A CETINOSA SENSIBILIDADE DOS INSETOS
As patas pequenas, enceradas,
Velam pela correcção da luz,
Pelo desagravo das leis enxovalhadas,
Pela rectidão do caminho que conduz
Às verdes águas deslumbradas.
O lento tecer da ordem fina
Prevalece sobre o caos de antigamente.
Brilham carapaças na neblina
Que esbate ao de leve o sol poente
E orvalha a folhagem da bonina.
Pontos cintilantes e antenas
Tacteiam o musgo nos umbrais
Das portas abertas aos poemas
Que escrevem os pequenos animais
De patas felpudas e pequenas.
Fernando Henrique de Passos
Da realidade, Fernando Henrique de Passos desce, neste conjunto de poemas, ao submerso que é a surrealidade do mundo, deste mundo por desvendar e que flutua quase impercetível na sua passagem por dentro de nós.
11/Junho/2022, Facebook
Teresa Ferrer Passos
Teresa, dizes bem, a surrealidade não é uma invenção, é um "mundo por desvendar e que flutua quase impercetível na sua passagem por dentro de nós". O que em Portugal se traduz por surrealidade, devia na verdade traduzir-se por sobrerrealidade, porque era isso que queriam dizer os fundadores do surrealismo: a realidade que eles se propunham explorar era para eles superior à realidade da nossa experiência quotidiana.
11/Junho/2022, Facebook
Fernando Henrique de Passos
Olá Fernando
ResponderEliminarTocou-me pela beleza das palavras "a cetinosa sensibilidade dos insetos"
Olá Aurora
ResponderEliminarSó hoje vimos que tinhas deixado dois comentários no nosso blog no dia 10 de Julho, por isso só hoje os pulicámos. Obrigado.
publicámos
ResponderEliminar