Cafetaria da Fundação Calouste Gulbenkian |
do princípio de nós ou da beleza
numa chávena de café estremecem os teus dedos
convexos demais. Num espaço irreal
descubro grãos negros. Vejo incêndios
perpetuados em água. Vulcões negros soltam-se.
véus de nuvens densas mostram um cérebro
a escorrer seivas brancas. E os sentimentos
não transparecem. Tudo é baço, estranho talvez.
olho o café como se visse uma laranja doce.
Um encontro marcado e inclemente? Vejo o nada.
Onde estás? Pergunto.
E, tu, levantas o olhar turvo,
de súbito, para mim.
20 de Julho de 2017 (24º aniversário do nosso primeiro encontro na Cafeteria da Fundação Calouste Gulbenkian)
Teresa Ferrer Passos
O LIVRO VERDE DO AMOR
Encontrámo-nos numa biblioteca
No centro de um jardim
E os livros da larga biblioteca
Escutaram com atenção minuciosa
As primeiras palavras que trocámos
E contaram-nas aos cisnes e aos peixes
E aos pardais, às joaninhas e aos melros
Que as foram repetindo sem descanso
Até elas ficarem imprimidas
No sussurrar da brisa na folhagem
E no bater do coração das árvores
E no tremer das águas nos riachos
Como as palavras de um livro transparente
Que nós ouvimos a cada regressar
À biblioteca no meio do jardim.
20 de Julho de 2017
Fernando Henrique de Passos
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