domingo, 29 de outubro de 2017

Seiva de um grande amor


na outonal videira de tanto fruto,
olhei uma folha amarelecida
e sem saber o que era o tempo.

Toquei-a devagar, com um suspiro eterno. 
E encontrei-te aí, envolto em espanto.
Entrei nas suas linhas. Estavam cheias
das tuas entrelinhas. Sem palavras,

aí, vi-te, surpreso, à espera. À espera
de uma nova linha, mesmo secreta. 
Mas a derramar a seiva de um grande amor.

29 de Outubro de 2017
Teresa Ferrer Passos





NO JARDIM DO AMOR

No Jardim do Amor
Há árvores muito altas
De troncos verticais,
Há águias de olhar firme
Voando sobre as nuvens,
Rochedos milenares
Crivados de cristais,
Exóticas papoilas
De cores nunca sonhadas,
Nascentes sulfurosas
Com água incandescente,
E feras agilíssimas
Escondidas na folhagem…

Mas num recanto calmo
Ao pé da calma fonte
Da qual só jorra mel
Namoram dois ratinhos,
Eternos namorados
Eternamente presos
Nos laços da ternura.


28/10/2017
Fernando Henrique de Passos

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

A Bíblia, o Antigo Testamento judaico e o Novo Testamento Cristão



Acerca da Bíblia, do adultério e da violência sobre a mulher ou o acórdão de um juiz do Tribunal do Porto (resposta a comentários de Pedro Mesquita Fernandes, num post de Miguel Castelo Branco in Facebook em 24/25 de Outubro de 2017:
- ...
- Na verdade, Pedro Mesquita Fernandes, "qualquer católico pode e deve defender abertamente a sua religião num Estado laico", só que o senhor Juiz pareceu desconhecer a passagem da Bíblia inscrita no Livro do Novo Testamento (Jo 8, 3 e seg.) que diz:«"Mestre, esta mulher foi apanhada, no próprio acto, adulterando. E na lei nos mandou Moisés que as tais sejam apedrejadas. Tu pois que dizes?" Isto diziam eles, tentando-o, para que tivessem de que o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, escrevia com o dedo na terra. E, como insistissem, perguntando-lhe, endireitou-se, e disse-lhes: "Aquele que de entre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela". E, tornando a inclinar-se, escrevia na terra. Quando ouviram isto, saíram um a um, a começar pelos mais velhos até aos últimos; ficou só Jesus e a mulher que estava no meio. E, endireitando-se Jesus, e não vendo ninguém mais do que a mulher, disse-lhe: "Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou? E ela disse: Ninguém, Senhor". E disse-lhe Jesus: "Nem eu também te condeno: vai-te, e não peques mais".». Jesus não condena. Porém, aconselha o arrependimento que converte a pessoa noutra pessoa: "não voltes a pecar". Em relação às leis do Antigo Testamento, estas foram substituídas pela Nova Aliança que Jesus Cristo instituiu entre Deus e a humanidade.

- Teresa Ferrer "a verdade é que se pôs a jeito, até porque toda a gente sabe que a citar-se a Bíblia convém citar o Novo Testamento que sempre é mais levezinho..."
Eu diria que o Deus da Bíblia sofre de bipolaridade, mais parecendo que o do Velho Testamento não é o mesmo do Novo Testamento. E porquê? Porque o primeiro é cruel e vingativo, tendo uma imagem bastante negativa da mulher. A lógica do meu comentário foi essa...
- Pedro Mesquita Fernandes, o Deus do Velho Testamento tem muito a ver com as leis do povo judeu que não separou nunca a lei civil da lei religiosa. As leis judaicas são imbuídas de sacralidade para as tornar mais credíveis aos olhos do Povo judaico. Acontece que os judeus não aceitaram Jesus Cristo porque era um Deus-Chefe do Estado que eles esperavam. Como não era esse Deus que esperavam e desejavam foi condenado à morte como blasfemo (fazia-se passar por Deus, mas não acreditaram que fosse). Assim, os cristãos não aceitam o Deus do Antigo Testamento (um Deus-político), mas aquele que veio fazer uma Aliança Nova e esta não só com o povo judaico (como este julgava), mas com toda a Humanidade.
Teresa Ferrer Passos

sábado, 21 de outubro de 2017

A propósito dos grandes incêndios a norte do Tejo em 14 e 15 de Outubro

«É precisa a DEVOÇÃO A MARIA SANTÍSSIMA para estabelecer mais perfeitamente a DEVOÇÃO A JESUS CRISTO» escreveu S. Luis Maria de Montfort


Que a graça da Santíssima Virgem Maria, nossa Mãe, na Sua união com Jesus, encha da misericórdia do Céu aqueles que perderam a vida ante as chamas inclementes dos terríveis incêndios, abandonados pela Protecção Civil do Estado.

Que a graça de MARIA cumule de esperança aqueles que sobrevivem nos hospitais e na dor das cinzas.

