segunda-feira, 27 de abril de 2020

ACERCA DO RETORNO DA VIDA À NORMALIDADE/Covid 19

Daniel Oliveira

Pela sensatez da sua análise, reproduzimos algumas palavras que Daniel Oliveira proferiu no programa "Eixo do Mal" da Sic notícias de 23/4/2020:

«Eu quero lembrar que há vida e morte para além do vírus. Para alguns casos fechar em casa os idosos é condená-los à morte. (...) Os idosos são cidadãos livres e autónomos. Se um cidadão estiver lúcido e não puser em perigo a vida de terceiros tem todo o direito a fazer uma escolha, o direito de fazer a escolha de correr o risco, para não definhar em casa, sozinho. E há uma maneira como se anda a falar dos idosos e dos grupos de risco quase como se fossem engenheiros de almas, como se não fossem donos da sua própria vida».

sábado, 25 de abril de 2020

Um poema


OS CRAVOS NÃO MURCHARAM

À memória da Assembleia da República
que no dia 25 de Abril de 2020,
nos mostrou que os cravos não murcharam. 

Quando os cravos não murcham,
a fraterna idade renasce todos os dias,
a memória aflora no dia da grande memória
somos capazes de comemorar sem medo da morte,
erguemos mesmo a voz para entoar cânticos de alegria.
Porém, quando os cravos murcharam há muito tempo, 
as razões para nos afastarmos do tabernáculo
logo se elevam, e dele nos afastamos 
como se nenhuma liturgia dele restasse já.
25/4/2020

                                           Teresa Ferrer Passos

quinta-feira, 23 de abril de 2020

«Não há diferenças nem fronteiras»

Estado do Butão

Papa Francisco (excerto da Homilia de 19 de Abril de 2020):

«Esta pandemia lembra-nos que não há diferenças nem fronteiras entre aqueles que sofrem. Somos todos frágeis, todos iguais, todos preciosos. (...) É tempo de remover as desigualdades, sanar a injustiça que mina pela raiz a saúde da humanidade inteira! Aprendamos com a comunidade cristã primitiva, que recebera misericórdia e vivia usando de misericórdia, como descreve o livro dos Atos dos Apóstolos: os crentes "possuíam tudo em comum. Vendiam terras e outros bens e distribuíam o dinheiro por todos, de acordo com as necessidades de cada um" (At 2, 44-45). Isto não é ideologia; é cristianismo.»

quinta-feira, 16 de abril de 2020

Vazio...

Papa reza sozinho na Praça de S. Pedro_Pascoa/2020

A ressurreição de Jesus. Venceu a morte e deixou as pedras sepulcrais num vazio absurdo.
16/4/2020
Teresa Ferrer Passos

quarta-feira, 15 de abril de 2020

"A CRUZ. VAZIA."


Excerto do artigo intitulado "A CRUZ. VAZIA."de Graça Alves, "Jornal da Madeira", 8/4/2020 (republicado pelo jornal "Mensageiro de Santo António") :

"O Cristo da minha cruz foi suster o ânimo dos que criam as vacinas, os medicamentos, um meio seguro de nos salvar a todos. Foi ajudar quem trabalha na terra, quem foi pescar, quem faz o pão e mo entrega em casa.
O Cristo da minha cruz foi abraçar os braços vazios de abraços, foi dar a mão a quem morre sozinho, foi limpar as lágrimas dos que não podem dizer adeus a quem amam, dos que… E anda nas ruas vazias, a recolher o lixo, a desinfetar as praças, a limpar o medo e a acompanhar as solidões que espreitam as esquinas."

sábado, 11 de abril de 2020

DOSSIER PÁSCOA/2020

Cruz de Gero-Kreuz Kroll (séc. X),
Catedral de Colónia


JESUS É IGUAL AO PAI, NA SUA NATUREZA DIVINA

«"Filipe disse-lhe: Senhor, mostra-nos o Pai e isso nos basta". Disse-lhe Jesus: "Estou há tanto tempo convosco e não Me conheceis, Filipe? Quem me vê vê o Pai. Como é que tu dizes: Mostra-nos o Pai? Não crês que Eu estou no Pai e que o Pai está em Mim? As palavras que Eu vos digo, não as digo de Mim mesmo, mas o Pai que está em Mim, é que faz as obras."»
Jo 14, 8-10

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TALVEZ...

