«Fazei-vos servos uns dos outros pela caridade»
S. Paulo Gál. 5, 13
Encandeados pelas cores do pó
no olho nu desarmado, a apagar-se,
riem com riso irrisório
e correm
no sonoroso palmilhar do negro alcatrão…
não se vêem nem se sabem,
não são?
Entre nebulosas de pó verde, vermelho, amarelo,
eclipsam as identidades cheias de dádiva,
aniquilam a vontade pura de dar
e ampliam o absurdo em que correm
com vozes gritantes
a parecerem mendigos de atenção…
e não, não servem a ninguém,
nem tão pouco a eles próprios
nem tão pouco...
Meu Deus, Pai de todos nós,
lembrai-lhes o que é servir,
o verdadeiro dar e receber,
o que é dividir tudo na fraternal idade.
Meu Deus, Pai de todos nós,
lembrai-lhes o equívoco dos vendilhões do Templo,
lembrai-lhes que a nódoa das pistolas de tinta colorida
não são também senão equívoco ainda
e agora a servir-se do vosso dar
para vender um produto barato
e esvaziado das razões do que é mesmo o servir…
Meu Deus, Pai de todos nós,
lembrai-lhes a felicidade
de servir os outros, perdidos,
abandonados, sem afecto,
e não estes que só se identificam
por oferecer prazeres breves e cheios de nada.
Lembrai-lhes meu Deus, Pai de todos nós,
lembrai-lhes o que é o verdadeiro servir,
que alegria é ir até ao solitário,
ao triste, ao sem arrimo, ao sem eira nem beira…
e só assim chegarão mesmo, muito para além de si próprios!
11 de Julho de 2013
Teresa Ferrer Passos
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