A Cura
A João Pedro Nobre
Senhor, as Tuas Mãos nas suas mãos
a tocar o doente, quebrado e roto de músculos
(a estalarem em fragmentos insubmissos, esqueléticos),
curam.
Senhor, a Tua Voz na sua voz,
como um hino cuidoso e brando,
resgatam o vigor da alquebrada fibra,
saram.
Senhor, a Tua Compaixão (escondida) na sua compaixão,
apaga a crepitante toada de uma ruidosa fenda.
Senhor, as Tuas Mãos nas suas mãos
rompem o silêncio com uma só palavra:
"anda". O doente caminha,
sem músculos a gemer, como chegara.
Senhor, que subtil cura! E Tu, Senhor, "não estavas ali".
A andar, sem músculos a gemer,
o doente cobre-se de espanto
e de uma alegria desconhecida.
9 de Outubro de 2019
Teresa Ferrer Passos
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