terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Meditações Cristãs


Editor e Poeta José Manuel Capêlo (1946-2010)
Pintura de Emília Matos e Silva 

«Ai de mim», diria o Apóstolo, «se eu não evangelizar». Nesta altura em que Portugal faz, de novo, uma descida aos infernos, Cristo, mais que nunca, é medicamento e alimento - e, em crítica acribia, Ele é o maior Poeta de todos os tempos. E por isso, num escorço breve e leve, esquadrinhemos: falante e aflante, o que é a Eucaristia???

Ela é, sobremodo, a caroal fracção do pão. Ou melhor: sempre que alguém reparte o pão, a título graciano, ele é da minha Via, ele faz, «ipso facto», Eucaristia - e a mesa no altar, esse Ágape cordial, é isso que nós vemos na palavra «companheiro»; e «companhia», portanto, é da Paz e «cum panis». Que o seminário, aqui o vemos, é o alfobre das sementes.

E semear é palavrar, lavrar em Pã, a fim de que a sementeira em Cristo floresça. E se a Palavra é pois o Verbo, e o «Logos» em acção, sejamos nós os novos Companheiros de Emaús. Sejamos, dessarte, o «Homo Viator» - que a viagem pois a Fátima, a Roma ou Compostela, ela começa, simplesmente, com um passo pequenino. Na sociedade dos Amigos, ou amáveis, a comunidade não será, propriamente, comunista; ela é, sim, pacifista, pessoal e comunitarista. 

Retomemos a colação, e a lição, de Kant Emanuel: «Age de tal maneira que uses a humanidade, tanto na tua pessoa como na pessoa de qualquer outro, sempre e simultaneamente como fim e nunca simplesmente como meio.» Ou melhor: se a Filosofia Portuguesa é ligada, ou aliada, da franca Teologia, procuremos pois a Arte, como busca da Beleza, a Religião, como práxis de Bondade, e finalmente e alfim a Filosofia, como apaixonada e cultual indagação da Verdade. 

Na atitude poética, e nanja tecnocrata, comunicar deriva de um impulso eucarístico de comungar, congregar ou pôr em comum: e por isso, meus Amigos, o comunitarismo. Nós queremos dizer, e dessarte aduzir: o dinheiro, em si, não é um mal - e, se a plutocracia provém de Plutão, o dinheiro, deveras, é força esterquilínia: concentrado, ele fede e cheira, mas, disseminado, ele faz crescer as frutas, a planta e a vegetação - e estamos de novo a falar da partilha do pão. 

A Rosa, por exemplo: de que se nutre, ela, a Flor, senão do estercorário??? Um reparo, porém, aos usurários, aos videntes de profissão: como se lobriga em «Actos dos Apóstolos», 8, 20, o Espírito Santo não se compra com dinheiro. 

Um pouco mais longe e eu promulgaria: a espiritual Medicina, ela é prática gratuita, o Amigo do ABC, ele se porta, e comporta, qual Amigo do «abaissé» - e essa a escola, e o escopo, de nossos progredimentos. E esse o escol, a escolástica, o sinal, o Império, mavioso, da Paz universal................... 


Queluz, 20/ 02 / 2015

                                            Paulo Jorge Brito e Abreu    

Sem comentários:

Enviar um comentário

Deixe aqui o seu comentário