias, continuamos a querer socorrer-nos da propaganda e dos interesses partidários que têm o objetivo de conquistar o poder, mais do que servirem os Portugueses. Destaco, por fim, uma referência do Embaixador Marcello Duarte Mathias às sequelas da Ocupação Filipina de 1580 a 1640, pelo decorrente enfraquecimento do tecido nacional (pp. 47 e seguintes), já muito afetado pela pesada derrota em Alcácer-Quibir. E a análise de M.D.M. aborda, a finalizar, um ponto que considero fundamental para que se crie um novo rumo no nosso país, um rumo em que o povo não continue perdido da coesão indispensável a uma nação soberana e não subserviente perante a globalizante União Europeia, com que não nos identificamos senão por imitação ou por não ver outra saída para sobreviver. Cito o embaixador Marcello Duarte Mathias: «(...) o que importa acima de tudo é estar na História e não sair dela. E ter vontade para tanto, ciente de que não há legitimidade no plano internacional superior à da soberania nacional, e ao mesmo tempo restaurar o Estado-Nação que constitui, face a uma sociedade civil ainda incipiente, a nossa melhor proteção coletiva, tendo sido aliás a nossa moldura institucional durante séculos» (p. 56).

Teresa Ferrer Passos

sexta-feira, 7 de abril de 2023

DOSSIER PÁSCOA/2023

Jesus Cristo
Mosaico da Basílica de Santa Sofia,
Estambul, Turquia


              «Vai chegar a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores hão-de adorar o Pai em espírito e verdade, pois são esses os adoradores que o Pai deseja. Deus é Espírito e os Seus adoradores em espírito e verdade é que O devem adorar.»

Jo 4, 23-24

***

Cruz em mosaico (arte bizantina), Basílica
de Santo Apolinário o Novo, Ravena, Itália.


«A denominação ambrosiana “Semana Autêntica” ajuda-nos a colher o aspeto histórico, autenticamente narrativo de quanto celebramos, ao mesmo tempo que nos encoraja a reconhecer que a Páscoa é precisamente o acontecimento que gera “conversão”, isto é, mudança de olhar, de direção, de sentido de viver.»

Enrico Parazzoli, "A vida entrevê-se nas feridas"(excerto deste artigo) in «Vino Nuovo», 3/4/2023 (public. em Pastoral da Cultura)

***




VEREDICTUM

Vejo. Além, a cruz esvaziada. Onde está Aquele que a habitava de braços abertos para receber o pecador redimido? Retiraram-no, estava a mais, não podia estar ali à espera de convertidos ou a chamá-los para se converterem. Convertidos para quê? Todos unidos não precisam mais de um salvador. Todos unidos salvam-se. Para quê um  salvador? Não há já nada para converter. A natureza não se converte, os animais não se convertem. Para quê converter os seres humanos? Para quê? Converter-se, pertence a outros tempos, oh séculos passados, oh gerações onde reinava a ignorância. Hoje, nós não precisamos que nos ensinem nada, não precisamos de corrigir nada, não há nada para emendar. Atingimos a perfeição, o absoluto mora em nós e tudo o que fazemos é sagrado, abençoado pelo Pai, o Pai gosta de nós mesmo assim, mesmo sem nos aproximarmos d'Ele, como outrora se escrevia nos Evangelhos, nas cartas dos santos, nas leis irrisórias que nos fazem rir, nos nossos dias, às gargalhadas. Como, se é só preciso cada um, ser como é, cada um ser aquilo que quer, obedecer à sua vontade e só a ela. Não é preciso pensar, sequer pensar se o que faz, é bem ou é mal. Afinal, não pode haver fronteiras entre um e o outro, bem e mal. Confundidos, são uma só realidade, uma só verdade. O que cada um faz é indiscutível, não interessa ser bem ou mal, tudo é e tem de ser considerado belo. Tudo é  belo, mesmo o feio. Só é preciso ser feliz, cada um à sua maneira, sem critérios, sem ética, sem  sujeições à moralidade. A moral morreu. Paz à sua alma que morreu dentro de si apagada por uma sociedade que se venderá aos robots de inteligências artificiais, em breve. O mundo, estamos já no dealbar de um novo mundo. Declaramos a morte da espiritualidade, do sentido do bem e do sentido do mal. Agora somos radicais, não vamos cair na falácia dos conceitos de bem e de mal, não vamos seguir as ideias distintas com que até Descartes sonhou. Queremos a democracia, o poder do povo, soberano e radical, sem transigência, sem condescendência, com a força do irracional, com a brutalidade da ira. Não pactuamos com os que se não reconhecem nos nossos caminhos, deixemo-los soçobrar, cair de cansaço, submersos em leituras de vida que não são as nossas. Porque eles têm de ser apagados do mundo sob o peso dos nossos caprichos infalíveis, imortais.

Sexta-feira Santa (7/Abril/2023)

Teresa Ferrer Passos

***

«(...) Foi com espanto que soube que a Liga de Clubes marcara um “jogo grande” como o Benfica - Porto para o serão de Sexta-feira Santa, justamente hoje à hora da Via Sacra. Não me estou a queixar, mas esse sinal é a evidência de que Portugal já não é um país católico. Estamos prestes a recolher às catacumbas.»

Excerto de uma postagem de João Távora no Facebook (7/4/2023)


***

ELE NÃO ESTÁ AQUI!
RESSUSCITOU, COMO DISSE.


AQUI NÃO JAZ NINGUÉM

O sepulcro está vazio,
Está vazio como convém.
Não mais temereis a morte
Pois aqui não jaz ninguém.

Desci ao Reino dos Mortos,
E, firme como um rochedo,
Olhando sempre de frente
Enfrentei o Grande Medo.

Voltei para dar a todos
A Vida que há no Além.
Alegrai-vos! Exultai,
Porque aqui não jaz ninguém!
 
6/4/2023, Quinta Feira Santa
 
                  Fernando Henrique de Passos


******



Que a Páscoa de Jesus seja
uma Passagem para cada ser humano 
alcançar com Ele a vitória sobre a morte!

FELIZ PÁSCOA