STABAT MATER (3)
«Perante o insólito, Maria esperava os instantes, sem encontrar justificação para a Palavra além-do-natural que lhe acontecera. Contudo, como podia estar tudo igual ao antes? Estava mesmo ou parecia-lhe apenas? Ela estava igual à jovem de instantes antes, sentia-o. Antes da paragem do tempo. Antes da visita tão improvável (como espectável?) na terra de Canaã, uma terra sempre à espera de escutar a voz do seu único Deus, de ouvir os oráculos dos seus profetas, dos seus sábios, da Sabedoria.
Com os pensamentos confrontados com incumbência tão desconcertante do Senhor, Maria sentia medo, não do destino que Deus lhe oferecia, mas de uma paz exorbitante, talvez vinda do fundo dos tempos, e a construir a última idade da insensatez e da injustiça humanas. O mistério do antes, do agora e do depois, perturbava-a. O anjo fora breve. Tão poucas palavras e tão cheias de significação. Era preciso meditar longamente nelas. Descobrir todos os seus sentidos, ler bem os sinais até ao sem limite, até Deus.»
Teresa Ferrer Passos, Stabat Mater - Contribuição para o Estudo de Maria. Da "Anunciação" ao "Magnificat", da Devoção e das Aparições em Fátima, Hora de Ler, Leiria, 2020, pp. 32-33.
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