África hoje

Dacar, Senegal

«A continuada exploração dos seus recursos, aliada ao paternalismo ocidental, sobretudo europeu, impedem o continente de caminhar pelos seus próprios pés. (...) África não precisa de tudo o que é importante para os países ocidentais para ser feliz! O continente de Mandela deve resistir à sua ocidentalização, preservando costumes, economia circular, cultura. Deixemos África ser África.»

Albino Brás, "Ajudar sem atrapalhar" in «Fátima Missionária», Julho 2019.

Para que serve a escola?

«Trabalham uns e eles assobiam, portam-se mal nas aulas e chateiam toda a gente, porque sabem que vão passar na mesma... Ninguém chumba no meu ano nesta escola, mesmo que faça porcaria e não aprenda. A directora diz que chumbar dá mau nome à escola... Que temos de acabar com o insucesso».

Ruy Ventura, "Uma fábrica de desigualdades" in «Público»27/6/2019 e Facebook

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É urgente tornar público o que se continua a passar nas escolas. Se não se fizer isso, as gerações de jovens sairão das escolas com uma sub-cultura e uma personalidade deformada pela experiência escolar. O poder público não pode continuar a querer inovar só para fazer novo, não para fazer melhor...

Teresa Ferrer Passos, Facebook, 28/6/2019

Festa do nascimento de S. João

Azulejo do século XVII

Memória de S. João Batista (Festa litúrgica a 24 de Junho):

   

«Isabel vai dar à luz um filho e chamar-lhe-ás João. Será grande aos olhos do Senhor. Será cheio do Espírito Santo desde o ventre de sua mãe. Irá à frente, adiante do Senhor» . Assim falava um anjo ao sacerdote Zacarias, casado com Isabel, já de avançada idade e estéril. Esta notícia foi recebida quando Zacarias estava no Templo de Jerusalém, no isolamento do santuário, e preparava a solenidade do incenso, antes de o povo chegar para o ritual. O espanto da notícia, pouco credível para a idade de Isabel, fê-lo duvidar. Não podia acreditar. Ao pretender falar, não o conseguiu. Ficara mudo. Comunicou por escrito o facto a Isabel. Porém, Isabel acreditou na revelação feita a Zacarias.»

Teresa Ferrer Passos, «João Batista, uma mística para o mundo» (palestra datada de 3/11/2014, proferida no Centro de Espiritualidade e Cultura de Lisboa)

Mundo adverso

A Festa de S. Tomás More celebra-se a 22 de Junho

«Mantém-te primeiro em paz e então poderás conduzir os outros à paz. Tem, portanto, em primeiro lugar, um zelo por ti.»

Thomas More (1478-1535) condenado à morte por desobediência ao rei Henrique VIII

O mundo adverso, o mundo infame, não merece mais do que ser desprezado. A esperança do acolhimento fica toda em Deus. Assim pensava com sensatez Tomás More.
   

(in Facebook, 22/6/2019

T.F.P.

"A arte de consolar"

«O que é específico da consolação [cum-solatio] é tornar-nos próximos uns dos outros – e de nós próprios: isso é o suficiente, sem a pretensão de nada, simplesmente dando abrigo, com a nossa presença, à passagem das horas, ajudando assim a carregar o peso que ciclicamente faz desmoronar a vida.(...)

Esta coisa que chamamos vida exige-nos a força de não sucumbir, ao crepúsculo, só porque não vemos como poderá, na escuridão mais cerrada, irromper a aurora.»

José Tolentino de Mendonça "A Arte de consolar" «Avvenire»,  18/6/2019 (in Pastoral da Cultura)

O deserto, esse mundo vasto que fascina quem vive numa cidade emudecida, incomunicável, surda, cheia de monólogos atroadores e que confrangem.

17/6/2019

Teresa Ferrer Passos 

Memória a Santo António de Lisboa (1195-1231)

Santo António em madeira estofada, datado do
 século XVIII, com o hábito de Franciscano,
 no Museu de Lisboa (antigo Museu da Cidade)

O santo sábio com as mãos escreve, com os livros pensa, com a alma a todos oferece uma palavra certa e um gesto vivo.

Ao pobre diz, eis o pão. Ao rico olha com compaixão. Ao doente, pede um ensinamento e ao são, ensina a dádiva da saúde. Ao desesperado, toca no ombro e ao feliz lembra a brevidade do tempo.

Uma palavra para cada um, pois todos são diferentes.

13 de Junho de 2019

Teresa Ferrer Passos

A descida do Espírito Santo - O Dia de Pentecostes

O Espírito chama, quando menos esperamos. É preciso estarmos sempre vigilantes para os seus apelos e segui-los. Os nossos podem ser enganosos, se não os confrontamos com os segredos e apelos do Espírito, a vontade de Deus.

   

11/6/2019

T.F.P.

Literatura e emoções

A revelação das emoções é sempre parcial, em termos de literatura. Há a expressão poética mascarada e a transparente. A surreal e a impressionista. A poesia é a expressão literária mais próxima das emoções. O romance ou o conto evadem-se mais do "eu" ao abarcarem um todo discursivo analítico, em vez duma parte não discursiva sintética.

7/6/2019

Teresa Ferrer Passos

Num penhasco um grito

Nos confins do mundo sou o penhasco

Caído no abismo de um céu infinito

Olhando a vida. Por um fio a olhando...

Respiro o silêncio azul a lágrima verde incolor

E repouso num mar sem verdadeiro repouso.

Leio o farol perdido na vertigem do instante

Ao beber o elixir doce dos dias amargos.

Sonho o breve sonho da hora sem sonho

No gozo dos olhos de um sol com a sede imersa.

