Presépio da nossa casa |
"Então o lobo habitará com o cordeiro e o leopardo deitar-se-á com o cabrito; o novilho e o leão comerão juntos, e um menino os conduzirá".
Is. 11, 6
Is. 11, 6
"O Senhor diz:
«Olhai: coloco em Sião uma pedra-testemunho,
uma pedra angular, preciosa, de base:
Aquele que confiar nela não tropeçará»"
Is. 28, 16
"Para seguirmos o exemplo de Maria, para deixar Deus entrar
e agir na nossa vida, temos de Lhe abrir a porta. Maria pôs-se
ao dispor de Deus. Isto é que é acreditar! A fé implica-nos."
Twitter, 2021
Cardeal Manuel Clemente
A VIDA SILÊNCIO AZUL
desliza célere sobre o deserto das almas
e as casas perdem-se de si na procura das mesas
onde havia o pão e o leite e a fruta.
exaustas, já gastas e enlameadas,
sentem-se perto do dilúvio.
a água intrépida, incontinente,
alaga os corações suspensos
como se fosse um trovão a descer com raios fulminantes,
os raios do mal. E tudo à volta é abatido.
a água vem do alto sem um suspiro de dor,
tudo retira dos lugares que pareciam inamovíveis.
resta apenas uma pequena faúlha: o sóbrio bem.
sustenta-o a audácia grácil e uma língua de azul
emerge das negras nuvens apagando-as.
a vida resiste. Resiste mais uma vez,
como um silêncio imaculado e sem fim.
13/12/2022
Teresa Ferrer Passos
como se fosse um trovão a descer com raios fulminantes,
os raios do mal. E tudo à volta é abatido.
a água vem do alto sem um suspiro de dor,
tudo retira dos lugares que pareciam inamovíveis.
resta apenas uma pequena faúlha: o sóbrio bem.
sustenta-o a audácia grácil e uma língua de azul
emerge das negras nuvens apagando-as.
a vida resiste. Resiste mais uma vez,
como um silêncio imaculado e sem fim.
13/12/2022
Teresa Ferrer Passos
AS ORIGENS DO NATAL
“Que cansaço estar sempre aqui em cima –
Os seres humanos parecem-me formigas,
As formigas parecem-me micróbios,
E não tenho amigos nem amigas.
Gostava de poder brincar –
Às escondidas, por exemplo.
Ninguém me ia encontrar
Se me escondesse no meu Templo!
Gostava de não ser omnipotente –
Ter de pedir que me levassem pela mão
A ver o sol poente
No final de uma tarde de Verão.
Gostava sobretudo de ter mãe –
Que me passasse a mão pelos cabelos com meiguice,
Mas que me ralhasse também
Se eu fizesse uma tolice.
Gostava de não ser
omnisciente –
Não conhecer o meu destino
E só saber que tinha de ir em frente.”
… E assim Deus se fez menino.
Os seres humanos parecem-me formigas,
As formigas parecem-me micróbios,
E não tenho amigos nem amigas.
Às escondidas, por exemplo.
Ninguém me ia encontrar
Se me escondesse no meu Templo!
Ter de pedir que me levassem pela mão
A ver o sol poente
No final de uma tarde de Verão.
Que me passasse a mão pelos cabelos com meiguice,
Mas que me ralhasse também
Se eu fizesse uma tolice.
Não conhecer o meu destino
E só saber que tinha de ir em frente.”
In Fernando Henrique de Passos, Breve Viagem nas Margens do Mistério, Hora de Ler, Leiria, 2018, pág. 12.
«Este é o Filho do homem, ao qual a justiça pertence, o qual revelou todos os tesouros do que é escondido»(1)
o olhar do mago das terras da Etiópia
onde morava a justiça, a verdade tão ausente
e onde se escondiam os mistérios da vida.
o mago de rosto queimado queria tudo desvendar.
olhava as estrelas que brilhavam e não lhe respondiam.
pedia-lhes que revelassem um só segredo que fosse,
a elas, sábias, que tudo conheciam.
Numa noite mais escura do que era costume
viu uma estrela de pouco brilho.
que estranha, tão apagada! e movia-se
─ coisa mais estranha ainda ─
para um deserto vasto, o deserto do Sinai.
Com as pálpebras avermelhadas de cansaço,
o mago daquelas terras áridas e secas
aventurou-se a segui-la. Que largo caminho à sua frente…
E de novo um deserto, o de Neguev e outro ainda, o de Judá!
Aqui chegado, a estrela quase a apagar-se,
mostrou-lhe um pequeno lugar: Belém.
Aí, viu um estábulo que deixava transparecer
um Menino, todo feito de luz.
e essa luz que emanava tudo lhe revelou.
Natal/2022
Teresa Ferrer Passos
(1) Livro de Hanokh (versão etíope, copta), 300-200 a.C.(?), Capítulo 46, 2.
Menino Jesus de um dos presépios da Exposição da ALDEPA, em Alcantarilha |
UMA JANELA SOBRE O VENTO
Num impulso violento,
Mas simultaneamente terno,
Abriu-se uma janela sobre o vento,
Talvez no Solstício de Inverno,
E os ouvidos de Deus escutaram o lamento
Do frágil ser que queria ser eterno.
Deus, tendo pena do tal ser,
Fez-se menino num estábulo em Belém;
Vieram bichos para o aquecer,
Que o estábulo era frio, e húmido também;
O vento uivava como que a dizer
Que aquele menino ia ser alguém.
O menino cresceu até ser vendaval,
E soprou, e soprou, e virou do avesso
O ser miserável, débil e mortal.
Deu-lhe um novo alento, deu-lhe um recomeço,
Deu-lhe a vida eterna, livrou-o do Mal.
Mas o ser humano – é mesmo verdade! –
Preferiu o Mundo à Eternidade.
24 de Dezembro de 2022
Fernando Henrique de Passos
UM NATAL NA ALEGRIA DE CRISTO!
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