A Imaculada do Escorial de Bartolomé Esteban Murillo (1617-1682) |
Acorrentada à origem do mal, a mulher é acusada
de crime tremendo. Carrega uma provação.
Sofre o destino de transmitir o prepotente poder
do mal e com ele da própria morte humana.
Nefasta imagem paira sobre a mítica "Eva",
a mulher apontada no "Génesis" judaico
como a culpada. Não o homem, não o homem.
Os homens dizem, ao longo dos milénios,
a culpa é da mulher.
.................................................................
Porém, Deus interroga-se. Será ela a responsável
de tamanho desacerto, ou terei sido Eu
a cometê-lo na grande construção?
Sim, fui eu, reconheço.
Como desfazer tão injusta condenação?
E se eu incarnasse, se fosse homem e me condenassem à morte injustamente, para resgatar o peso de tal "fatum"?
Se me libertasse das minhas próprias leis?!
Num instante infinito, ouviu-se um clamor:
"Vou incarnar, vou lançar uma ponte para salvar
do anátema a Mãe de tantos inocentes".
E Deus olhou uma outra mulher, a puríssima Maria.
A sua sombra amplíssima talvez bastasse, se
ela aceitasse. E Maria disse: "Faça-se em mim".
Maria, foi a Imaculada mulher. Depois, o Filho,
com o sacro-ofício tornou-se o Redentor.
Foi assim que seu filho, Jesus,
tornou o bem mais poderoso do
que o mal e a humanidade pôde libertar-se dele
e da própria morte, Seguindo-O.
Houve um erro na Minha construção.
Por isso, Eu quero sofrer a Paixão até à morte.
Depois, vencerei a morte como humano e divino.
E a mulher "culpada" ganhava uma nova identidade.
Deixaria de suportar o peso da "culpa".
Maria e Jesus rompem com a morte e, ao alcance de todos,
a vida eterna eclode. Só que nem todos acreditaram.
E, para muitos, a mulher continua culpada...
Dia da Imaculada Conceição, 8 de Dezembro de 2020
Teresa Ferrer Passos
Sem comentários:
Enviar um comentário
Deixe aqui o seu comentário