a
espera parece uma eternidade. Estamos num quarto de hospital. Bebo o cálice da
angústia ao ver as tuas veias doentes à espera da cirurgia.
O
calendário, perdido da hora marcada, atormenta-nos demais. O fim da tarde
começa a cair.
A noite não tardará.
O
sol desaparecera já, quando bateram à porta. Chegavam os maqueiros. Saíste.
Cresce
agora a minha angústia. Separados ficamos. Transporto o peso da tua cirurgia
como se fosse um rio de sangue e de vida.
A
noite rompe a minha solidão e tremo de medo. Não há estrelas numa noite de
dúvida.
Não há paz num coração assustado. O dia liberta. A noite enclausura a
própria solidão em que me sento agora.
E espero uma notícia, mesmo adiada.
Espero.
É
quase meia-noite. Quanto tempo mais vou esperar para te receber no quarto do
hospital? De súbito, um ruído na porta alerta-me.
É a tua chegada.
Enfim, a luz
brilha agora como se fosse dia. Onde está a noite?
Tudo
se ilumina em mim.
E
vejo o teu olhar como se fosse inundado da sede de chegar.
Apagada a noite, os
minutos e as horas estão ali de novo.
Há tempo. Nem sombra da eternidade.
19/Julho/2019
Teresa Ferrer Passos
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