«Talvez seja possível uma comunhão profunda dos seres para lá do contacto físico. Uma comunhão mais íntima do que qualquer contacto físico.»
21/3/2020
Fernando Henrique de Passos

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PÁSCOA: PASSAGEM DO MEDO À CONFIANÇA
 
Descido da cruz, nos braços de Maria

Jesus falou:
Não tenhais medo.
Há espaço no meu peito para todos vós.
Espaço aberto sobre mais espaço
e assim até ao infinito.
Espaço sem curvas nem volutas.
Espaço sem recantos nem escaninhos
onde se esconderiam sombras de insetos malfazejos.
Espaço liberto para vos acolher a todos.

Não tenhais medo.
Eu fiz-me igual a vós para vos conduzir.
Eu desci à gruta do terror.
Eu tive tanto medo como qualquer um de vós.
Mas não baixei os olhos.
Ergui o meu olhar de frente para o medo
e o medo baixou o seu olhar.
E sussurrei-lhe palavras de ternura
e o medo chorou no meu regaço
pedindo-me perdão.

E eu libertei-o do seu jugo,
da condenação de sempre se ver frente a um espelho,
e ele viu finalmente para além do espelho
e viu milhares de almas feitas para amar,
sedentas de um encontro.
E agora o medo já só espera que também vós lhe perdoeis
para que ele cumpra o seu destino,
traçado desde quando Tudo começou:

O destino de se transformar em confiança.

Domingo de Ramos/2020

                                                  Fernando Henrique de Passos

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O SENTIDO NOVO DA CRUZ



«Aquele Homem a quem chamam Jesus Cristo e por quem tantos derramaram já a vida, não nos veio tirar nenhum peso de cima, nem a doença da carne, nem sequer a morte imprevista ou anunciada. 
Não fez nada disso. Mas fez muito mais do que isso: a tudo deu sentido. (...) Aquela Cruz permanece teimosamente alçada na vida dos homens! Mas foi ela que incendiou o mundo.
Felizes os que olhando-A, descobrem o sentido dos seus porquês.»

Henrique Manuel Pereira, De Pé, como as Árvores, 1995, p.164.

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REFLEXÃO SOBRE A PÁSCOA (1)



"Pai, porque me abandonaste?" (Mt 27, 46) disse Jesus já em agonia de morte. Disse-o, como qualquer um de nós diria, em tão terrível sofrimento; Ele, o Filho do Altíssimo, apelava ao Pai, Aquele que incarnara, através do ventre de uma Mulher, Maria Santíssima. Ele, o seu Pai, o Pai que o fizera ser gerado no corpo humano de Maria, a mãe, a "mater" ou origem ("O que ela concebeu é obra do Espírito Santo", Mt 1, 20).

Maria é a mãe, a "mater" material, assim como o Espírito Santo é o Pai, o "Pater" divino. Por isso, Jesus era filho de Maria e seu Pai não era o carpinteiro José, como acusavam os judeus para o humilhar, porque Jesus se afirmava Filho de Deus ("Não é Ele o filho do carpinteiro? (...) E estavam escandalizados com Ele. (...) E não fez ali muitos milagres por causa da falta de fé daquela gente", Mt 13, 55, 57 e 58). Ao Pai, Jesus obedecia. Por isso, na agonia, perante o doloroso suplício, disse: "Pai, se for possível, afasta de mim este cálice; todavia, seja feita a tua vontade, e não a minha" (Lc 22, 42). Fora para fazer a Sua vontade que Ele subira até à cruz.

E José, o esposo de Maria, não era seu pai, mas o amigo inultrapassável, porque lhe dera amor durante a infância, porque fora o grande protector, porque lhe dera educação escolar. Ora, isso não chegava para ser pai. Porque o pai e a mãe são aqueles que oferecem o bem maior, a vida. Só depois de se possuir a vida se podem receber de muitas outras pessoas, os mais altos valores. Por muito valiosos que sejam, o bem da vida é sempre o supremo bem. Só há um pai e só há uma mãe. São o pai e a mãe que oferecem a vida aos seus filhos.

Também Deus e Maria a ofereceram a Jesus. O Pai desceu até ao homem para elevar o homem através de seu Filho, Jesus o Cristo, o Salvador. A imortalidade ficaria, com a humanização de Deus, através de Jesus, garantida àqueles que O seguissem.

5ªFeira Santa (9/4/20)

Teresa Ferrer Passos


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"Cristo ressuscitado no túmulo"
de A. S. Bergognone (1460-1523),



IGUAL A UM ESCRAVO 

«Ora se Eu vos lavei os pés, sendo Senhor e Mestre,
também vós deveis lavar os pés uns aos outros» 
                                                                             Jo 13, 13-14 


Sim, o escravo lava os pés ao seu senhor. 
Não, os senhores não lavam os pés aos seus escravos. 
Jesus lava os pés aos discípulos. 
Ele, mais que Senhor, ele, o Filho de Deus, 
ele o Deus encarnado, ele que era um só com o Pai, 
ele que tornava visível o Pai a quem o via, 
ele que, de natureza humana, possuía natureza divina, 
ele que naquele gesto humilde transmite 
quem é Deus. 

