UM OLHAR SOBRE A REVISTA «A IDEIA» (Outono de 2024)
No artigo de abertura, António Cândido Franco debruça-se sobre os 50 anos do 25 de Abril. "Da revolução ao colapso" é o tom com que nos apresenta esta reflexão eivada de um forte lamento. O fator mais insidioso nesta análise é o sistema em que a revolução dos Cravos assentou: o poder alcançado pelos partidos políticos, após o golpe militar. O "monopólio total da vida política" foi para ACF o "erro capital de Abril". Contradições bizarras conduziram os caminhos de uma pátria que não tem sido escutada. Os caminhos de Abril perderam-se e os cravos murcharam, sem remissão. Os projetos falharam. Um "quadro de descalabro" envolve-nos 50 anos depois. Na perspectiva de ACF, resta, afinal, "o sonho dum sistema que tivesse sido capaz de superar as máquinas de guerra e de exclusão e que 50 anos depois dos Cravos assegurasse a representação da maioria da população portuguesa e da quase totalidade do eleitorado - um sistema que não fosse o embuste de raiz que este foi nem o desastre e a desilusão em que este se tornou".
As palavras de ACF podem abrir uma polémica necessária e contundente, quando passam 50 anos sobre a revolução de 1974. Uma revolução que acabou com a guerra colonial, mas que continua a não ver resolvidos os entraves maiores com que se defronta o povo português. O embate entre governantes e governados prolifera e não permite a vivência de um clima de paz e prosperidade, esse clima que deverá reger a vida de uma nação, e esta, a nossa, com quase nove séculos de História.
22 de Janeiro de 2025
Teresa Ferrer Passos
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