segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Arquivo secreto


Tenho fotografias do milagre ─
Guardo-as na carteira, junto ao peito.

Quando parto em jornada atravessando o gelo
Preciso de as olhar com frequência
Para me lembrar da existência
Do doce planeta de onde todos vimos.

Tenho fotografias do milagre ─
Quem pode duvidar perante a evidência?

15/1/2017

Fernando Henrique de Passos

sábado, 14 de janeiro de 2017

Fotografia


Modelo atómico de Rutherford
 (1871-1937)

                                            Ao Fernando, no dia dos seus anos

a tua imagem escapa-se de um sonho antigo.
Sonho a apagar-se?
Não, é teu intuito dar-lhe vida.
A mística equação ergue-se devagar.
A realidade deforma e modifica.
E o sonho? Permanece aceso.
Fazes novos cálculos e ainda outros.
Estranhos, num real de tantas imagens,
fundos, largos, insuspeitos.
Uma direção habita o sonho antigo
que entre os teus dedos ganha asas.
E eis que agora não é apenas sonho,
mas uma fotografia a soltar-se de ti.

14 de Janeiro de 2017

                                    Teresa Ferrer Passos

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Os dois sonetos de amor da Hora Triste*


Maria Barroso (Maio/1925-Julh./2015) e Mário Soares (Dez./1924-Jan./2017)
Quando eu morrer - e hei-de morrer primeiro
do que tu - não deixes fechar-me os olhos 
meu Amor. Continua a espelhar-te nos meus olhos 
e ver-te-ás de corpo inteiro 

como quando sorrias no meu colo. 
E, ao veres que tenho toda a tua imagem 
dentro de mim, se, então, tiveres coragem, 
fecha-me os olhos com um beijo. 

Eu, Marco Pólo, 

farei a nebulosa travessia 
e o rastro da minha barca 
segui-lo-ás em pensamento. Abarca 

nele o mar inteiro, o porto, a ria... 
E, se me vires chegar ao cais dos céus, 
ver-me-ás, debruçado sobre as ondas, para dizer-te adeus. 

II 
Não um adeus distante 
ou um adeus de quem não torna cá, 
nem espera tornar. Um adeus de até já, 
como a alguém que se espera a cada instante. 

Que eu voltarei. Eu sei que hei-de voltar 
de novo para ti, no mesmo barco 
sem remos e sem velas, pelo charco 
azul do céu, cansado de lá estar. 

E viverei em ti como um eflúvio, uma recordação. 
E não quero que chores para fora, 
Amor, que tu bem sabes que quem chora 

assim, mente. E, se quiseres partir e o coração 
to peça, diz-mo. A travessia é longa... Não atino 
talvez na rota. Que nos importa, aos dois, ir sem destino.


                                           António Feijó (1859-1917)

* Poema lido por Maria Barroso em gravação-video,
 no dia do funeral de Mário Soares,
 no claustro do Mosteiro dos Jerónimos 

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Viemos adorá-Lo...



«Tendo Jesus nascido em Belém da Judeia, no tempo do rei Herodes, chegaram a Jerusalém uns magos (pagãos) vindos do Oriente. Onde está o rei dos judeus que acaba de nascer? - perguntavam. Vimos a Sua estrela no Oriente e viemos adorá-Lo.» (Mt 2, 1-2)

Ao verem a estrela celeste, seguiram-na. Este foi o primeiro apelo de Deus aos pagãos para prestarem homenagem ao Menino-Rei, ao Salvador do mundo.
Neste dia da chegada dos reis magos ao lugar do Nascimento de Jesus, o Cristo, todo o mundo, judeu, cristão e pagão, se encontrou num humilíssimo estábulo onde Deus e os homens coabitaram em paz.

6 de Janeiro de 2017, Dia de Reis
Teresa Ferrer Passos

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

Maria, Mãe de Deus


«Esta é a vontade de Deus, que tudo recebamos por Maria (...) tudo nos vem pelas mãos de Maria» 

                                     S. Bernardo de Claraval (1091-1153)