com a intensidade dos dias antes.
a neblina não estava aí. apenas a ondulação
a mirar-se na sua quietude parecia que
não perdera o sentido. ao longe o mar espraiava
o Tejo incauto ousado e pleno de um desejo a
prolongar-se na sua decrepitude. sem antes.
agora a cidade vadia pavoneava-se de nevoeiro
como se fosse a única joia que gostava de ostentar
neste dia a submergir quase numa chuva rala
esquiva como o meu pensamento sem infinito.
as árvores esconsas no Monsanto elevavam-se
como torres que buscavam ver o Tejo num dia de sol.
vi-as abatidas pela tarde de sombras.
vi-as sob a dispersão de um nevoeiro a deixar em
invisíveis fragmentos os ramos largos.
senti o seu marasmo eloquente demais
como se fosse meu.
a minha tenda de sonho tornava-se visível
ao mesmo tempo que uma realidade invisível subia
até ao meu olhar frente àquele assombro.
tão inesperado e tão belo.
4 de Maio de 2024
Teresa Ferrer Passos
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