segunda-feira, 10 de março de 2014

As fronteiras dos seres

(para uma Teoria dos Conjuntos não cartesiana)

Filósofo e Matemático René Descartes (1596-1650)


A velha marca fronteiriça,
Coberta de hera, escondida pelo mato,
Num bocejo de paz e de preguiça
Desobedeceu às ordens de Renato.

Regiões contíguas – coisa estranha –
Hesitaram sobre o conceito de pertença.
(Como se, de Portugal e Espanha,
Nenhum soubesse de quem era Olivença.)

O mundo sorriu secretamente,
Aliviado da nitidez em excesso.
Passado e futuro entraram no presente,
Ínfimo ponto assim feito processo.

Sabedoria da pedra desgastada,
Vitória do todo sobre a parte:
Do rosto exacto de René Descartes
Não resta mais que a foto desfocada.

8/3/2014

Fernando Henrique de Passos 

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