No dia 10 de Junho de 1580 morria Luís de Camões, o príncipe dos Poetas da Europa. Foi ele que cantou, em versos de altura insuperável, a verdadeira dimensão das aventurosas viagens de descobrimento de Portugal por um mundo ainda tão ignorado.
Um mundo novo começara a erguer-se com os sábios da arte da navegação e com a grande frota naval das caravelas. Tudo se tornou diferente no ano de 1419, ano da primeira descoberta: a ilha a que chamaram da Madeira. E quantas ilhas depois para o Ocidente da costa atlântica de Portugal e quantas para o sul da África e para o seu Ocidente, com o descobrimento do novo continente, a que se chamaria América do Sul.
O país mais ocidental da Europa, essa faixa atlântica da Península Ibérica, Portugal, projectava-se no Atlântico profundo, depois no Índico guerreiro e ainda no fabuloso Pacífico de tantas diferenças. Ao longo do século XV, os mares cruzava e oferecia à Europa novos povos, novas geografias, novas riquezas.
Os portugueses, tornavam nova a sua velha Europa, os seus povos, cheios de surpresa e já a vislumbrar auspicioso futuro. E toda a Europa se renova e se quer confrontar com o país descobridor, a começar por Espanha. E muitos, os maiores, seguem a estrada aberta pelos portugueses: nos mares dos progressos ainda distantes e nas terras da prosperidade logo sonhada, penetram sem olhar para trás.
Teresa Ferrer Passos
Teresa Ferrer Passos
Escrevia Camões em «Os Lusíadas» (Canto V, 3-4 e 86):
«Já a vista, pouco a pouco, se desterra
Daqueles pátrios montes, que ficaram;
Ficava o caro Tejo e a fresca serra
De Sintra, e nela os olhos se alongavam,
Ficava-nos também na amada terra
O coração, que as mágoas lá deixavam,
E já despois que toda se escondeu,
Não vimos mais, enfim, que mar e céu.
Daqueles pátrios montes, que ficaram;
Ficava o caro Tejo e a fresca serra
De Sintra, e nela os olhos se alongavam,
Ficava-nos também na amada terra
O coração, que as mágoas lá deixavam,
E já despois que toda se escondeu,
Não vimos mais, enfim, que mar e céu.
Assi fomos abrindo aqueles mares,
Que geração alguma não abriu,
As novas Ilhas vendo e os novos ares.
Que o generoso Henrique descobriu;
De Mauritânia os montes e lugares,
Terra que Anteu num tempo possuiu,
Deixando à mão esquerda, que à dereita
Não há certeza doutra, mas suspeita.
(...)
Julgas agora, Rei, se houve no mundo
Gentes que tais caminhos cometessem?
Crês tu que tanto Eneias e o facundo
Ulisses pelo mundo se estendessem?
Ousou algum a ver do mar profundo,
Por mais versos que dele se escrevessem,
Do que eu vi, a poder de esforço e de arte,
E do que inda hei-de ver, a oitava parte?»
Que geração alguma não abriu,
As novas Ilhas vendo e os novos ares.
Que o generoso Henrique descobriu;
De Mauritânia os montes e lugares,
Terra que Anteu num tempo possuiu,
Deixando à mão esquerda, que à dereita
Não há certeza doutra, mas suspeita.
(...)
Julgas agora, Rei, se houve no mundo
Gentes que tais caminhos cometessem?
Crês tu que tanto Eneias e o facundo
Ulisses pelo mundo se estendessem?
Ousou algum a ver do mar profundo,
Por mais versos que dele se escrevessem,
Do que eu vi, a poder de esforço e de arte,
E do que inda hei-de ver, a oitava parte?»
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