quarta-feira, 17 de abril de 2019

DOSSIER PÁSCOA/2019


ÍNDICE

"Mistério pascal" Fernando Henrique de Passos
"Sem uma lápide" Teresa Ferrer Passos
"senhor" Carlos Lopes Pires
"Pascoal primaveril" Paulo Jorge Brito e Abreu
"Auto-retrato" Daniel Faria
"Páscoa em Lisboa" Fernando Henrique de Passos
"Onde estou, Jerusalém?" Teresa Ferrer Passos



Coroa de espinhos de CRISTO: "TU ÉS REI"



A 1ª camélia,
abriu no Domingo de Ramos

MISTÉRIO PASCAL


O Uno, O Todo, O Inefável, Deus,
O sonho de todas as filosofias,
Morreu pendurado pelos braços,
E morto esteve durante três dias.

O Mundo quebrou-se em mil pedaços,
As aves do céu e os lírios do campo tremeram de medo,
E os espaços siderais tremeram de frio.

Mas ao terceiro dia, manhã cedo,
Madalena encontrou o túmulo vazio.

O túmulo vazio, o Mundo pleno,
Regurgitando de luz e de sinais,
Para tanto Amor quase pequeno.

Que procuramos mais?

Fernando Henrique de Passos, Breve viagem nas margens do mistério, Textiverso, Leiria, 2018




O branco-puro da camélia no verde-musgo das folhas


SEM UMA LÁPIDE 


Quem rompeu os laços traçados na pedra, 
quem deu abrigo ao pobre de nada?
Quem o fez ao mais ignorado pelo mundo,
ao grande demais, que morre e não tem morada?

Sinais silenciosos gritam no ar.
São vozes desencontradas de soldados.

Uma mulher, junto ao sepulcro, chora. É a mãe.
Não, não está aqui. Não está o corpo.

Já não está ali o seu filho. Redivivo. Vivo!

«SEI que vive» sibilou.
E limpou as lágrimas dos lábios ressequidos. 

Tempo de Páscoa, 17/Abril/2019
Teresa Ferrer Passos



As flores começam a chegar nas horas da Páscoa

senhor

tu tens silêncio
sobre todas as coisas

e os insectos conhecem-no

e nada 
nem as rosas
lhe podem escapar

Carlos Lopes Pires, aquele que não ouvirás mais, Hora de Ler, Leiria, 2019

Lírio e sardinheira abrem-se à chegada do Domingo de Ramos





PASCOAL PRIMAVERIL
ORAÇÃO À VIRGEM MÃE

(avoco, para a Musa minha, o arcano e arcaico do Arquétipo Sol)

Almo Sol e verde gomo 
Nesta calma, no jardim, 
Deus Apolo que, no pomo, 
É flor d’Alma e carmesim. 

Santo é o Céu, santo é o cimo. 
Musa amena, vive e espera 
Por Museu, esse divino, 
Pela eterna Primavera. 

Que essas aves, tão canoras, 
Vão prà festa das olaias… 
Vão suaves pràs amoras, 
Lida lesta, Amor em Maias. 

Ah, que toda esta manhã 
Eu vi santa a tua Luz!!! 
Nesta poda vi deus Pã, 
Hierofanta, com Jesus. 

Mas quando o meu Sol se perde 
Na vindima em que me afoite, 
Vivo olhando o verde, verde, 
Morro em lima, e vem a Noite. 

           Ad Majorem Dei Gloriam

                            Paulo Jorge Brito e Abreu 




Flores a abrirem na Semana Maior da Páscoa, junto à janela

"AUTO-RETRATO" pelo poeta Daniel Faria (1971-1999)

"É um rosto com os olhos, os lábios, o pensamento, todo o retrato à procura do silêncio ressuscitado, como Sábado Santo esperando em seu coração, em sua garganta, em suas mãos, em cada sopro do barro, o canto novo.

Eu já sabia que o lugar era a pedra, mas só depois fiz da pedra o meu lugar. Encontrei como entrar nela pelo seu lado aberto, descansar em sua pulsação até não ser mais ninguém.

A completa presença na única presença, para ser, à sua semelhança, tudo em todos."


E olha-se o mar-esmeralda do florestal parque  


PÁSCOA EM LISBOA


O Cristo parou no centro de Lisboa.

Todos os condutores Lhe obedeceram
Quando o asfalto se tornou montanha
E as pedras começaram sussurrando,
Transfigurada em múltiplas palavras,
A inconsútil ordem do Senhor
Que Ele tornava audível ao deixar
Que as aves lhe poisassem nos cabelos.

O Cristo parou no centro de Lisboa.

E a Páscoa soprou no arvoredo
E acordou os corações do tédio
E os olhos abriram-se de espanto
Quando um Sol encheu inteiramente
O espaço além do vale onde pastavam
Os lobos ao lado dos cordeiros.

O Cristo parou no centro de Lisboa.

E o seu peito abriu-se e acolheu
Todas as dores e deu-lhes leite e mel
E embalou-as até adormecerem
E acordarem já como bonanças.

O Cristo parou no centro de Lisboa.

E o trânsito moderno impaciente
Passou a fluir tal como seiva
Alimentando a árvore que sem esforço
Se ergue da terra até ao Céu. 
  
Páscoa (18/4/2019)

Fernando Henrique de Passos





ONDE ESTOU, JERUSALÉM?

Escolhi um santuário e o silêncio
assomou em Jerusalém como uma preciosa pérola.
A palavra cresceu redonda e tamanha
em instantes eternos inscritos nas muralhas.
Aqui escrevi uma aliança que esbarrou
nas palavras dos homens. Nas suas ruínas
um novo Templo edificaram.

Oh Jerusalém, minha cidade e meu santuário,
onde orei e vi e ensinei até à morte.
Onde estão as lágrimas do arrependimento a deslizar?
Onde a Nova Aliança do perdão sem tempo?
Onde a via sacra, a cruz e o sepulcro nas tuas ruas?
Onde a Vida toda para grandes e pequenos?
Onde estou Eu, depois de Ressuscitado?
     
Tempo de Páscoa (11/3/2016)

   

Teresa Ferrer Passos




Lírio branco


VOTOS PARA TODOS OS AMIGOS DO FACEBOOK,

DE UMA PÁSCOA PASSADA COM ALEGRIA,

NA VERDADE DE JESUS QUE, RESSUSCITANDO,
VENCEU O MUNDO, COMO TINHA DITO. 







********

Sem comentários:

Enviar um comentário

Deixe aqui o seu comentário