Que a graça de MARIA sustente a paz daqueles que perderam as suas casas, os seus animais e as suas hortas, e também dos que viram evolar-se em fumo as oficinas onde ganhavam o pão.

Que, depois de ter sido visto o inferno na nossa terra, não voltemos a vê-lo cair nas nossas aldeias e vilas com tanta dor, subitamente!

21 de Outubro de 2017
Teresa Ferrer Passos

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Um Poema de...

Castelo de Guimarães - Aqui nasceu Portugal, em 1128
(campos de S. Mamede)

Mensagem ou menagem a D. Duarte Pio

(avoco, para a Musa minha, o Arcano do Sol)
(Poesia é preste, o tempo urge. Com a Casa Real Portuguesa,
reaportuguesemos Portugal………..)



Ancorado e escorado em D. Dinis,
Em São João de Deus, em São Miguel,
Eu louvo o amorável Amadis:
São a lis, são as rosas de Isabel.

Manda Amor, diz Maria, se ela diz
Que a Lira é consentânea, e é fiel,
Eu vejo, em menestrel, o meu País:
Um só Rei, um só gabo e Gabriel.

Tão cedo passa tudo quando parte,
Mas o Sol de Bragança é meu prior.
A Musa é d’ aliança, e quanta Arte!!!

Que de mel no Menino Imperador!!!
Aqui eis a Beleza em baluarte,
- E eis, em D. Duarte, o meu Senhor.

Que Luz, 22/ 07/ 2017

Ad Majorem Dei Gloriam

                           Paulo Jorge Brito e Abreu

domingo, 15 de outubro de 2017

Adriano Moreira recebe Grã Cruz da Ordem do Infante D.Henrique

Adriano Moreira a acabar de ser condecorado
pelo senhor Presidente da República

O Professor Adriano Moreira acaba de receber a Grã Cruz da Ordem do Infante D. Henrique. Na cerimónia, afirmou o senhor Presidente da República: «Porque este é o momento e este é o lugar, entendo dever reparar uma pequena grande omissão histórica do Estado face a Adriano Moreira, a quem tanto os admiradores como os que nem sempre concordaram com o seu percurso" iniciado no Estado Novo reconhecem de facto que se trata de um percurso excecional no quadro da nossa vivência nacional e isso é irrebatível, é indiscutível». Um ato de justiça, sem dúvida! A homenagem merecida há muito pela sua grande dignidade moral, acrescento eu.
T.F.P.

sábado, 14 de outubro de 2017

No encerramento do 1º Centenário das Aparições de Fátima (1917-2017)


Imagem de Nossa Senhora e de Jesus ressuscitado em Fátima

«Aqui voltamos, com o terço na mão, o nome de Maria nos lábios e o canto da misericórdia de Deus no coração».

«O Papa Francisco repetiu aqui duas vezes: "Temos Mãe"! Eu permito-me acrescentar: sim, temos mãe de ternura e de misericórdia, solícita e defensora dos pobres, dos que sofrem, dos humildes e humilhados, dos oprimidos, dos sós, dos abandonados e descartados pela cultura da indiferença, de quem diz: que me importa o outro? Cada um que se arranje».

(Da Homilia do Bispo de Leiria-Fátima, D. António Marto, a 13 de Outubro de 2017, no encerramento do 1º Centenário das Aparições de Maria Santíssima na Cova de Iria, Fátima)

sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Deus quer estabelecer no mundo a Devoção a Maria Santíssima



«Se eu pudesse meter no coração de toda a gente o lume que tenho cá dentro no peito a queimar-me e a fazer-me gostar tanto do Coração de Jesus e do Coração de Maria!»
Palavras de Jacinta (Santa) a Lúcia (pouco antes de ir para o Hospital Rainha Estefânia, em Lisboa)


Consagração a Nossa Senhora 

«Ó Senhora minha, ó minha Mãe, eu me ofereço todo a Vós, e, em prova da minha devoção para convosco, Vos consagro, neste dia e para sempre, os meus olhos, os meus ouvidos, a minha boca, o meu coração e inteiramente todo o meu ser; e porque assim sou todo vosso, ó incomparável Mãe, guardai-me e defendei-me como coisa e propriedade vossa. Lembrai-vos que Vos pertenço, terna Mãe, Senhora nossa. Ah! Guardai-me e defendei-me como coisa própria vossa.»

(Oração, sem data, feita por um menino de dez anos, pouco depois da morte de sua mãe)

quinta-feira, 12 de outubro de 2017

No 1º Centenário das Aparições de Maria em Fátima



"O MEU CORAÇÃO IMACULADO TRIUNFARÁ"

«O coração cheio de Deus é mais forte. Desde que Deus assumiu um coração de homem, desde então, a liberdade do homem volta-se para o bem, para Deus, e a liberdade para o mal não tem mais a última palavra»

Angelo Comastri (Cardeal), «L'Ange m'a dit. Autobiographie de Marie», 2010, p. 134 (1ª ed. 2007).

quarta-feira, 11 de outubro de 2017

A mensagem de Fátima


"EU VENHO DO CÉU"

«Toda a mensagem de Fátima está aqui: Convertei-vos! Tornem-se discípulos verdadeiros! Sêde cristãos autênticos! Segui Jesus!»