Pega no avental e serve os discípulos. 
Lava-lhes os pés! Que costume baixo, 
só próprio da mais infame posição social, 
só para aqueles que não têm qualquer valor 
a não ser valor para serem desprezados. 

Jesus que dá, em si, a imagem do Pai, 
lava os pés aos discípulos. 
Oferece a beleza da humildade de Deus 
com um simples gesto: 
o gesto de lavar os pés, 
um gesto só próprio para escravos. 

Foi pouco antes da Paixão, na Sua última ceia. 

Domingo de Páscoa (12/4/2020)

                                                 Teresa Ferrer Passos
  
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quinta-feira, 9 de abril de 2020

Reflexão sobre a Páscoa (1)




"Pai, porque me abandonaste?" disse Jesus já em agonia de morte. Disse-o, como qualquer um de nós diria, em tão terrível sofrimento; Ele, o Filho do Altíssimo, apelava ao Pai, Aquele que incarnara, através do ventre de uma Mulher, Maria Santíssima. Ele, o seu Pai, o Pai que o fizera ser gerado no corpo humano de Maria, a mãe, a "mater" ou origem ("o que ela concebeu é obra do Espírito Santo", Mt 1, 20).
 
Maria é a mãe, a "mater" material, assim como o Espírito Santo é o Pai, o "Pater" divino. Por isso, Jesus era filho de Maria e seu Pai não era o carpinteiro José, como acusavam os judeus  para o humilhar, porque Jesus se afirmava Filho de Deus ("Não é Ele o filho do carpinteiro? (...) E estavam escandalizados com Ele. (...) E não fez ali muitos milagres por causa da falta de fé daquela gente", Mt 13, 55, 57 e 58). Ao Pai, Jesus obedecia. Por isso, na agonia, perante o doloroso suplício, disse: "Pai, se for possível, afasta de mim este cálice; todavia, seja feita a tua vontade, e não a minha" (Lc 22, 42). Fora para fazer a Sua vontade que Ele subira até à cruz.

E José, o esposo de Maria, não era seu pai, mas o amigo inultrapassável, porque lhe dera amor durante a infância, porque fora o grande protector, porque lhe dera educação escolar. Ora, isso não chegava para ser pai. Porque o pai e a mãe são aqueles que oferecem o bem maior, a vida. Só depois de se possuir a vida se podem receber de muitas outras pessoas, os mais altos valores. Por muito valiosos que sejam, o bem da vida é sempre o supremo bem. Só há um pai e só há uma mãe. São o pai e a mãe que oferecem a vida aos seus filhos.

Também Deus e Maria a ofereceram a Jesus. O Pai desceu até ao homem para elevar o homem através de seu Filho, Jesus o Cristo, o Salvador. A imortalidade ficaria, com a humanização de Deus, através de Jesus, garantida àqueles que O seguissem.

5ªFeira Santa (9 de Abril/20)

  Teresa Ferrer Passos

domingo, 5 de abril de 2020

Breve testemunho , após uma queda:


A súplica de auxílio, numa situação adversa, é escutada por Jesus e Sua Mãe, quando na dor, O invocamos, cheios de confiança na sua piedade.
4/4/2020     
Teresa Ferrer Passos

Páscoa: Passagem do Medo à Confiança

Jesus descido da cruz nos braços de Maria

Jesus falou: Não tenhais medo. Há espaço no meu peito para todos vós. Espaço aberto sobre mais espaço e assim até ao infinito. Espaço sem curvas nem volutas. Espaço sem recantos nem escaninhos onde se esconderiam sombras de insetos malfazejos. Espaço liberto para vos acolher a todos.

Não tenhais medo. Eu fiz-me igual a vós para vos conduzir. Eu desci à gruta do terror. Eu tive tanto medo como qualquer um de vós. Mas não baixei os olhos. Ergui o meu olhar de frente para o medo e o medo baixou o olhar. E sussurrei-lhe palavras de ternura e o medo chorou no meu regaço pedindo-me perdão.

E eu libertei-o do seu jugo, da condenação de sempre se ver frente a um espelho, e ele viu finalmente para além do espelho e viu milhares de almas feitas para amar, sedentas de um encontro. E agora o medo já só espera que também vós lhe perdoeis para que ele cumpra o seu destino, traçado desde quando Tudo começou:

O destino de se transformar em confiança.

Domingo de Ramos/2020
                                                  Fernando Henrique de Passos