Alcantarilha antiga vista do lado nascente |
MEMÓRIA DE ALCANTARILHA
Ali, ao crepúsculo, vibrava o espaço numa sinfonia
Imensa. Os sons, irreconhecíveis, prolongavam-se
Na minha alma cansada e ansiando paz.
Imensa. Os sons, irreconhecíveis, prolongavam-se
Na minha alma cansada e ansiando paz.
Ali, ao crepúsculo, o piar do cuco tímido e choroso
Fazia-me pensar em todas as solidões do mundo.
Mas, os sinos da igreja desviavam-me o pensamento.
Ali, ao crepúsculo, esquecia-me de mim,
Extasiada pelo colorido azul-róseo do céu
A convocar-me a um cântico novo ao criador.
Extasiada pelo colorido azul-róseo do céu
A convocar-me a um cântico novo ao criador.
Ali, ao crepúsculo, esvoaçavam os pássaros
Com trinos rápidos, na excitação pelo fim do dia.
E as árvores inclinavam-se às verdes folhas paradas.
Com trinos rápidos, na excitação pelo fim do dia.
E as árvores inclinavam-se às verdes folhas paradas.
Ali, ao crepúsculo, via passar, de súbito, a cegonha,
Pesada de esperança nas asas ávidas de vida.
E, sem olhar para trás, rumava ao alto ninho.
Pesada de esperança nas asas ávidas de vida.
E, sem olhar para trás, rumava ao alto ninho.
Ali, ao crepúsculo, descia à terra o silêncio.
Então, frente à beleza do cenário,
Parecia-me que, sem saber, rezava.
Então, frente à beleza do cenário,
Parecia-me que, sem saber, rezava.
Teresa Ferrer Passos
Sem comentários:
Enviar um comentário
Deixe aqui o seu comentário