«(...)
Leite - Pois em nome da civilização de Fafe, é que eu peço a vª sª, que modere a sua língua.
O Morgado - Pelo que vejo, quem vem a Lisboa há-de moderar a língua! Acho que o diz bem, e que o faz melhor, sr. Leite. É por isso que o senhor, desde que entrou nas cortes, não disse palavra. Há-de ser por isso. O meu amigo sr. Leite quando falava aos "convívios" populares, lá na nossa terra, falava pelos cotovelos. Mas isto cá, pelos modos, muda muito de figura. Pois dou-lhe a minha palavra de honra, que, se eu fosse deputado, havia de falar quando fosse preciso, e mais não estudei gramática nem matemática. Um bom deputado tem sempre que dizer. Eu tanto pedi ao senhor que arranjasse cá com o governo a passar-me a estrada à porta, mas o senhor não fez caso (...)».
Camilo Castelo Branco, «O Morgado de Fafe em Lisboa», s/d (representada em 1961 pelo Teatro Popular de Lisboa), T.P.L., Contraponto, Col. Teatro no Bolso - 14, pág. 26 (peça datada de 1861)
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