sábado, 19 de fevereiro de 2022

28º aniversário do nosso casamento

 Logo pela manhã, recebi do Fernando esta prendinha alusiva ao nosso dia de casamento, em 19 de Fevereiro de 1994; um poema a transmitir o encantamento do nosso amor, a que não escapa a sua sempre maravilhosa expressão rítmica:




A NOSSA CASA É A CASA DO AMOR


Vivemos na casa do amor.
Aqui
não se conhece a abundância,
a dádiva é sem retorno,
a palavra é capaz de erguer a simples ternura.
Aqui o gesto constrói o longo abraço.
Um prato da sopa é dividido por dois,
o pão ázimo multiplica-se pelos dias sem sol.
Vivemos na casa do amor.
Aqui, não há fome.
O amor alenta mais do que a melhor iguaria.
Aqui, a abundância de bens é dispensada.
A sua vilania arrasaria depressa a casa do amor.
E nós queremos viver precisamente aqui.
Na casa do amor.
19/2/2022

Teresa Ferrer Passos

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

POEMA INÉDITO:


camélia da nossa varanda




CAMÉLIA BRANCA


Olhei a camélia sem mácula, toda branca, aveludada.
Semelhante a uma pérola, é imagem fulgurante, folheada.
Inverno, e o sol brilha na sua pureza de jaspe.
Sem da angústia dos seres se dar conta,
a camélia é vida plena. Ela é a visão da serena realidade.
Abre devagar as pétalas frágeis. Tem a vitória certa.
Tudo nela é claridade. Transparência. Luz que irradia, audaz.
A camélia, toda pura, sem saber o que são espinhos,
é força de alma a ensinar
que a singeleza é o único caminho.
E, nós, com corações humanos espantosos, como nos atolamos
em estéreis fontes secas e em fomes?

14/2/2022

Teresa Ferrer Passos

terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

Uma página de António Cândido Franco, em mais uma das suas excelentes biografias. A última que lemos, sobre o Poeta Mário Cesariny.

 

António Cândido Franco (1992)

«Sendo um movimento com características singulares, que se situava no domínio da aventura humana do autoconhecimento, e nunca se entenderá o ponto de partida do seu fundador sem tal compreensão, o surrealismo acabou por dar lugar a um imenso choque estético em variados domínios.

Ao procurar o funcionamento real do espírito, seu único propósito, o surrealismo recorreu à escrita e à imagem através do desenho, da pintura, da fotografia e do cinema que lhe serviram como instrumentos de fixação e de revelação do espírito, objectivo último da sua procura.»

António Cândido Franco, «O Triângulo Mágico - Uma Biografia de Mário Cesariny», Quetzal Editores, 2019, p. 63.