AS MINHAS CARTAS
Com a saudade de minha mãe,
desde o dia 11 de Julho de 1990
desde o dia 11 de Julho de 1990
as minhas cartas escrevem a tua ausência que escorre
nas paredes da casa. Escrevem o teu olhar inscrito
em cada folha verde-musgo dos plátanos da nossa rua
e os dias caiados por asas rompem o ar que respirámos.
as minhas cartas tangem como sinos invisíveis para ti
nestas horas que me dizem que estás a ler-me
e a sorver-me, no teu além vivo como a vida
que te escapou apesar da tua incredulidade em perdê-la.
as minhas cartas longas perdem-se
ainda embebidas na alegria das tuas horas cor de rosa
e extasiadas no perfume dos goivos e dos gladíolos vermelhos
que acariciavas com os dedos entorpecidos de dor.
ainda embebidas na alegria das tuas horas cor de rosa
e extasiadas no perfume dos goivos e dos gladíolos vermelhos
que acariciavas com os dedos entorpecidos de dor.
as minhas cartas deslizam sem saber nas águas do rio
onde moras e onde passas com uma ondulação mansa
à procura da minha presença eclipsada
onde moras e onde passas com uma ondulação mansa
à procura da minha presença eclipsada
porque as tuas palavras já não escuto.
11 de Julho de 2024
Teresa Ferrer Passos
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