E floresço na solidão das solitárias alturas

Como escuridão de luar na gruta escura

Grito o eclipse em voz sonorosa de apocalipse.

Num cálice secreto bebo em segredo a sicuta

E ainda grito.

Teresa Bernardino (ortónimo de Teresa Ferrer Passos),  Fragmentos de Sol, Lisboa, 1993, p. 44.

A Ascensão de Jesus ao céu

Ascensão de Jesus ao Céu e os discípulos

«É o seu gesto definitivo, a última imagem que nos resta de Jesus, uma bênção sem palavras, suspensa para sempre entre Céu e Terra» 

«Não existe no mundo só a força de gravidade para baixo, mas também uma força de gravidade para o alto, que nos faz erguidos, que faz verticais as árvores, as flores, a chama, que levanta a água das marés e a lava dos vulcões. Como uma nostalgia de céu.»

        M. Marcolini, "A força da gravidade que nos impele para o alto" in «Avvenire», 30/5/2019 (Fonte: Pastoral da Cultura)

Onde estamos

Transmitirmo-nos aos outros. O diálogo numa procura de nós em cada pessoa, é onde estamos. 

5/6/2019

T.F.P.

Na morte de Agustina Bessa-Luís (1922-2019)

Uma escritora em que cada palavra é um enigma e cada romance um modelo de sabedoria. Não recebeu o Prémio Nobel, como teria merecido.

3/6/2019 (dia do falecimento da Escritora)
T.F.P.

Numa singela homenagem, transcrevo, hoje, duas passagens de um dos seus livros mais excêntricos, dentro da vasta e profunda obra romanesca que nos ofereceu desde muito jovem, e que só a doença conseguiu suspender: 

  

«Se alguma vez houve ponto de encontro entre João de Patmos e Dürer foi nessa figura de Satã cuja destruição não apetece em absoluto e cuja terrível carcaça a terra há-de devorar. Mas lenta, lentamente; que com ela vão os sonhos infantis e a durável espécie do pecado, nosso companheiro até à ressurreição. Nada na vida dos homens é divino; o divino começa com o sentido do real, que Satã desencadeia com a desobediência, com o amor ultrajado pelo imenso peso da divindade»

«O Apocalipse é o Atlas dessa terra onde não há mais mar; isto quer dizer, onde não há mais abismos, nem monstros que neles vivam, ansiosos, do contra-senso do amor e do ódio»

Agustina Bessa-Luís, Apocalipse de Albrecht Dürer (esta obra debruçou-se sobre a Revelação de São João ilustrada e gravada no ano de 1498 por Albrecht Dürer em quinze xilografias), Guimarães Editores, Lisboa, 1986, pp. 98-99.

  

Aqui recordámos, no dia da sua morte (3/6), um excerto da sua primeira biografia de uma personagem histórica, Santo António de Lisboa:

       

«Ama os homens nos seus prantos e no riso também. Por isso, há um pouco de ambiguidade pagã na sua memória. Grande psicólogo, S. António demonstra o conhecimento da natureza humana, débil, timorata, fatigável; ele sabe que a maioria das pessoas necessita de ser conduzida até com certa frivolidade para o caminho de Deus. Pois o rei David, se dançava diante da Arca da Aliança recuperada aos seus inimigos, se ia dançando diante do povo, era para que ele se alegrasse no espírito da salvação, sem ter de o julgar uma condição da sua liberdade»

Agustina Bessa-Luís, Santo António,

Guimarães Editores,1973, p.78.

«Não procuremos Deus fora de nós. Não o procuremos como um fazedor de estrelas e de átomos. Procuremo-lo dentro de nós, como a voz que nos guia, como a voz que ouviremos com tanto maior nitidez quanto mais conseguirmos calar o eco interior das solicitações mundanas. "O Reino de Deus está dentro de vós", disse Jesus Cristo (Lc 17,21).»

Fernando Henrique de Passos (Coment no Facebook, 3/6/2019)

Um Papa herético?

O Papa Francisco em Fátima em 2017
(1º centenário das Aparições de Maria Santíssima)

Será o Papa Francisco, um Papa herético?

«Dezanove padres e académicos católicos persuadiram, através de uma carta publicada no site LifeSiteNews, os bispos a denunciarem o Papa Francisco como sendo um herege.

Um dos padres revelou que este é o último recurso tomado por eles “para dar resposta aos danos causados pelas palavras e ações do Papa”, que nos últimos anos “deram origem a uma das piores crises da história da Igreja Católica”.»

"Notícias Internacionais" in jornal «O Sol» (1/5/2019)

Refletindo sobre a questão:

1. É herético em algumas das suas tomadas de posição, ou, por omissão, em ausência de tomadas de posição? Um exemplo deste último caso será a actual Exortação Apostólica pós-sinodal "Cristo Vive", aos jovens, em que, como refere Albino Brás, Director da revista "Fátima Missionária" (Maio de 2019), o Papa Francisco "ignorou temas como as questões de género, aspetos da sexualidade dos jovens que os preocupam".

2. O Papa Francisco ao ignorar um tema como as questões de género ou da sexualidade, na ordem do dia, pode sujeitar-se a ser considerado herético por vastos sectores sacerdotais e do laicado. No entanto, consideramos que os factores em causa não são suficientemente fortes, para se poder concluir que o seja. Muitas vezes o que parece ser verdade, não o é. Não se deve julgar apressadamente. A pessoa não é uma parte, mas um todo. No todo, o Papa Francisco tem dado testemunhos que o tornaram já, um excelente seguidor de Pedro.

Teresa Ferrer Passos