quinta-feira, 9 de abril de 2020

Reflexão sobre a Páscoa (1)




"Pai, porque me abandonaste?" disse Jesus já em agonia de morte. Disse-o, como qualquer um de nós diria, em tão terrível sofrimento; Ele, o Filho do Altíssimo, apelava ao Pai, Aquele que incarnara, através do ventre de uma Mulher, Maria Santíssima. Ele, o seu Pai, o Pai que o fizera ser gerado no corpo humano de Maria, a mãe, a "mater" ou origem ("o que ela concebeu é obra do Espírito Santo", Mt 1, 20).
 
Maria é a mãe, a "mater" material, assim como o Espírito Santo é o Pai, o "Pater" divino. Por isso, Jesus era filho de Maria e seu Pai não era o carpinteiro José, como acusavam os judeus  para o humilhar, porque Jesus se afirmava Filho de Deus ("Não é Ele o filho do carpinteiro? (...) E estavam escandalizados com Ele. (...) E não fez ali muitos milagres por causa da falta de fé daquela gente", Mt 13, 55, 57 e 58). Ao Pai, Jesus obedecia. Por isso, na agonia, perante o doloroso suplício, disse: "Pai, se for possível, afasta de mim este cálice; todavia, seja feita a tua vontade, e não a minha" (Lc 22, 42). Fora para fazer a Sua vontade que Ele subira até à cruz.

E José, o esposo de Maria, não era seu pai, mas o amigo inultrapassável, porque lhe dera amor durante a infância, porque fora o grande protector, porque lhe dera educação escolar. Ora, isso não chegava para ser pai. Porque o pai e a mãe são aqueles que oferecem o bem maior, a vida. Só depois de se possuir a vida se podem receber de muitas outras pessoas, os mais altos valores. Por muito valiosos que sejam, o bem da vida é sempre o supremo bem. Só há um pai e só há uma mãe. São o pai e a mãe que oferecem a vida aos seus filhos.

Também Deus e Maria a ofereceram a Jesus. O Pai desceu até ao homem para elevar o homem através de seu Filho, Jesus o Cristo, o Salvador. A imortalidade ficaria, com a humanização de Deus, através de Jesus, garantida àqueles que O seguissem.

5ªFeira Santa (9 de Abril/20)

  Teresa Ferrer Passos

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