Cruz de Gero-Kreuz Kroll (séc. X), Catedral de Colónia |
JESUS É IGUAL AO PAI, NA SUA NATUREZA DIVINA
«"Filipe disse-lhe: Senhor, mostra-nos o Pai e isso nos basta". Disse-lhe Jesus: "Estou há tanto tempo convosco e não Me conheceis, Filipe? Quem me vê vê o Pai. Como é que tu dizes: Mostra-nos o Pai? Não crês que Eu estou no Pai e que o Pai está em Mim? As palavras que Eu vos digo, não as digo de Mim mesmo, mas o Pai que está em Mim, é que faz as obras."»
Jo 14, 8-10
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TALVEZ...
«Talvez seja possível uma comunhão profunda dos seres para lá do contacto físico. Uma comunhão mais íntima do que qualquer contacto físico.»
21/3/2020
Fernando Henrique de Passos
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PÁSCOA: PASSAGEM DO MEDO À CONFIANÇA
Descido da cruz, nos braços de Maria |
Jesus falou:
Não tenhais medo.
Há espaço no meu peito para todos vós.
Espaço aberto sobre mais espaço
e assim até ao infinito.
Espaço sem curvas nem volutas.
Espaço sem recantos nem escaninhos
onde se esconderiam sombras de insetos malfazejos.
Espaço liberto para vos acolher a todos.
Não tenhais medo.
Há espaço no meu peito para todos vós.
Espaço aberto sobre mais espaço
e assim até ao infinito.
Espaço sem curvas nem volutas.
Espaço sem recantos nem escaninhos
onde se esconderiam sombras de insetos malfazejos.
Espaço liberto para vos acolher a todos.
Não tenhais medo.
Eu fiz-me igual a vós para vos conduzir.
Eu desci à gruta do terror.
Eu tive tanto medo como qualquer um de vós.
Mas não baixei os olhos.
Ergui o meu olhar de frente para o medo
e o medo baixou o seu olhar.
E sussurrei-lhe palavras de ternura
e o medo chorou no meu regaço
pedindo-me perdão.
Eu fiz-me igual a vós para vos conduzir.
Eu desci à gruta do terror.
Eu tive tanto medo como qualquer um de vós.
Mas não baixei os olhos.
Ergui o meu olhar de frente para o medo
e o medo baixou o seu olhar.
E sussurrei-lhe palavras de ternura
e o medo chorou no meu regaço
pedindo-me perdão.
E eu libertei-o do seu jugo,
da condenação de sempre se ver frente a um espelho,
e ele viu finalmente para além do espelho
e viu milhares de almas feitas para amar,
sedentas de um encontro.
E agora o medo já só espera que também vós lhe perdoeis
para que ele cumpra o seu destino,
traçado desde quando Tudo começou:
da condenação de sempre se ver frente a um espelho,
e ele viu finalmente para além do espelho
e viu milhares de almas feitas para amar,
sedentas de um encontro.
E agora o medo já só espera que também vós lhe perdoeis
para que ele cumpra o seu destino,
traçado desde quando Tudo começou:
O destino de se transformar em confiança.
Domingo de Ramos/2020
Fernando Henrique de Passos
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O SENTIDO NOVO DA CRUZ
«Aquele Homem a quem chamam Jesus Cristo e por quem tantos derramaram já a vida, não nos veio tirar nenhum peso de cima, nem a doença da carne, nem sequer a morte imprevista ou anunciada.
Não fez nada disso. Mas fez muito mais do que isso: a tudo deu sentido. (...) Aquela Cruz permanece teimosamente alçada na vida dos homens! Mas foi ela que incendiou o mundo.
Felizes os que olhando-A, descobrem o sentido dos seus porquês.»
Henrique Manuel Pereira, De Pé, como as Árvores, 1995, p.164.
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REFLEXÃO SOBRE A PÁSCOA (1)
"Pai, porque me abandonaste?" (Mt 27, 46) disse Jesus já em agonia de morte. Disse-o, como qualquer um de nós diria, em tão terrível sofrimento; Ele, o Filho do Altíssimo, apelava ao Pai, Aquele que incarnara, através do ventre de uma Mulher, Maria Santíssima. Ele, o seu Pai, o Pai que o fizera ser gerado no corpo humano de Maria, a mãe, a "mater" ou origem ("O que ela concebeu é obra do Espírito Santo", Mt 1, 20).
Maria é a mãe, a "mater" material, assim como o Espírito Santo é o Pai, o "Pater" divino. Por isso, Jesus era filho de Maria e seu Pai não era o carpinteiro José, como acusavam os judeus para o humilhar, porque Jesus se afirmava Filho de Deus ("Não é Ele o filho do carpinteiro? (...) E estavam escandalizados com Ele. (...) E não fez ali muitos milagres por causa da falta de fé daquela gente", Mt 13, 55, 57 e 58). Ao Pai, Jesus obedecia. Por isso, na agonia, perante o doloroso suplício, disse: "Pai, se for possível, afasta de mim este cálice; todavia, seja feita a tua vontade, e não a minha" (Lc 22, 42). Fora para fazer a Sua vontade que Ele subira até à cruz.
E José, o esposo de Maria, não era seu pai, mas o amigo inultrapassável, porque lhe dera amor durante a infância, porque fora o grande protector, porque lhe dera educação escolar. Ora, isso não chegava para ser pai. Porque o pai e a mãe são aqueles que oferecem o bem maior, a vida. Só depois de se possuir a vida se podem receber de muitas outras pessoas, os mais altos valores. Por muito valiosos que sejam, o bem da vida é sempre o supremo bem. Só há um pai e só há uma mãe. São o pai e a mãe que oferecem a vida aos seus filhos.
Também Deus e Maria a ofereceram a Jesus. O Pai desceu até ao homem para elevar o homem através de seu Filho, Jesus o Cristo, o Salvador. A imortalidade ficaria, com a humanização de Deus, através de Jesus, garantida àqueles que O seguissem.
5ªFeira Santa (9/4/20)
Teresa Ferrer Passos
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IGUAL A UM ESCRAVO
«Ora se Eu vos lavei os pés, sendo Senhor e Mestre,
também vós deveis lavar os pés uns aos outros»
Jo 13, 13-14
Sim, o escravo lava os pés ao seu senhor.
Não, os senhores não lavam os pés aos seus escravos.
Jesus lava os pés aos discípulos.
Ele, mais que Senhor, ele, o Filho de Deus,
ele o Deus encarnado, ele que era um só com o Pai,
ele que tornava visível o Pai a quem o via,
ele que, de natureza humana, possuía natureza divina,
ele que naquele gesto humilde transmite
quem é Deus.
Pega no avental e serve os discípulos.
Lava-lhes os pés! Que costume baixo,
só próprio da mais infame posição social,
só para aqueles que não têm qualquer valor
a não ser valor para serem desprezados.
Jesus que dá, em si, a imagem do Pai,
lava os pés aos discípulos.
Oferece a beleza da humildade de Deus
com um simples gesto:
o gesto de lavar os pés,
um gesto só próprio para escravos.
Foi pouco antes da Paixão, na Sua última ceia.
Domingo de Páscoa (12/4/2020)
Teresa Ferrer Passos
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