Teresa e sua Mãe, no quintal da casa, em Coimbra (1956) |
No 27º aniversário da morte da minha amada Mãe,
uma lembrança de poesia - a poesia que ela tanto gostava de decorar, e, depois declamar, nos momentos apropriados.
VISÃO DO CEU
Eu amo a nuvem doirada
Que vagueia pelos ceus.
Amo a noute, quando a terra
Envolve em seus negros veus.
Amo a estrella scintillante
Com o seu grato fulgor.
Eu amo o brilho da lua
De que a prata imita a côr.
Amo o barco que fluctua
Do meu patrio Tejo á flor,
Amo o canto d'avesinha
Que só diz - amôr, amôr.
Amo a tarde quando o occaso
Tinge o céu de varias côres.
Amo o bosque que o acaso
Matiza com lindas flores.
Amo da pomba a doçura,
Do tigre a ferocidade;
Amo do cysne a brancura
E da aguia a liberdade.
Mas o que sobretudo amo
É, dilecto, um olhar teu,
Que nas tristezas da terra
Mostra os encantos do ceu.
Maria d'Eça O'Neill, Nimbos, Livraria Editora Viúva Tavares Cardoso, Lisboa, 1908, pp.179-180.
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