Jesus ressuscitado |
1. BREVE MEMÓRIA
O LIVRO de ENOQUE [séculos IV a III a. C. (?)] foi citado por cristãos dos primeiros séculos depois de Cristo, designadamente em algumas cartas do Novo Testamento (Judas, Hebreus e 2ª carta de Pedro). Antes da «Vulgata» (versão de S. Jerónimo, no ano 400), os cristãos citavam-no abertamente nos seus textos. Rejeitado nesta versão da Bíblia, caiu no esquecimento. Embora tenha sido descoberta uma versão nos «Manuscritos do Mar Morto», descobertos, em 1948, perto do Mar Morto, do Livro de Enoque só restou no Ocidente, durante muitos séculos, uma versão etíope (versão copta).
Algumas passagens pré-anunciando o Messias, em tempos apocalíticos:
“Naquele dia, farei com que o meu Eleito habite no meio deles; mudarei a face do céu. Eu também mudarei a face da terra. Os justos satisfarei com a paz, colocando-os diante de Mim”.
“Ele expulsará reis dos seus tronos e os desapossará dos seus domínios porque eles não O exaltarão, O louvarão, nem se humilharão diante d’Ele, tendo recebido d’Ele os seus reinos”.
“Naqueles dias, o Eleito será exaltado. A terra se regozijará; os justos habitarão nela e a possuirão".
“Então, os reis, os príncipes e todos os que possuem a terra glorificarão Aquele que tem domínio sobre todas as coisas (...) pois desde o Princípio dos tempos o Filho do homem existiu em segredo, o qual o Altíssimo preservou na presença do seu Poder e foi revelado aos eleitos".
"Toda a iniquidade desaparecerá e se afastará da Sua face".
"E assim, o prolongamento dos dias estará com o Filho do homem"; "A paz será para os justos e os retos possuirão o caminho da integridade, em nome do Senhor dos espíritos, para sempre".
in O Livro de Enoque (tradução brasileira, 2014), Capítulos 45, 4; 46, 4; 50, 5; 61, 10 e 11; 68, 41; 70, 23.
* * *
2. JESUS É O REINO DE DEUS
(Joseph Ratzinger, Bento XVI, Jesus de Nazaré,
Esfera dos Livros, 1º vol., 2007, pp. 95, 97,98)
Sepulcro vazio, ressuscitou! |
«O reino de Deus n'Ele e por Ele, aqui e agora, torna-se presença, "está próximo"».
«A nova proximidade do reino é Ele mesmo».
«Em Jesus, Deus vem ao nosso encontro. N'Ele, agora é Deus que opera e reina de maneira divina, reina através do amor que vai "até ao fim"».
«Deus ocupa sempre o lugar central no discurso».
«Toda a sua pregação é anúncio do seu próprio mistério».
«A presença de Deus no seu próprio agir e ser [é] o ponto que conduz à cruz e à ressurreição».
***
3. DOIS POEMAS INÉDITOS:
RESSUSCITEMOS A PAZ
Caminhemos sem tropeçar nas
cascatas
da metralha nem nas pedras que
assobiam em ares crivados de guerra.
Procuremos a paz impressa em cada flor
que nasce da terra opaca, submersa, escondida,
brotando para o esplendor da luz dos dias serenos.
Abramos as portas do sepulcro!
Aí nada sobra, nada se perpetua no tempo,
nenhum vestígio visível sobrevive,
sequer uma voz a aplacar o ódio das palavras amargas,
─ toscas imagens da raiva a soprar ─
o sofrimento impiedoso e desviado da verdade.
Olhemos a luz a proclamar a vida verdadeira,
sem falsidade ou atropelos à justiça e vejamos
a tranquilidade que a paz implica, soberana.
Desvendemos a visibilidade do Cristo redivivo,
─ imagem única em que acreditamos
porque o olhámos nos olhos.
Rumemos à paz pela estrada da ressurreição,
não seguindo os caminhos estreitos
e enganadores da guerra, com mais guerra.
Aplaquemos o espírito desavindo oferecendo-lhe paz
a rodos, demos-lhe a guarida do perdão,
esse sol imenso e silencioso e torrencial.
Depressa! Desprezemos as armas!
As armas não passam pelos vastos caminhos da paz.
As armas passam apenas pelas veredas estreitas da morte!
Páscoa (15/4/2022)
Teresa Ferrer Passos
***
4. PALAVRAS do PAPA FRANCISCO
Vigília Pascal (16/4/2022):
«(...) Façamos ressuscitar Jesus, o Vivente, dos túmulos onde O tínhamos encerrado; libertemo-Lo das formalidades onde frequentemente o enclausuramos; despertemos do sono da vida tranquila onde às vezes O reclinamos, para que não perturbe nem incomode mais. Levemo-Lo para a vida de todos os dias: com gestos de paz neste tempo marcado pelos horrores da guerra; com obras de reconciliação nas relações rompidas e de compaixão para com os necessitados; com ações de justiça no meio das desigualdades e de verdade no meio das mentiras. E, sobretudo, com obras de amor e fraternidade (...)».
Sem comentários:
Enviar um comentário
Deixe aqui o seu comentário