Angelo Comastri (Cardeal), «L'Ange m'a dit. Autobiographie de Marie», 2010, p.131 (1ª edição, 2007).

segunda-feira, 9 de outubro de 2017

A propósito de 13 de Outubro de 1917: o milagre do Sol em Fátima



«"A GLÓRIA DE MARIA SERÁ PLENA NA GLÓRIA DE CRISTO" (I Cor 15, 20-28)
Neste cume de glória, Maria, desde sempre preservada do pecado, é vestida da luz do triunfo de Jesus; ela será admirada pelo universo porque, através dela, a salvação teve início no mundo, e nela resplandecerá a plenitude da glória de toda a Igreja. Ela é a mulher vestida de Sol, vestida do esplendor de Deus»

Do livro "Minha Alegria Esteja Em Vós" do Bispo Karl Joseph Romer, 2013 (in Internet)

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Catalunha: Uma luta multi-secular pela independência



SALVADOR DALI, «A Persistência da Memória» (Barcelona, 1931)
- A paisagem representa  os penhascos e o mar perto da casa de Dalí, em Barcelona.
O pintor ilumina-os com uma luz transparente e serena.

No dia 1 de Outubro, a resposta de Rajoy foi excessiva ao chamar a policia de choque para reagir à desobediência de milhares de catalães (quase 900 feridos) - um referendo para votarem com vista à independência política da Catalunha. Não nos podemos esquecer que o condado da Catalunha (séc. IX), dirigido então pelo conde de Barcelona Raimundo, não tem uma história muito diferente da história do condado portucalense (séc. XI-XII), mais tardio, portanto. A história da luta do condado de Barcelona pela autonomia é multi-secular e bem mais antiga do que a própria luta do conde D. Henrique (o herdeiro do condado portucalense) e de D. Afonso Henriques.

A vitória de Afonso Henriques sobre sua mãe, D. Teresa e o seu partidário, conde de Trava (favoráveis à subordinação dos portucalenses à Galiza) na batalha de S. Mamede (Guimarães), em 1128, marcou o dia da primeira tarde portuguesa, como sublinhou o historiador Damião Peres. No ano de 1139 (ou 1140), já Afonso Henriques usava o título de rei de Portugal. E, em 1143, é reconhecido com esse título por Afonso VII de Castela (de quem era vassalo).

Agora, o sentimento patriótico do povo catalão mostra que, sendo muito antigo, continua vivo (apesar da passagem de séculos, com altos e baixos autonómicos) entre tantos reveses da história. Nesta conformidade, o governo central de Espanha não deveria esquecer esse perfil histórico da região catalã. Deveria sujeitar-se à decisão, nas assembleias de voto, do povo catalão. Deveria ouvir, democraticamente, a vontade popular. Não o quis, desbaratando as caixas com os boletins de voto, poucos dias antes da data para a votação, em 1 de Outubro. Não o quis, ao usar a força policial contra aqueles que queriam exercer o direito de votar pró ou contra a independência. Como nos ensina a história, não se brinca com a vontade independentista dos povos. Rara tem sido, a vitória final daqueles que a querem impedir.

Lembramos que foi, em 1640, que as rebeliões catalãs deram a Portugal uma excelente oportunidade para repudiar a dominação espanhola não desejada pelos Portugueses (domínio filipino de 1580 a 1640). Nesses anos subsequentes a 1640, o apoio do rei inglês (e de outros reis da Europa) acabaria por reconhecer a auto-proclamada independência de Portugal, não aceite por Filipe IV. A Espanha manteve a guerra contra Portugal até 1668, durante quase 30 anos. A nossa independência já fora posta em grande perigo na crise dinástica de 1383-1385, em que se notabilizaram D. João, Mestre de Avis (D. João I) e D. Nuno Álvares Pereira, pela acesa e guerreira luta para a restaurar.

4 de Outubro de 2017
Teresa Ferrer Passos

Nota: Parte deste texto foi publicado como comentário na postagem de Miguel Castelo Branco (Facebook) em 3 de Outubro de 2017

segunda-feira, 2 de outubro de 2017

As leis do demiurgo...
















SORTILÉGIO

O segredo é não deixar que a tempestade
Repita alto as leis do demiurgo.

Guiá-la pela mão às escondidas
Pelos canais notívagos em chamas
Quando Veneza desaba sob a chuva.

Gritar-lhe em silêncio que se erga
E caminhe nua sobre as águas
Até à porta aberta pelo vento
Na névoa azul do porto abandonado.

E dos seus olhos límpidos ferozes
Quando soltarem o ímpeto guardado
Beber-lhe líquido o ouro dos relâmpagos.

1/10/2017

                      Fernando Henrique de Passos